16 dezembro 2007

Quem são vocês?

Odeio auto-ajuda. Pra ser sincero, não gosto nem de quem gosta de auto-ajuda. Gosto menos ainda de quem usa a ciência, distorcendo-a, para "comprovar" preceitos de auto-ajuda. Pois é. Há algum tempo me disseram pra assistir o documentário Quem Somos Nós, que falava de física quântica, talz. Eu esperava algo do tipo daquela série de reportagens do Marcelo Gleiser no Fantástico, que era uma forma de simplificar a ciência para os mais leigos, mas sem tratá-los como idiotas, e muito menos usando má fé para fazer com que esses leigos sejam convertidos a alguma crença. Bom, é exatamente isso que este documentariozinho faz.

Em primeiro lugar, já vejo com alguma desconfiança quando documentários que pretendem apresentar especialistas não listam suas credenciais. Explicando melhor: credenciais não querem dizer nada. Quando eu estou debatendo com alguém, eu não ligo se o cara é um professor de Harvard ou um pedreiro. Eu ligo, sim, para o que está sendo dito, se é feito com lógica, etc. Mas eu sei que apresentar credenciais é praxe em documentários, justamente para que o espectador, que não vai DEBATER com o cara, saiba que ele é importante e saiba o que diz. Quando não se apresentam as credenciais, parece que as pessoas não são, digamos, as "mais especialistas" no assunto. Este documentário é exatamente isso.

Em segundo lugar, ele simplesmente distorce conceitos sobre física quântica, para que estes conceitos sejam aplicados à nossa vida! O que é isso, minha gente, distorcer as coisas e apresentar isso como se fosse ciência? Aliás, outra coisa, o negócio já começa de uma forma estúpida. É um filminho que fala sobre a história do embate ciência x religião. Todo aquele blábláblá acaba num resultado interessante, vejam vocês: a ciência PRECISA da religião, e vice-versa! Interessante, não? Ridículo. Isso é apresentado como se fosse uma verdade e ponto! Já fiquei meio assim.

O golpe mortal foi quando, ao explicar o conceito de dualidade partícula-onda (um elétron se comporta como onda, mas, ao ser observado, se comporta como partícula). Ele diz que o observador interfere na experiência. Neste caso, é verdade, pois para observar qualquer coisa, é necessário jogar algumas partículas nessa coisa. No caso de coisas grandes, as partículas de luz não fazem muita diferença. Ou os raios-x, ou ondas eletromagnéticas. Nada disso importa muito no mundo macro. MAS, no mundo subatômico, jogar uma partícula contra o que está sendo observado implica em alterações. Analogia: jogar uma bola de golfe num prédio não vai fazer o prédio mudar de lugar, não vai fazer o prédio se movimentar um único milímetro. Mas jogar uma bola de golfe em outra bola de golfe vai fazer uma diferença absurda, não é?

Pois é, essa analogia eles não fazem. Eles só vão até a parte de que o simples observar altera a experiência, o que é verdade. E aí, usam uma desonestidade que poucas vezes eu vi em minha vida: trazem este mesmo modelo ao nosso mundo! Dizem que, em nossas vidas, nós alteramos o ambiente em que estamos com o nosso pensamento. Tipo, pensar positivo traz coisas boas, e pensar negativo traz coisas ruins (daí pra frente, o negócio só gira em torno disso: pense coisas boas, e coisas boas acontecerão). Usam a ciência para fazer com que os leigos achem que a ciência VALIDA essas crenças! MENTEM. ILUDEM.

Fora uma das coisas mais engraçadas, que simplesmente deixa evidente que se trata de crença: tem uma hora que um cara diz, com outras palavras, que é idiotice acreditar que existe um deus que fica vigiando as pessoas, e pune quando se sente ofendido, que quem acredita nisso está errado. O certo é acreditar em pensamentos positivos. Eu quase ri nessa hora. Me fala se isso não parece um crente tentando converter alguém... Pior: em nome da ciência!

Poucas vezes eu não consegui assistir um filme ou um documentário até o fim. Eu sou bem paciente. Mesmo quando o negócio é ruim, como SuperSize Me (aquele documentário sobre o McDonalds, onde o cara come em um mês o que uma pessoa normal comeria em 8 anos), eu assisto até o fim. Esse não deu. Sério, eu fico nervoso vendo essas coisas. O problema não é nem falar da sua crença. Novamente, é usar a ciência para dizer a quem não conhece de ciência que a ciência comprova que sua crença é verdadeira!

Quem Somos Nós é ridículo. Não é ciência. Pensamentos positivos são tão funcionais quanto astrologia. Quer assistir, assista. Mas não faça como tantas outras pessoas que acreditam naquilo como se fosse ciência, e depois se metem a discutir teorias de física quântica aplicada ao relacionamento humano! Por favor...

27 novembro 2007

Preconceito é o dos outros

Interessante a entrevista com o "educador" mineiro Tião Rocha, que vê o ensino convencional como um cadáver. Concordo com ele em alguns pontos. Só que ele é como o Alex Castro disse uma vez sobre a esquerda: é boa para identificar os problemas, mas uma negação na hora de propor soluções.

Primeiro que o rapaz (nem tanto, tem 59 anos) diz que a escola convencional é, veja só: branca, cristã, elitista, excludente, seletiva, conformada. Uma grande bobagem. Em primeiro lugar, esse "branca" é puro preconceito. Qualifique algo negativo como "negro" e você vai ver a reação das esquerdas militantes furiosas. Ah, mas preconceito ao contrário pode.

Em segundo lugar, esse "cristã" segue o mesmo esquema. Como todos sabem, eu acho religiões ridículas. Mas uma certamente não é melhor do que outra. Talvez tenha escapado ao educador que 92% da população brasileira é cristã, 80% católica e talvez por este pequeno detalhe a moral e os bons costumes são, adivinhem..., cristãos! Não é só a escola que é cristã. TUDO é cristão no Brasil.

Seguindo, os termos "excludente" e "seletiva" são complementares. Não dá pra ser seletivo sem ser excludente. Ser seletivo É ser excludente. E claro que a escola é assim, como o mercado de trabalho também é, como a família também é, como, enfim, qualquer coisa é assim. A humanidade é assim. E isso não é só no Brasil. Qualquer país possui critérios que selecionem os melhores. Em qualquer país, a força de trabalho é classe média, ensino médio, enfim, é a imensa maioria da população. Os melhores são, vejam só, selecionados. Os não-melhores são excluídos das "regalias" dos melhores, como fazer um mestrado no exterior pago pelo governo, por exemplo.

Não entendi pq a escola é elitista. É elitista por ser seletiva e excludente (elite significa a nata, os melhores). Se for neste sentido, então o termo é repetitivo. "Seletivo" já explica "elitista". Agora, se a intenção do educador é dizer que a escola vangloria a riqueza, bom, aí tudo bem, é um adjetivo diferente de "seletivo". Porém, qual é exatamente o problema nisso? Prefiro gente que vanglorie a riqueza e faça por merecer do que gente conformista.

O que nos leva ao último adjetivo: conformada. Esse ele explicou o que quis dizer:
"A escola não permite inovação. Ela é reprodutora da mesmice. (...) O conteúdo da escola está pronto e acabado. Os meninos que vão entrar na escola no ano que vem, independentemente de quem sejam, aprenderão as mesmas coisas, do mesmo jeito. Aprendem o que alguém determinou que tem que ser aprendido."

Concordo em partes. Poucas partes. Não há muito espaço pra mudar o que vai se aprender em matemática, português, história, geografia, etc. Como se inova a História? Como se inova a Matemática? A não ser que alguém descubra alguma fórmula nova, ou um sítio arqueológico identifique uma nova informação, não há o que mudar (a não ser para os esquerdistas, que tentam reescrever a história, certo?). O que quer dizer com isso é que eu concordo que a escola precisa mudar o foco na hora de ensinar. Ou seja, eu acho que é preciso mudar A FORMA COMO as coisas são ensinadas. Já o educador acha que é preciso mudar AS COISAS que são ensinadas.

E, para finalizar, vejamos a explicação a respeito daquele adjetivo racista "branca":
"Por exemplo, eu nunca tive aula sobre os reis do Congo, mas tinha aula sobre todos os Bourbons, reis europeus."

Entenderam? Ele nunca teve aula sobre os reis do Congo, que mudaram o rumo da História mundial! Já os Bourbons, que não tiveram importância nenhuma na História, sobre esses ele aprendeu. Sabem pq? Pq os reis do Congo eram negros e os Bourbon brancos. Claro! E ele ainda quer mudar o que se aprende...

É óbvio e claro o viés esquerdista, exatamente aquele tipo que desestimula a competição, como se ela fosse má. É esse o tipo de gente que quer reescrever a história, dizendo que Mao era adorado, etc. É por esse tipo de gente, que acha que aprender o que é um hectômetro é algo inútil, que estamos no terceiro mundo, num lugar que apenas consome tecnologia, incapaz de produzir. Afinal, para produzir tecnologia, é necessário saber o que o "hecto" do "hectômetro" significa. Já para consumir, não precisa saber nada. Ou melhor, saber sobre os reis do Congo já é mais que suficiente!

23 novembro 2007

O Refúgio do Canalha - Parte 2

Continuando...
O cúmulo da canalhice, porém, veio da escola de samba Vai Vai, e aí eu não pude me conter. Primeiro,
leiam isto, e sintam-se à vontade para procurar outras referências. Não acreditem em mim. Vejam que coisa engraçada. Uma pessoa que não aguenta o barulho demonstra as contravenções da escola de samba. Vejam que, num primeiro momento, o "dono" da escola tenta argumentar: disse que está há 77 anos no bairro, que o lugar deles é lá, enfim, faz todo um showzinho emocional-nostálgico. Obviamente, o argumento é pífio, já demonstrado pelo autor daquele post.

Comprovado que a escola desrespeita os moradores com um volume acima do permitido por lei, e desarmado do argumento da antiguidade, o que faz o acusado? Apela para seu último refúgio: contra-acusa o seu acusador, para tentar desmerecê-lo, já que é incapaz de desmerecer seus argumentos. Talvez o cidadão acusador seja um bom cidadão, paga seus impostos, etc, e portanto o acusado não tem como desmerecer o sujeito de outra forma, ou talvez o acusado seja preguiçoso para verificar o passado do acusador e desmerecê-lo de uma forma mais "honesta". Tanto faz, o que importa é que o acusador passou a ser acusado de racismo!

Reparem que o tal da Vai Vai nem tenta argumentar. Com a simplicidade de quem diz que o céu é azul, acusa uma pessoa de cometer crime de racismo! Sequer argumenta COMO e QUANDO esse "crime" foi cometido. Apenas acusa. Não tinha para onde correr, não tinha argumentos. Correu para o último refúgio! É um canalha! Será que ele responderá pela calúnia? Ou será que um negro pode chamar alguém de racista à vontade sem ser punido? Enfim, a Constituição, que diz que todos são iguais perante a lei, é ou não é a base da democracia brasileira?

O engraçado é que, voltando aos militantes e passando por esse senhor canalha da escola de samba, pessoas, na maioria das vezes acreditam de boa-fé, usadas como massa de manobra, que são cidadãos de segunda classe por causa da cor da pele. E aí entra a militância a exigir uma reparação, fazendo com que o resto, os que têm a pele de outra cor, esses sejam os cidadãos de segunda classe em coisas objetivas, como um vestibular, por exemplo.

Vários autores, dentre eles cito Ali Kamel, já demonstraram que o preconceito que existe no Brasil é contra pobres, preconceito que acontece dentro das próprias classes baixas, não contra negros.

E universidade não é lugar de se fazer "justiça social". É lugar onde a excelência acadêmica faz o país avançar. Os melhores, independentemente da cor da pele, devem fazer parte desta excelência.

21 novembro 2007

O Refúgio do Canalha - Parte 1

Segundo Samuel Johnson, o patriotismo é o último refúgio do canalha. Millôr Fernandes complementa: A pátria é o primeiro refúgio do canalha. Até concordava, talvez com alguma reprovação, até pq nem tinha parado pra pensar muito nisso. Bom, ainda não pensei, mas já descobri que definitivamente o patriotismo pode ser um refúgio dos canalhas, mas não é o último. O racismo está na moda. E às vezes é logo o primeiro!

Não, não é o, digamos, racismo ativo. É a simples acusação. Acusar o oponente de ser racista praticamente o desqualifica imediatamente, a despeito dos argumentos da discussão. Eu já havia visto tal coisa em qualquer tentativa de implantação de cotas em universidades. É assim: a universidade vai bem, tudo numa boa, negros e brancos convivendo harmoniosamente, as pessoas entram sendo capazes de passar no vestibular, independentemente da cor da pele, coisa e tal. Aí um grupo organizado e militante, normalmente vinculado a algum partido político de pseudo-esquerda (PT, PSTU, PCB, PC do B, etc), resolve lutar pelos diretos dos negros de entrar naquela universidade (como se houvesse uma universidade em que negros não entram!).

Aí, mais que misteriosamente, donde outrora havia harmonia surge a discórdia entre "raças". Misteriosamente pq nunca ninguém descobre de onde vieram pichações com frases incitando essa discórdia. De repente, parece que estamos em Berlim, 1937, e onde havia um muro limpo num dia, no outro há uma frase mandando os negros para a cozinha, essas coisas. Parece até que existe uma sucursal da KKK dentro de cada universidade, e cada célula permanece inativa até que o BEM aparece, e o MAL resolve mostrar a "cara". Aspas, pq, como eu disse, nunca descobrem os autores das pichações, que só servem mesmo para que aqueles militantes que já citei digam: "vejam só como a sociedade é racista", e por aí vai.

Claro que pode mesmo existir grupos organizados que militam contra os negros e acham que o lugar deles é na cozinha, etc. Esses grupos devem ser banidos e seus integrantes devem ser expostos ao ridículo (e, de repente, à forca, quem sabe...) em praça pública. Mas não é estranho que, enquanto o ingresso à faculdade fazia-se exclusivamente pela capacidade do indivíduo e, portanto, negros já faziam parte do corpo discente, esses tais grupos ficavam quietos? Ora, se eles são contra o ingresso de negros, e negros ingressam, eles ficavam quietos? Qual a lógica? Eles aceitam um pouco de negros, mas muitos, aí não, aí o lugar deles é na cozinha? É estranho. Mas começa a ficar claro quando sabemos o quão sujo partidos de esquerda podem jogar, não é mesmo?

Ok, continuando. Vocês devem se lembrar daquela briga entre estudantes, alguns africanos, na UnB, não se lembram? Se não se lembram, procurem no Google. A coisa era simples: estudantes que faziam muita bagunça atrapalhavam estudantes que faziam menos bagunça, e deu briga. Até aqui, nada demais, isso acontece em todo lugar. Eu mesmo estou sendo ameaçado (juntamente com meus colegas) de banimento no prédio onde minha república fica. Um dos meus colegas é negro. Se fôssemos mais de um, a coisa poderia ser diferente, como foi na UnB. A briga lá virou uma questão ideológica. Era racismo. Os africanos estavam sofrendo com o preconceito, estavam sendo agredidos por racistas, etc. Ah, nem vou falar muito disso, é ridículo demais. Apenas encerrando, adivinhem se os movimentos de afirmação, vinculados ao partidos de esquerda, não foram lá "adotar" esses "oprimidos"...

Já são dois exemplos. Vi essas duas situações (no caso das cotas, mais de uma vez, no caso das brigas, vi na UnB, e aqui pertinho, em Sto André, mas aí não houve a dimensão nacional do caso de Brasília), e fiquei na minha, não achando que valia a pena escrever sobre isso. Até então, não havia nada além da canalhice que já envolve o partidarismo (reiterando, essas militâncias são partidárias de gente que não tem lá muito caráter ou escrúpulo, como desde mensalões a crimes contra a humanidade provam aí pelo século XX até hoje).

continua...

12 novembro 2007

Tropa de Elite - Parte 3

A esquerdização das universidades - parte 2
Vamos colocar da seguinte forma: a sociedade tem duas margens. Os que efetivamente não seguem o establishment , os bandidos, os que ferem as liberdades de outros cidadãos, e os que seguem, mas desejam mudá-lo, criar uma nova ordem. Esse segundo tipo são os teóricos. E onde eles estão? Pois é, nas universidades. Os jovens são sempre contra o establishment. Os velhos já se acostumaram ao sistema, os jovens ainda têm esse ímpeto que revoluciona. Por outro lado, os velhos têm a experiência, e os jovens não querem perder tempo pensando. Isso é bom, pois, no geral, são os jovens que trazem mudanças, e a maioria das mudanças são boas.

O problema é unir esse ímpeto juvenil com a idiotice de alguns teóricos. O ideal seria a experiência dos mais velhos conter o ímpeto juvenil, e o ímpeto juvenil movimentar a estagnação dos mais velhos, o que levaria tudo a um equilíbrio positivo. Mas não, o Brasil é traumatizado, a direita é má, vamos dar ouvidos a tudo que a esquerda diz, eles é que são bonzinhos, etc, e, depois da redemocratização, quem era de direita simplesmente não tinha condições de continuar lecionando. Em 1995, quando cheguei à quinta série, todos os meus professores de geografia e história já eram de esquerda, e contavam a história deturpada, exaltando os valores da revolução soviética, colocando tudo como uma luta de classes, como se a sociedade fosse dividida em preta e branca, sem tons de cinza.

Ora, sabemos, por Gramsci, como deve ser a revolução sem violência: pela educação. Reescrevendo a história. E hoje a primeira geração verdadeiramente pós-redemocratização chega à universidade. No geral, é uma geração apática, que aguarda um super herói (resultado da esquerdização, que prometia mundos e fundos em sistemas diferentes, essas coisas). As pessoas clamam por mudança, mesmo sem saber exatamente o que deve mudar, o que está errado, qual é o caminho certo, se há um caminho certo. Lula foi eleito prometendo mudar - não dizia o que. Assim é fácil.

Essa geração, que chega à universidade, não tem oponentes. Não tem um sistema que cerceia sua liberdade de expressão. Não tem como mostrar aos filhos foto brigando com a polícia, mostrando como é revolucionário. É uma juventude, no geral, frustrada, por ter acreditado tanto em professores que pregavam o caminho para a terra prometida. Eles precisam de um oprimido! Mas não há mais opressor, o que fazer? Criar um: o pobre. O oprimido, que antes era o que queria liberdade de expressão, agora é simplesmente o pobre. O pobre pode ser bandido, mas, nesse caso, é justiça social. As leis nunca valeram para a esquerda e seus oprimidos, e continuam não valendo, como vimos no episódio do assalto de Luciano Huck.

O filme Tropa de Elite simplesmente mostrou isso: jovens que precisam de um opressor para chamar de seu, e escolhem a polícia para ser esse opressor mau. Jovens que vêem a polícia como inimigos. Quando alguém pega um fuzil, atira contra policiais, e acabam matando alguém que não tem nada a ver, a culpa recai sobre a polícia, e fazem passeatas contra a violência. Nunca contra o traficante. A maioria das vezes contra a polícia. No máximo, quando é claramente evidente que a polícia não teve nada a ver (caso de João Hélio), a culpa recai sobre...a sociedade. Nunca sobre os que cometeram o crime, pois esses são os neo-oprimidos, os coitadinhos que não tiveram outra opção a não ser pegar uma arma e vender drogas, ou roubar quem não teve outra opção a não ser trabalhar e pagar impostos (pois sua moral não permitiu roubar nem vender drogas).

Na verdade, parece que é natural do brasileiro ser condescente com tudo, aceitar tudo, como se, no fim, cada um de nós sempre tem uma culpa a carregar. Como se eu fosse obrigado a sentir culpa por ser um privilegiado pelas coisas que eu possuo, como se isso não fosse graças a uma série de fatores que somente aconteceram graças exclusivamente a mim mesmo, e outros fatores, menores, que dependem até da sorte. Quando eu era mais novo, ouvia que a diferença de colonização entre nós e os americanos é que nos destinou ao terceiro mundo. Depois vim a saber que, em 1900, tanto na questão econônica quanto na militar, Brasil e EUA estavam em paridade. O que nos fez perder, e o que os fez vencer? Talvez a ética protestante e o espírito do capitalismo, e a culpa infinita da doutrina cristã ajudem a explicar muita coisa. Talvez...

08 novembro 2007

Tropa de Elite - Parte 2

A esquerdização da Universidade - parte 1
O texto ficou longo e em alguns momentos parece tratar de dois assuntos ao mesmo tempo. Bom, é isso mesmo, ele faz um apanhado geral, por isso, por vezes, parece não ter conexões, mas tem. Infelizmente não acho que eu consiga ser mais específico, mais detalhista, mais claro que isso sem escrever um livro, ou uma tese. Mas isso é um blog! Ah, nem reli, tá do jeito que escrevi!

O fim da ditadura militar brasileira começa a dar frutos ideológicos agora. Já se vão vinte e poucos anos da redemocratização. Vamos fazer um pequeno passeio por esse tempo e analisar a moral e os bons costumes brasileiros. Falo isso por ter passado por isso. Eu nasci em 1983, tinha 6 anos quando Collor foi eleito, o primeiro presidente eleito no voto direto. Passei pelos anos 90 compreendendo o mundo primeiro como uma criança, apenas observando, e foi nos anos 90 que comecei a te idéias próprias.

Depois de adulto, pude rever os acontecimentos com outros olhos, e comparar as coisas que vivi com o que de fato aconteceu. Isso é sensacional, pois eu SEI o que aconteceu, não apenas li num livro. A minha geração PASSOU por isso sem ter idéias pré concebidas. As gerações anteriores tinham lado: eram comunistas, ou eram liberais, enfim, e a geração que se segue apenas lerá em livros que, como sabemos, valoriza mais a esquerda (e mente muito pra isso) do que os fatos propriamente ditos.

Depois da redemocratização, o Brasil viveu uma festa. É fácil ver isso assistindo às aberturas de novelas dos anos 90. Imagine uma mulher nua em horário nobre. Pois é, hoje é impensável, a Globo já leva porrada por mostrar mulheres seminuas. Se mostrasse a abertura de Pedra sobre Pedra, o programa seria obrigado a passar depois das 23h. Em 1992, era às 20h em ponto. Falo da TV por ser um retrato do que a sociedade tolera. Existia um medo da volta dos militares, do fim da liberdade de expressão.

Pois bem, a direita estava estigmatizada, com toda a razão, e a esquerda dominou a cena. Não por ser melhor do que a direita, mas simplesmente por ter sido sua maior opositora. Se a esquerda tivesse vencido (falamos de MR-8, José Dirceu, a base do PT), teríamos uma outra ditadura. Claro que a queda da União Soviética, coincidentemente no mesmo período, teve um importante efeito: transformou muitos radicais em moderados. Pois bem, onde ficaram os radicais? À margem da sociedade.

continua

28 outubro 2007

Novidade básica

Minha filha nasceu!

MINHA FILHA NASCEU!!!!!!!!!!!!

25 outubro 2007

Eu é que mando nessa porra!



E senta o dedo nessa porra!

Reinaldo Azevedo, parte 2

Lembrem-se: Reinaldo Azevedo, politicamente, é inteligentíssimo! Conhece e sabe usar a lógica. Desmascara mentiras. Como fez neste post, mostrando que os petistas mentem sobre os números do investimento das subprefeituras, enquanto os jornalistas apenas repetem a mentira, mesmo quando confrontados com a verdade. Um ótimo exercício da lógica, da argumentação clara. Parabéns, Reinaldo.

Ah, mas claro, aí ele resolve sair das questões políticas e falar novamente de questões que, digamos, esbarra em valores puramente morais e religiosos. Aí o rapaz é uma besta quadrada. Toda aquela lógica maravilhosa vira pó.
Este post, o que pulveriza a lógica, está exatamente abaixo do anterior, onde a lógica foi respeitada.

Por exemplo: Reinaldo afirma, já faz algum tempo, que a criminalidade em São Paulo é menor do que no resto do Brasil exatamente por prender mais. A população carcerária de São Paulo é a maior, e o número de homicídios para 100 mil habitantes é um dos menores, e caindo. Até aqui, tudo perfeito. Se prendermos os que desobedecem a lei, eles estarão...presos! Sabe-se que a impunidade é uma das características que mais faz pessoas desrespeitarem a lei. Prender é punir, e isso, claro, é uma das coisas que diminui a criminalidade.

Até aqui, tudo certo. Porém, quando o governador do Rio diz, embasando-se no livro Freakonomics, que a legalização do aborto tem sim a ver com a diminuição da criminalidade, a toda a lógica acaba. O governador ainda diz que, legalizando-se o aborto, as meninas pobres também terão acesso, já que hoje as meninas de classe alta se viram, mas as pobres não tem o que fazer, e acabam dando a luz a crianças que, por suas condições, tem muito mais chances de se tornarem criminosos. A lógica do governador é irretocável. Embasada por estatística.

Bom, todos sabemos que existem vários fatores que determinam os índices de criminalidade. Reinaldo está certo ao falar da punição ao infrator, e o governador também está, ao falar das centenas, talvez milhares de crianças que são geradas sem que seja a vontade da mãe e depois, abandonadas, são perdidas para o tráfico. E, com toda a certeza, existem muitos outros fatores, não somente esses dois. É exatamente nesse ponto que a lógica de Reinaldo desmorona.

Vejam lá o que diz Reinaldo a respeito da tese do livro, mencionada pelo governador: "Ele transforma o que, lá, é, no máximo, uma correlação (entre a legalização de aborto e a diminuição da criminalidade) — na verdade, um chute — em uma relação de causa e efeito". Em primeiro lugar, não se trata de um chute. Sim, existe a correlação. E não, o governador, em momento algum, sugere que seja relação de causa e efeito. Ou seja, a tese de Reinaldo, a respeito da punição, essa não é uma correlação, e sim relação de causa e efeito. Já a dos outros, é chute, é só uma correlação. Cadê a lógica, meu filho?

Isso sem falar que, sempre, Reinaldo refere-se ao aborto como assassinato, homicídio, etc (já tratei disso
aqui). É uma falácia, um absurdo vindo de alguém que se orgulha de ser tão lógico. Para matar a pau, ele diz, sei lá de onde tirou isso, que "O crime, então, seria uma conseqüência dos abortos não-feitos". Acho que ele REALMENTE entendeu que o governador dizia se tratar de uma relação de causa e efeito! Só assim mesmo pra dizer uma asneira dessas! Entre muitas outras.

A questão das drogas, eu nem vou comentar. Pretendo falar dessa questão na série de posts sobre o filme Tropa de Elite, já que um dos temas é exatamente o papel do usuário nessa guerra que é o tráfico. Mas adianto que acho a tese de Reinaldo absurda.

Sabe o que é triste? É que eu gosto dele! Quando fala de política, ilumina! Quando sai desse tema, aí a lógica acaba, ou melhor, transforma-se numa lógica "religiosa", pautada pela igreja. Eu realmente não tenho modelos. Reinaldo é uma das pessoas mais lógicas que eu conheço, mas até certo ponto! Infelizmente, a lógica pode levar a resultados que mostram que os valores morais são ridículos e não fazem o menor sentido! É difícil, pra um religioso, ou pra uma pessoa muito presa ao que vão pensar dele, o que vão dizer dele, o que a sociedade acha, etc. se liberar disso e seguir apenas a lógica.

23 outubro 2007

Programas superficiais em TVs superficiais

A sra. acimadedeus e eu estávamos assistindo TV ontem à noite, vendo uma matéria totalmente superficial, em um programa que parece que é feito só de chamadinhas (tipo: nosso repórter fez uma espetacular viagem à lua e a todos os planetas do sistema solar, tirou fotos, colheu depoimentos dos moradores, saltou de bungee jump em Jupiter, onde a gravidade faz a velocidade do salto ser 1 bilhão de vezes a da Terra, e comeu iguarias do outro mundo. Aí você fica esperando a reportagem, e, bom, já foi, era só aquilo).

A matérial superficial em questão era sobre neonazistas no bairro de Santo Amaro.

Aí o repórter pergunta pra um neonazista:
- Qual o objetivo de vocês?
Neonazista:
- Lutar contra a raça menor.

Aí a sra. acimadedeus:
- O que ele falou?
Eu:
- Acho que eles querem lutar contra os chiuauas.

*solo de bateria*

21 outubro 2007

Tropa de Elite - Parte 1

A violência policial
Bom, vou começar falando sobre uma coisa comum, principalmente entre os jovens, que é a idéia de que a polícia é inimiga do cidadão. Não é. O policial é uma pessoa como qualquer outra, mas em sua profissão corre um risco muito maior do que em qualquer outra. Sendo uma pessoa como qualquer outra, ela também age por conceitos e pré conceitos. Todos nós temos isso, e é isso que nos faz e faz qualquer outro animal sobreviver: uma idéia pré concebida sobre algo. Foi graças ao preconceito que chegamos até aqui.

Antes que pareça que estou defendendo um crime, melhor fazer uma explicaçãozinha. Conceito é uma idéia que uma pessoa tem sobre algo. Preconceito, portanto, é uma idéia que a pessoa tem sobre algo ANTES de conhecer esse algo. A palavra é conhecida apenas pelo aspecto negativo, mas o preconceito pode ser positivo tbm. Digo, eu posso falar BEM de algo que eu não conheço. Isso também é preconceito. Eu posso sentir medo de algo que não conheço, e manter-me afastado dessa coisa. Ou seja, preconceito não necessariamente é uma coisa ruim. É auto-proteção. É desse preconceito que estou falando, não de discriminação.

Voltando ao policial. Ele conhece as estatísticas. Sabe que é numa favela que estão os criminosos mais violentos. A chance d'ele levar um tiro na Av. Paulista é mínima; nula se comparada à chance de levar um tiro subindo uma favela. Onde ele vai ficar mais tenso? Ora, novamente: o policial é uma pessoa como qualquer outra! Seu trabalho é servir e proteger a população. Os inimigos da população estão no meio da população. Na testa do bandido não está escrito BANDIDO.

Pq o policial trata bem as pessoas na Av. Paulista e não em, sei lá, Paraisópolis? Pq uma pessoa tensa fica na defensiva! A chance dele morrer em Paraisópolis é infinitamente maior do que na Av. Paulista, onde ele consegue ficar mais relaxado. Podemos culpá-lo por isso? Por esse preconceito, que é o que salva a vida dele? Podemos culpá-lo por ser humano?

É fácil culpar qualquer um por qualquer coisa sem um padrão. Se você está indo trabalhar e a polícia está fazendo uma blitz, é claro que você vai ficar puto, eles estão causando trânsito, estão atrapalhando, etc. Claro, pensando exclusivamente em si, você está sendo prejudicado. Mas a polícia não está fazendo isso para pegar bandido? Se um desses bandidos, que iria passar se a polícia não fizesse a blitz, roubasse seu carro, você iria culpar quem por isso? A polícia, que não pega bandido.

A polícia é inimiga do bandido, que é inimigo do cidadão, da sociedade. Particularmente no filme, a polícia é violenta com os bandidos, para proteger a população. No livro que inspirou o filme, inclusive, um dos ex-integrantes do BOPE deixa claro coisas do tipo: se vc vai evocar os direitos humanos para situações como as descritas, melhor parar de ler o livro. Ora, é claro que a polícia é violenta quando não sabe se está ou não ameaçada, e mais violenta ainda quando sabe que ESTÁ.

O correto seria o criminoso ser preso, julgado, e condenado. Se ele quisesse, poderia delatar seus companheiros. Acho que não ia querer. Depois de dois ou três anos, estaria solto, rindo do policial que o prendeu, das vítimas de seus crimes, e voltaria exatamente para o lugar de onde veio. O problema de tudo isso é que, numa guerra, não há tempo para esse tipo de coisa. Isso serve para o estado de direito, não para o estado de guerra.

Há um problema nessa força excessiva. Os bandidos, sabendo que vão morrer, lutam cada vez mais. Se antes, encurralado, ele se entregava sem resistência, agora vai dar tiro de fuzil pra tudo que é lado pra tentar, já que a morte é inevitável, levar alguém com ele. E numa dessas vai bandido, policial, e crianças que levam balas perdidas.

Também existe um problema em ver normalidade na excessiva força policial. É que esse é o primeiro passo rumo ao totalitarismo e ao estado policial. É muito bom ver a polícia fazendo isso com os outros. Quando ela começa a nos atingir, nos sentimos como o cara que chegou atrasado no trabalho por causa da blitz. Eu sinto um pouco de medo quando concordo de forma tão veemente com alguma coisa que envolva força e falta de liberdade. Mas fico mais sossegado por lembrar que isso é um estado de guerra, e, espero, seja passageiro, e possamos voltar ao estado de direito, onde as leis serão seguidas. Será que estarei vivo até ver isso? Será que a guerra é o melhor caminho para a paz?

Tropa de Elite - Prólogo

Acabei de assistir Tropa de Elite. Uau, que filmaço! Tenho muito o que falar:
- o papel do usuário na guerra contra as drogas
- o estilo "jeitinho brasileiro" institucionalizado
- a esquerdização (ou burrização) de universidades
- a violência policial

Os textos ficarão grandes, mas, acredito eu, valerão a pena. Ao menos, me vale a pena escrevê-los. No próximo post vai a primeira parte, sobre a força policial.

20 outubro 2007

O Mais Perfeito Idiota

Já vou falar de Tropa de Elite. O texto tá quase pronto. Mas preciso falar de outra coisa, urgente! Este é um post rápido e quase um desabafo.

Eu sempre tive a certeza que os idiotas existem. Tipo, existem algumas pessoas que eu acho idiotas, mas sei que é só o meu ponto de vista. Mas hoje, na faculdade, tive a CERTEZA que existem pessoas ABSOLUTAMENTE idiotas, ou seja, independente do MEU ponto de vista. É idiota e ponto final.

Bom, o cara em questão é um babaca que não pára de falar. Mas não é que ele conversa na aula. Isso eu faço. Ele conversa com o professor! Durante a aula! Parando a aula pra fazer piadas idiotas. Ele RESPONDE perguntas retóricas. Isso em todas as aulas.

Pois é. Mas não contente com isso, veja a IDIOTICE que o ANIMAL fez hoje: o professor explicando a diferença entre sistemas, e citou como exemplo o sistema respiratório. E fez a pergunta (retórica, apenas): "vcs acham que a perna faz parte do sistema respiratório?". Não é que o idiota ficou uns 10 minutos querendo argumentar que sim, a perna pode fazer parte do sistema respiratório, pq usa o oxigênio que o sangue traz! DEZ MINUTOS ARGUMENTANDO QUE A PERNA FAZ PARTE DO SISTEMA RESPIRATÓRIO!

Ele é um universitário em uma faculdade federal. Será que ele REALMENTE acha que a perna faz parte do sistema respiratório? Claro que não. Isso não faria dele um idiota, apenas burrinho. O que faz dele um idiota é o fato de que ele não acha, mas simplesmente quer aparecer! Quer, de qualquer jeito, causar, relativizar as coisas ao extremo do ridículo! Tá, tem outras pessoas no mundo que gostam de aparecer também, mas com um objetivo: ganhar dinheiro, fama, algo assim. Lá ele não vai ganhar nada disso! Só desprezo! ISSO faz dele um ABSOLUTO idiota!

Ê mundão velho, hein! Cada dia aprendendo coisas novas! Lição do dia: não seja um absoluto idiota! Eles existem...e assustam.

16 outubro 2007

Lula e o ditador

Viram lá o noço presidente na África, falando com ditadores e enaltecendo a democracia? Não, não estava passando uma dura neles, não! Estava é congratulando o método democrático deles! Bom, pra quem gosta de Fidel e Chávez, não é mesmo? Por isso que eu digo: o PT não instaura uma ditadura pq não PODE, não pq gosta de democracia. Aliás, os discursos de posse ilustram bem isso. Como ele ganhou, disse, ficou provado que o povo votou por conta própria e não foi manipulado. Se tivesse perdido, seria pq o povo foi manipulado pela mídia golpista.

Bom, assisti dois filmes nesse feriado que quero comentar. O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias e, claro, Tropa de Elite. Vou falar mais de Tropa de Elite, claro. Mas já adianto uma pergunta: QUEM foi o IDIOTA que decidiu que O Ano...Férias é que vai competir pelo Oscar, e não Tropa de Elite? QUEM? QUEM??? Fanfarrões...

Ah! Que bonita essa mídia golpista, vejam só: a Fiesp reuniu 15 mil pessoas no Vale do Anhangabaú para um show com vários artistas contra a CPMF. O que a Folha noticia? Em primeiro lugar, nota que o público ficou muito, muito aquém do esperado (mas quem foi o idiota que resolveu fazer isso numa terça-feira?). Depois, noticia que os artistas (na verdade, foram três, mas pela chamada parecia que eram todos) não sabiam nada sobre a CPMF. Depois, entrevistou o povo, e pôde inferir que este também não sabia do que se trata a CPMF, e todo mundo foi mesmo pra ver o artista preferido. Como não poderia faltar, e para coroar tudo isso, questionaram (sabe aquele questionamento que é mais uma afirmação do que uma questão?) os artistas se o povo não estava sendo usado como massa de manobra.

Isso sim é mídia golpista, hein! Imaginem se fizessem isso com as organizações da CUT, aquela papagaiada toda do dia do trabalho, enfim, qualquer passeata movida a artistas populares, hein! Imagina, entrevistar o artista perguntando se ele não acha que estava sendo usado pela CUT para manobrar o povo, também usado pela CUT, para mostrar que é importante, que é grande e tem prestígio... Bom, e fica só imaginando, pq esse questionamento NUNCA vai acontecer. Só quando o show for contra o PT.

09 outubro 2007

O Assassinato e a Soberania

Primeiro, dêem uma lida aqui. Depois aqui, e vejam a diferença entre assassinato e execução.

Não contente com o absurdo de se propor uma homenagem de um estado democrático a um assassino terrorista, o senador ainda dispara, a respeito da execução de Che, acusando os EUA:
"Tratava-se de cumprir uma missão planejada, ao arrepio da soberania boliviana, por uma potência intolerante obcecada pela idéia de derrotar a revolução cubana e de impor aos países latino-americanos regimes políticos absolutamente servis aos seus interesses estratégicos."

Pausa.: depois reclamam que o país não vai pra frente... Continuando.

Que coisa: a soberania boliviana foi arrepiada pq, vejam, o governo da Bolívia e o exército regular e constituído da Bolívia, com o auxílio, por meio de acordo de cooperação, do governo dos EUA e sua agência de inteligência, executaram um terrorista estrangeiro que entrou na Bolívia exatamente para acabar com o governo democrático e soberano da Bolívia.

Entenderam? Por outro ângulo, agora: Che Guevara, um argentino terrorista e guerrilheiro, entra na Bolívia para acabar com o estado boliviano e instaurar um novo estado ditatorial. ISSO não ataca a soberania da Bolívia. Agora, o governo boliviano e o exército boliviano, ao pedirem ajuda aos EUA para capturar o terrorista que quer acabar com o estado boliviano, aí sim estão arrepiando a soberania boliviana.

Uma última questão: será que o povo cubano está feliz com o regime político que tem, ou este é uma imposição na base da força bruta, que faz o povo absolutamente servil ao regime e aos interesses estratégicos do regime e do seu líder?

29 setembro 2007

Pobres indiozinhos...

Nunca havia pedido comentários de leitores em NENHUM dos meus posts. Para este eu vou pedir. Por favor, me ajudem a entender isso...

Sou só eu, ou alguém mais acha que esse negócio de reserva indígena é igualzinho um zoológico, onde tratam um ser humano como um bicho a ser pesquisado, visto, admirado, etc, no mais próximo de seu habitát natural? Como se houvesse habitát natural para seres humanos...

Tipo, o cara é confinado numa aldeia no meio de uma floresta, privam-no de água quente, comida congelada, carros, roupas, remédios, cinema, Lost, Heroes, e algumas pessoas vem dizer que isso é pra, de alguma forma, reparar um erro do passado?? Como assim? Pq os portugueses vieram aqui e tomaram a porra toda, vamos selecionar alguns descendentes dos que sofreram no passado para continuarem sofrendo agora, sem o conforto e a qualidade de vida que a nossa sociedade moderna pode dar, é isso?

E pior: quem disse que foi ruim os portugueses terem tomado a porra toda? Ué, eles usaram a força, uma forma LEGÍTIMA de se tomar territórios. Caso alguém tenha esquecido, isso acontece desde sempre. Inclusive, se é pra ser bem purista, é preciso lembrar que os humanos vêm tomando territórios de outros grupos (tanto da mesma espécie quanto de outra) desde que saiu da África, e nem por isso alguém pensa em criar um clone de neandertais para devolvê-los a Europa, pensa? Ou, melhor ainda: alguém acha que o estado de Israel deveria deixar de existir, pq simplesmente os hebreus tomaram aquela porra toda, à força (mesmo expediente dos portugueses, portanto), dos cananeus e filisteus? Eu sei quem pensa assim. O presidente do Irã, aquele que todos chamam de louco.

Acho que esse papo de 'preservar' a cultura no rabo dos outros é fácil né! É fácil fazer o índio ir lá dormir numa oca enquanto se dorme numa caminha confortável com ar-condicionado no calor e aquecedor no frio, e ainda convencê-lo de que isso é pra o bem dele! Galera, hellooooo?, as culturas SEMPRE morrem em detrimento de uma mais moderna, mais nova, e NA QUAL EXISTA MAIORES FACILIDADES. Não foi assim com o cristianismo, tomando a porra toda do paganismo? Não foi assim com Roma tomando metade da Europa e, graças a isso, agora nós todos somos latinos e falamos línguas latinas?

Sei lá, é como eu disse no começo: pra mim, parece que estamos falando de bichos no zoológico. Vamos lá ver a cultura dos índios no seu habitát natural? Não parece um dos diálogos de Admirável Mundo Novo? Bom, é pq É um diálogo de Admirável Mundo Novo. Aquele povão bonito, europeu e sexualmente livre gostava de dar uma passadinha na América pra ver aqueles selvagens e sua cultura ignorante, cheia de deuses e crenças e sexualmente reprimido.

Por favor, DEIXEM comentários! Eu gostaria MESMO de entender NO QUE se está ajudando o índio deixando-o à margem da sociedade em nome de manter uma cultura que NEM O ÍNDIO quer, pois, se quisesse, mantê-la-ia sem a ajuda do abominável homem branco! Se é preciso uma força-tarefa para esse tipo de coisa, é pq a cultura, sozinha, não sobreviveria. Então, o que temos é uma cultura artificial. Me ajudem, vai...

26 setembro 2007

Capitalismo e Confiança - Parte 2 de 2

Leia o post anterior.

Continuando...
Pq não existe estado? Pq o estado é parte abstração, lembram-se? Por enquanto estamos falando APENAS da dominação real, propriamente dita. O estado vai passar a existir quando essa dominação deixar de ser real, baseada puramente em força física (do grupo ou individual), e passar a envolver crença. Tipo, um grupo, não necessariamente o mais forte, passa a ser o dominante. Ora, mas pq o grupo mais forte aceitaria isso? Pq ele tbm ACREDITA que há algo superior a ele.

Ou seja, a formação do estado DE FATO acontece quase que em paralelo à formação de uma noção de justiça. Somente depois que os indivíduos, mesmo os mais fortes, passam a ver o grupo, o coletivo, como superior, e, portanto, passam a respeitar o mais fraco por MEDO do mais forte (o mais forte, agora, é o coletivo, não um grupo ou um indivíduo específicos) é que começam a existir o estado e o judiciário de fato.

Mas pq a justiça é SÓ abstração e o estado não?
Bom, pq o estado tbm é força física, ora. Representado pelos PMs que vão (deveriam) te arrebentar se vc invadir uma reitoria que não é sua, ou pelo exército que vai (deveria) invadir as bolívias da vida (outros estados) que resolvem tomar o que é meu (nosso, do coletivo, do estado), a força física existe DE FATO. E a justiça? Não. Ela é só um prédio escrito STF, ou um velhinho com uma roupa bonita, ou coisa parecida. E as pessoas ACREDITAM que os velhinhos bem-vestidos são juízes, são detentores da justiça. Quer dizer, da JUSTIÇA. Claro que elas também acreditam nisso pq esses velhinhos comandam a força do estado. Resumindo: o estado é metade abstração, metade real. O judiciário é somente abstração. Além: o judiciário é EXTENSÃO da parte do estado que é abstração.

Ok, eu misturei duas coisas que podem existir uma sem a outra: formação do estado e capitalismo. Podem? EU, do baixo da minha sapiência, acho que não podem não. Sem no mínimo essas duas zonas de poder eu não acredito que possa existir capitalismo, pois este tem como base (voltando à vaca fria) a DESconfiança entre as pessoas. Nota: o estado-força e o judiciário são as zonas de poder, sendo que no Brasil e em muitos países esses dois entes são menores do que se fossem apenas dois, e existe um terceiro, que abocanha um pedacinho de cada um dos dois anteriores: o legislativo, que é o que diz COMO o judiciário vai COMANDAR o estado-força, que vai NEGOCIAR com o legislativo para que este DIGA ao judiciário para COMANDAR de tal forma o estado-força, e blablabla, e viram que o negócio é cíclico? Claro, cíclico em democracias.

E o que uma coisa (estado) tem a ver com outra (capitalismo)?
Ora, simples (tá, nem tanto): as pessoas fazem contratos. Não pq confiam umas nas outras, mas pq confiam num ente superior (o estado-conjunto, formado por tudo que representa a força e a justiça) que vai OBRIGAR ambas as partes a manterem a palavra dada, sob pena de sofrerem alguma punição física. Sem essa ameaça de punição, as pessoas seriam todas espertonas, e o capitalismo não pode existir onde todo mundo é esperto e quer passar a perna no próximo. E se a justiça é lenta, abre espaço para um monte de espertões, que vão fazer contratos e não vão cumprí-los, e aí o capitalismo tem c minúsculo.

O Brasil tem a primeira base: o estado. Falta agora a segunda parte. Só que caímos em um paradoxo que leva a uma outra discussão: no Brasil, a justiça é lenta pq todo mundo é espertão, ou todo mundo é espertão pq a justiça é lenta?

Lembrando que a justiça também não é absoluta, e é baseada em conceitos morais. Outra discussão.

Ah, posses e riqueza tbm são morais e baseadas em CRENÇA de que você possui as coisas. O estado natural de todo mundo é a mais completa miséria, ou seja, não é o capitalismo que faz as pessoas miseráveis, pelo contrário, é ele quem tira algumas pessoas da miséria. Outra discussão.

25 setembro 2007

Capitalismo e Confiança - Parte 1 de 2

"É uma obviedade, mas não deixa de ser assustador verificar que todo o sistema capitalista se baseia na confiança entre seres humanos, essa gente de pouca confiança."

Li essa frase no Barnabé, é de post antigo e refere-se a uma página que nem existe mais. Discordo veementemente. Na minha opinião, a anarquia, essa sim, é inteiramente baseada na confiança entre seres humanos, essa gente de pouca confiança. Justamente por isso a anarquia será implantada no dia 32 de fevereiro.

O capitalismo não é baseado em confiança. É exatamente o oposto: baseado em DESconfiança. A base do capitalismo é um estado que concentre a força da maioria da população, para que não existam grupos que, pela força, imponham suas vontades (o capitalismo nunca será Capitalismo naqueles lugares da África que tribos se matam pelo poder).

A segunda base do capitalismo, que, inclusive, depende da primeira, é um sistema judiciário ágil e que seja confiável. Não adianta o estado ser mais forte do que qualquer outro grupo ou indivíduo se o indivíduo pode ir lá e comprar um juiz! Também não adianta nada eu firmar um contrato com vc, e, se vc descumprí-lo, eu levo 20 anos para ser ressarcido. Vejam que engraçado: esse sistema judiciário precisa COMANDAR a força do estado. Ou seja, o estado não é superior ao indivíduo do ponto de vista da justiça e do cumprimento de deveres.

Engraçado pq? Pq, vejam, o que vem primeiro? A união das pessoas para formarem grupos cada vez mais fortes (tchans: um pré-estado!), ou um complexo sistema judiciário baseado em direitos individuais e coletivos, deveres idem? Obviamente, a união dos bichinhos, né? Até peixes se unem contra ameaças externas...

Mas existe um porém: o sistema judiciário é uma abstração. Ok, o estado também é, mas e daí, se ele tbm existe de fato? O sistema judiciário é SÓ abstração. Levado do mundo das idéias ao plano, digamos, físico, ele é uma pessoa, que pode ser comprada, que pode errar, que pode ter um amigo precisando de ajuda (ou seja, não dá pra levar a JUSTIÇA ao plano físico, já que sua representação seria um homem, falho e tolo como qualquer outro homem). Mas, quando o até então macaquinho amestrado que sabe usar polegar opositor e andar ereto põe uma toga, tchaaaaans, vira um JUIZ, a representação do que há de mais belo e virtuoso. Mas, como eu já disse, ele só é essa representação pq o estado (a força) o reconhece como tal. As pessoas ACREDITAM que DÁ pra trazer a JUSTIÇA ao plano físico. Mas tudo não passa disso: crença pura.

Então, vejamos: primeiramente, existem os conglomerados de forcinhas para fazer uma forçona. Aí essa forçona é, obviamente, um grupo ou um indivíduo (nesse caso não é necessariamente abstração, já que o grupo, ou o indivíduo, pode EFETIVAMENTE ser mais forte do que o resto, o que não acontece no caso da justiça). Até aqui, temos que, antes de haver o capitalismo, passar por alguma forma de dominação autoritária/totalitária. Ah, ainda não existe estado.

Continuo amanhã.

21 setembro 2007

Hacker nos olhos dos outros é refresco...

Engraçado ver o tempo passando... Esses dias eu vi um site hackeado. Zoaram o site do SBT, e deixaram uma mensagem de protesto contra a corrupção. Nada diferente da minha época, quando eu também deixava meu *nome* por aí: uma mensagem engraçadinha e irônica direcionada ao admin do site, a mensagem propriamente dita, e a despedida com nomes de colegas de "profissão".

O que me chamou a atenção foram duas outras coisas: o Português da galera melhorou MUITO. Agora praticamente não existem erros de grafia, e as coisas estão mais pra vírgulas faltando ou sobrando do que pra "menas", "pank", etc... E, o principal, agora as mulheres começam a praticar mais essa dúbia arte, que é encher o saco de quem trabalha pra botar algum conteúdo no ar.

Pois é, agora eu estou do lado dos mocinhos, mas não na publicação ou administração de site, e sim na criação. E nada mudou. Vendo logs, e observando o padrão das invasões (defaces seria o termo correto, mas não ligo), é fácil perceber que a imensa maioria dos auto-denominados hackers continuam sendo molequinhos(as) que querem aparecer (eu queria tbm ué!), que colocam nomes cheios de caracteres especiais (!@#$¨&*) e não passam de script kidies, ou seja, não CRIAM nada, apenas se aproveitam de alguma falha que outra pessoa descobriu e ficam apenas vasculhando a internet, virando madrugadas procurando sites vulneráveis.

Claro que esse terreno ainda é dominado por homens (meninos, vai), mas a quantidade de mulheres perdendo tempo fazendo essas bobagens até me impressionou. Na minha época (ô delícia escrever isso) as meninas eram mais criativas. Evil Angélica sim era o que eu queria pra minha vida. Até hoje ninguém sabe quem é ela, de que país é, o que a motivava. As melhores invasões eram dela. As mais engraçadas, as mais espirituosas. O que terá acontecido com ela? Deve ser gerente de projetos pelo mundo...

Nossa, quanto mais eu penso nessas coisas, penso na vida, no dia-a-dia das pessoas, eu tenho mais certeza que Elis estava certa, e somos todos como nossos pais (metaforicamente falando, né)...

25 agosto 2007

A maior tristeza - O último segundo

No último segundo da minha vida
Senti o gosto doce do sangue quente
Atravessando minha garganta, minha boca
Escorrendo por meu rosto

No último segundo da minha vida
Vi o olhar impiedoso da criança
Que eu fui, e serei novamente
Empunhando a espada contra meu peito

No último segundo da minha vida
Ouvi meu próprio grito
Saindo vermelho de minhas entranhas
E nada mais, além do som do vento

No último segundo da minha vida
Eu chorei minha última lágrima
Guardada por anos, p/ essa ocasião
Escorrendo, e tornando-se vermelha no meu sangue

No último segundo da minha vida
Eu lembrei de bons momentos do meu passado
O passado que estava morrendo
P/ dar vida àquela criança

No último segundo da minha vida
Eu sorri, pois entendi que minha vida não acabou
Olhei a criança, meu futuro, matando seu passado
E vi que o último segundo da minha vida
Era o primeiro de minha nova vida

24 agosto 2007

A maior tristeza - Início

"Se eu pudesse começar de novo
A milhões de milhas daqui
Eu me guardaria
Eu acharia um caminho."
Hurt

20 agosto 2007

Puta Sacanagem...

Mas essa eu não entendo mesmo. Pq o dono do Bahamas foi preso numa investigação referente à queda do avião da Tam? Daqui a pouco vão culpá-lo por isso. A acusação para a prisão, entretanto, foi o indefectível favorecimento e exploração de prostituição. Bom, o que tem isso a ver com a queda do avião da Tam, eu não sei. Disseram que o hotel dele ficava próximo à rota dos aviões. E que não fica, em Congonhas? Nem vou tentar entender a conexão.

Quero mesmo é tentar desvendar os mistérios desse tal favorecimento e exploração da prostituição. Em tempo: não estou falando de escravos sexuais, pessoas que são trancafiadas, tratadas como mercadoria, etc. Estou falando do Bahamas, pô! O lugar é basicamente uma balada e um hotel. Existem muitas outras baladas e hotéis. A clientela vai ao Bahamas por causa das prostitutas que prestam seus serviços por lá. Como em tantos outros lugares.

Até aqui, ok? Resumindo: o cara abre uma balada onde as prostitudas vão, por livre e espontânea vontade (aliás, elas TENTAM ir, pois aquilo tem até fila de prostitutas querendo trabalhar por lá), e um hotel. No hotel podem passar a noite tanto uma dupla de freiras quanto um ricaço com 200 mulheres numa orgia. Na verdade, o cara apenas cede um espaço para que seus clientes passem a noite. Se a mulher que acompanhar o cara é uma psicóloga que vai ouví-lo, ou uma prostituta que vai, bom, vc sabe..., o problema não é do cara. Aliás, o que eles (os clientes) vão fazer lá no hotel é problema deles, não do dono do hotel.

É aí que eu me perco. Ora, e daí que o cara cede o espaço e ocorre prostituição? Se um cara pegar uma prostituta na rua e levá-la para um motel, o dono do motel será preso? A dinâmica é a mesma. Aliás, nessa situação, das prostitutas ficarem nas ruas, o Estado não deveria ser responsável pelo crime de favorecimento de prostituição, e o motel pelo crime de exploração de prostituição?

Aí eu me perco de novo. Prostituição não é crime. Pq FAVORECIMENTO de prostituição é? Aí eu me perco DE NOVO... Se favorecimento de prostituição é crime, pq o Ministério do trabalho dá dicas de competência para prostitutas, como por exemplo (e atentem-se ao primeiro, com meu comentário):
- Demonstrar capacidade de comunicação em língua estrangeira (Turismo sexual não é crime?)
- Conquistar o cliente
- Demonstrar sensualidade
(No campo Recursos de Trabalho existe a indicação 'Álcool'. Tipo, o Ministério indica que as prostitutas devem usar o álcool em sua profissão. Não sei se é para embebedar o cliente, ou para elas próprias ficarem mais 'soltinhas'.)

Nossa, como é difícil entender esse país! Se o cara abre uma balada onde prostitutas vão e arrumam clientes por livre e espontânea vontade, é preso por favorecimento e exploração de prostituição. Mas o próprio Estado fornece lugares onde as prostitutas arrumam clientes e o nosso Ministério do Trabalho dá dicas de como uma prostituta deve agir, incluindo sugestões sobre turismo sexual. Tsc, tsc... Dr. Plausível, tem algo a dizer a respeito? Ajuda-me...

Mais 'sugestões' do Ministério do Trabalho sobre atividades de uma prostituta:
- Realizar fantasias eróticas
- Fazer compras para o garimpo
- Lavar roupas dos garimpeiros
- Fazer companhia ao turista
- Respeitar código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho
- Demonstrar capacidade de persuasão
- Demonstrar capacidade de expressão gestual
- Demonstrar capacidade de realizar fantasias eróticas

Descrição completa em:
http://www.mtecbo.gov.br/pdf/template_5198.pdf

Ah, acho que se eu tivesse frequentado e, digamos, contratado os serviços de alguma garota do Bahamas, entraria na justiça para reaver meu dinheiro, utilizando os mesmos argumentos do Ministério Público. Ora, e o cliente, também não é explorado, torturado, e praticamente OBRIGADO a gastar uma alta quantia depois de ver aquelas mulheres indecentes?? (Ironia, ironia...)

12 agosto 2007

Reinaldo Azevedo

Até gosto do Reinaldo Azevedo. Politicamente, o homem é inteligente. Mas de resto, é um religioso comum. Hoje, afirmou em seu blog MAIS UMA VEZ que o catolicismo tem caráter civilizador, que é graças a ele que hoje existe o reconhecimento aos direitos individuais. Ridículo. Os direitos individuais existem exatamente graças aos que se opuseram à igreja católica. Dependesse da vontade da própria igreja, todos seriam católicos e pronto. Como em outros tempos. E isso é natural. É o que define uma religião monoteísta: não aceitar sequer a possibilidade da existência dos deuses das outras religiões.

Reinaldo é tão lógico, e orgulha-se tanto disso, mas quando começa a falar de crenças esquece completamente desse detalhe. Ele fala, por exemplo, que entende os ataques israelenses, pois os palestinos sequer aceitam a existência do estado de Israel. Analogamente, isso também acontece com o cristianismo, ao não aceitar outras crenças. Entretanto, o catolicismo só não apela às armas pq não domina mais os estados.

O mais engraçado é que, ao falar das matanças e torturas promovidas pela igreja, recorre ao mesmo argumento usado por petistas: 'ah, mas os outros são piores'. Ele SEMPRE ataca o comunismo como exemplo de quem matou mais. Ora, e daí? O problema não foi o fato de terem torturado e matado. Afinal, mataram e torturaram mesmo que os outros... Que ridículo.

Este texto que escrevo é uma crítica em especial a um texto dele, que ele defende a manutenção de uma vida precária, como por exemplo a vida de Terry Schiavo. Ora, a pessoa é um vegetal, e ele quer defender o direito dos pais dela de, como ele mesmo diz, 'regarem seu gerânio'. Que ridículo! Como assim? O que importa não é a mulher estar presa a um sono eterno, a uma dependência de máquinas, se alimentando, defecando, urinando numa situação, no mínimo, não muito honorável. O que importa é o orgulho de pais que regam um gerânio! Será que eles mostram seu gerânio aos amigos?

Esse papo todo da igreja de defesa da vida é absurdo. Eles usam esse argumento como se quem é a favor do aborto e da eutanásia, por exemplo, fosse CONTRA a vida. É quase um argumento petista: desqualificar ao máximo o oponente ideológico ao invés de atacar os argumentos. E pior, desqualificar usando mentiras. Eu, que sou praticamente a favor do aborto e da eutanásia sou a favor, sim, da vida. Mas sou a favor de uma vida de qualidade. Viver amarrado a máquinas, sem consciência, com alguém para limpar minhas fezes não é viver. Sou a favor de que mulheres não sejam punidas com um filho não desejado. Não é assassinato, já que uma célula não é uma pessoa.

Concluindo, acho Reinaldo extremamente inteligente no âmbito político. Mas totalmente incoerente, já que suas posições libertárias e a lógica esbarram em suas crenças. Aliás, estou pra ver alguém libertário em todos os sentidos. O Alex Castro já virou esquerdista, não é mais liberal. É a favor de cotas para negros. Sei lá que mais. O Reinaldo é o contraponto do Alex. Gosto dos dois. E odeio os dois.

05 agosto 2007

Pseudo-ateísmo

Bom, faz tempo que não escrevo. Meu tempo anda bem escasso, culpa do meu trabalho. O pouco que sobra, dedico à faculdade, sobra essa que, aliás, é menor do que eu gostaria que fosse. Me sobra quase nada pra discussões, debates filosóficos. Mas nesse pouco, nas últimas semanas, encontrei um certo tipo de pessoa que, apesar de eu já ter visto algumas desse tipo, nunca achei que eram tantas.

Normalmente este blog briga muito com os crentes. É aquela coisa: não existe nada que sugira a existência de Jesus, mas os crentes juram que ele existiu; não existe nada que sugira a existência de qualquer deus, mas os crentes juram que ele existe; não há lógica nenhuma nos conceitos de deus (onipresença, onipotência, onisciência, bondade completa, livre arbítrio), mas os crentes juram que tudo isso faz sentido. Enfim, resumindo, eles lutam muito contra a lógica. Ou melhor, lutam muito p/ que seus conceitos caibam dentro da lógica, nem que p/ isso a lógica seja completamente deformada e distorcida.

Pois é, mas eis que em algumas discussões que tive, encontrei o que eu chamo de pseudo-ateus. Ser ateu, ao que parece, está na moda. Parece um certificado de superioridade. Como a ciência é o que manda no mundo de hoje, é até engraçado ver religiosos tentando embutir seus conceitos na lógica, e ter fé por simplesmente ter fé parece ser vergonhoso p/ muitos religiosos. Então aquele ser que se acha um cosmopolitano, um filho da ciência, um iluminado, ri daquele que dá as costas p/ lógica em nome de sua fé.

Só que existe um probleminha: NEGAR a existência de QUALQUER COISA é tão lógico quanto acreditar em algo sem ter evidências. Ambas as coisas dependem de fé. Vamos à semântica. Ter fé significa acreditar em algo sem a necessidade de provas. É isso. Ponto. Já tive discussões longas com religiosos que tentavam embutir sua crença em algo lógico e aí criavam novos conceitos para palavras antigas. Por exemplo, mudavam o sentido de onisciência, de onipotência, de fé. Mas os conceitos dessas coisas são bem definidos e não permitem interpretações. Fé é acreditar sem provas e ponto. Onipotência é ter o poder de fazer QUALQUER COISA e ponto. E assim por diante.

Mantendo o foco na semântica, o conceito de ateu é o seguinte: aquele que NEGA a existência de deus. É simples, não é? Bom, não p/ esses pseudo-ateus. A primeira vez que vi alguém que se diz ateu não negar a existência de deus, fiquei verdadeiramente espantado. Ora, como eu iria argumentar contra essa nova informação? Precisava pensar... Bom, na verdade, precisava pensar não na informação que me havia sido colocada, mas sim em que tipo de pessoa poderia achar que é ateu mas sem negar deus.

Fui, então, a mais discussões, e vi muuuito mais gente com esse mesmo pensamento. Chegaram a me dizer que os ateus não negavam deus, mas que o conceito de deus não fazia sentido ao ponto de que os ateus nem se preocupavam com isso. Ora, essa é a descrição perfeita de um AGNÓSTICO, não de um ateu! Ora, ora... Os ateus apropriaram-se da definição do agnosticismo! E não só isso, eles também apropriaram-se da arrogância dos crentes, no sentido de achar que sabem a verdade absoluta.

Quando eu os informava que estavam enganados nesse conceito, ou seja, que não eram ateus, e sim agnósticos, não queriam sabem de discussão. São os neo-ateus. Prefiro chamar de pseudo-ateus. Os emos estão para os punks assim como os pseudo-ateus estão para os ateus. Engraçadíssimo esse tipo de gente. E eu fiquei pensando nos motivos desse estranho movimento de apropriação de nomes e troca de conceitos.

Acho que só existe uma explicação razoável: afirmar que algo não existe não tem lógica, ou seja, o ateu, o verdadeiro ateu, também dá as costas para a lógica. Como o que está em voga é a ciência, é o que a lógica corrobora, essas pessoas não podem simplesmente sair por aí afirmando coisas que a lógica não aprova. Entretanto, o termo agnóstico não é famoso. Ateu é. E essas pessoas não sabem o que falam.

A maioria dos ateus que eu conheço, e muitos dos agnósticos, conhecem bem religião e filosofia. Os agnósticos que não conhecem bem religião são do tipo que realmente não estão nem aí. Eu sou do tipo que estou aí sim, mas sei que, no final, não poderei nem afirmar que deus existe, nem que não existe. Mas pendo para o ateísmo. Por isso, sou um agnóstico ateísta. Esses pseudo-ateus não sabem do que falam. Alguns falam superficialmente sobre a bíblia. A maioria, entretanto, nem isso arrisca. E juram que são ateus.

Pronto. Eu costumava apanhar (metaforicamente) de religiosos, por causa das minhas afirmações. Ora, eu dou minha cara à tapa. Bato, mas também apanho. Não contente, agora também vou apanhar dos outros crentes, os que têm fé que deus não existe. Só que esses já têm motivos p/ bater desde a descrição, afinal, eles juram que não são crentes, nem tem fé. Apesar da lógica.

16 julho 2007

O PT e a não-democracia

Ai, ai, como nosso líder executivo supremo é ridículo... Todo mundo já sabe que ele foi vaiado na abertura do Pan. E ele ainda se acha um deus, um ser supremo tão, mas tão bom que é impossível alguém vaiá-lo. Deu uma de coitadinho (o que já é ridículo), botou o rabinho entre as pernas e não foi realizar a tarefa de anunciar a abertura dos jogos. Acossado por 90 mil pessoas. Covarde, não?

Mas pior: não parou por aí! Primeiro foi a teoria da conspiração: foi César Maia, o único aplaudido, quem plantou pessoas p/ iniciar a vaia. Pois é, claaaaro que faz sentido. A maior conspiração do mundo! 90 mil pessoas participando dela. Totalmente secreta.

Obviamente essa tese é ridícula. Agora começam os defensores do presidente covarde. Um tal Dr. Rosinha (nunca ouvi falar) disse que 'vaia de elite reacionária não vale'. Pior que ele está certo! Para petista, quem é contra é reacionário! Democráticos são eles! Democrático é quem concorda com eles. Discordou, é reacionário! E outra: para petista, classe média é elite.

Agora, penso outra coisa. Só o fato da pessoa ir até aquela abertura já mostra que a pessoa tem um bom nível de cultura. Acho que é evidente que não são pessoas ricas. Fico até imaginando a elite sentada numa arquibancada... É classe média, como a imensa maioria que vai a shows, eventos culturais, etc. É a classe média que tem acesso à informação, que acessa internet e lê jornais. É a classe média que não depende nem de Bolsa Família, nem de ProUni, nem de nada que venha do governo. É a classe média que SUSTENTA o governo, com 34% do PIB em impostos. É a classe média que movimenta a economia. É a classe média que é sufocada por aumentos de impostos, perda do poder de compra, e que só vê corrupção e aparelhamento nesse governo da companheirada.

Pois vejam a síntese do pensamento petista: a classe média esclarecida, que não aguenta mais tanta roubalheira, tanta lama chegando ao gabinete presidencial, tanta companheirada nas estatais, tanto imposto servindo p/ pagar um senador corrupto, presidente que tem irmão e filho lobistas, etc, etc é a elite reacionária. Elite pq não depende do governo (o que será que são os mega empresários, os dependentes de BNDES, os graaaandes artistas que recebem milhões em renúncias fiscais p/ fazer filme de Brunas Surfistinhas?). Reacionária pq pensa e discorda de mensalão, sanguessuga, pelegos, aparelhamento estatal.

Essa elite reacionária é a classe média que não protesta pq tem que trabalhar. Não tem tempo de ir p/ rua badernar ou invadir prédios de reitorias. Aliás, é essa a elite reacionária que SUSTENTA, com seu trabalho, os vagabundos que saem p/ badernar e invadir reitorias, e acham que ISSO é democracia. Democracia é a deles, o resto não é. Democracia é a Venezuela de Hugo Chávez, os EUA são imperialistas.

Ah, mas para uma coisa o grande Lula serviu. Pediu para retirarem do ar a propaganda da Peugeot, que satirizava a Marta Suplicy e seu 'relaxa e goza'. Criticar a frase da ministra, não. Numa analogia beeem tosca, Lula está para Marta como o pai daquele imbecil que bateu numa doméstica no Rio de Janeiro está para o filho.

Tem tanta coisa ridícula acontecendo nesse país que dá vontade de chorar.

09 julho 2007

Como é bom ser patriota!

Eu sei que é triste, mas eu, que sou extremamente patriota, me sinto um idiota. Sim, o patriotismo é ridículo, como já evidenciou Alex em suas prisões, mas eu ainda assim sou patriota. É minha limitação.

Mas não, contra a lógica não há o que argumentar. Quer dizer que os brasileiros se sentiram ofendidos pq o comitê americano (pq esquerdistas adoram escrever estadunidense? Por acaso nós somos republicafederativenses?) escreveu "bem-vindo ao Congo" numa lousa, é isso? Ah, o comitê rapidamente se desculpou, dado o vitimismo tupiniquim: "nós não somos congoleses! Aqui não é o Congo! [choro e birra]".

Mas espera aí. Alguém parou p/ pensar que os congoleses poderiam ficar ofendidos com a atitude dos brasileiros? Alguém da imprensa foi ao Congo ver como eles se sentiram? Será que se tivessem escrito "bem-vindo à França" a raivinha nacionalista seria a mesma?

Espera, já vi tudo! A Bolívia tomar alguns milhões de dólares nossos, tudo bem. O ditador da Venezuela apavorar nosso Congresso e nos fazer ameaças, tudo bem. Ah, mas vai um estadunidente imperialista fazer piada com a gente! E AINDA TRABALHAR DE BERMUDA E MEIAS!!! Isso não pode! Isso é absurdo! Exigimos desculpas!

Entendi.

03 julho 2007

Eu lírico

Eles te acham
Eles me acham
E os hinos da liberdade nunca se encaixam
E sempre, ao cair da tarde, eles te acham
E eles me acham
____

-Não te vás
Ó belo anjo da manhã
Que me encanta com tua luz
Que à alegria me conduz
Teu sabor é de maçã
Tu és macia como lã
Teu aroma é hortelã
Não me deixes para trás

-Quem me pede?

-Sou apenas mais um louco
Que te pede mais um pouco
Do amor, que em ti é vasto
Como o verde, em grande pasto

E às alturas tu me lanças
Quando cheio de esperanças
Vejo ao longe teu olhar
Inquieta a procurar
O carinho que um dia
Liberdade a ti traria
Indo embora a agonia
De esperar por teu rapaz.

24 junho 2007

Mais desinvasão

Vejam que graça... Uma professora de Geografia da USP diz o seguinte no blog dos (des)invasores:
"Ao não receber os 'estudantes ocupados' da USP a reitora esta dispensando a eles tratamento igual ao que se dá a terroristas e bandidos que exigem dinheiro em troca de reféns. O que se pretende ignorar é o óbvio: eles só estão lutando por uma universidade autônoma e livre das investidas do mercado e da lógica do poder político – suficientemente desmoralizado neste país. Infelizmente jornalistas que pretendem saber alguma coisa, produzem análises irresponsáveis sobre o trabalho desenvolvido na universidade. Enquanto isso, alguns professores (dentro de suas confortáveis bibliotecas e não do lado das barricadas), resolvem dispor de seu espaço privilegiado na mídia, para trocar a luta pela universidade – portanto por uma sociedade melhor - pela defesa do governo Serra. Abdicam assim de prestar um serviço à sociedade à qual pertence a universidade e com a qual todos devem estar compromissados."

Como boa esquerdista, ela não se dá muito bem com a lógica. Vejam só: primeiro ela diz que os estudantes estão lutando por uma universidade livre do que chama de "investidas do mercado". O que é o mercado, senão a própria sociedade num de seus aspectos mais marcantes, a interação comercial? O mercado não é um monstro, uma entidade que assombra. É a sociedade, nada mais que isso. É o motorista de ônibus tanto quanto é o empresário.

Depois, ela arremata: lutar pela universidade (segundo ela, pq eu acho que invadir um prédio público e depredá-lo não é lutar por ele) é lutar por uma sociedade melhor. Como assim? Primeiro o mercado (que é a sociedade) é mau. Depois, a vontade dela é tornar a sociedade melhor. Como, se existe uma luta para produzir conteúdo que NÃO beneficie a sociedade? Como isso é melhorar a sociedade, se uma das coisas que os valentes invasores comemoraram foi a retirada da linha "pesquisa voltada à sociedade" dos decretos?

Mas tudo bem, eu já sabia que a lógica da esquerda é um tanto difusa, míope...

23 junho 2007

Sobre a desinvasão da USP

Estou meio sem inspiração p/ escrever. Gostaria de fazer um texto gigante sobre o fim da invasão (a 'desinvasão') e a volta p/ casa daqueles ridículos da USP (os 'desinvasores'). Sim, pq achei engraçadíssimo o último "ato de rebeldia": deixaram a reitoria lavando as calçadas.

Infelizmente, não tenho muito mais a falar do que já falei: um bando de ridículos. A polícia foi extremamente inteligente, e não usou a força - a não ser para contê-los, quando partiam p/ cima da força do Estado, desejando loucamente uma foto de um policial batendo em um deles.

Foram p/ casa com o rabinho entre as pernas. Ah, mas ainda se sentem vencedores. Como os EUA no Vietnã, declararam vitória e correram de lá rapidinho. Julgam-se revolucionários. Daqui a alguns anos, estarão ensinando jovens História, Filosofia. Estarão nos jornais, escrevendo bobagens, como as que a jornalista da Folha escreveu a respeito dessa invasão (a jornalista também foi uma invasora em sua época, mas a luta era contra um estado repressor e autoritário, não como esses idiotas da atualidade, que lutam contra um estado democrático).

É isso que me assusta. Como estará o Brasil daqui a 20 anos? Amo meu país mais que qualquer coisa na minha vida. Espero nunca sentir vontade de deixá-lo. Mas já sinto uma pontinha, ao ver um presidente como o que temos. Ao ver vontade política e ambiente favorecendo minorias que controlam maioria. É controle estatal de informação, é política de redução de danos que vai contra o que o próprio estado diz (ainda vou escrever sobre drogas), é um imbecil bem nutrido enfiando o dedo no nariz de um policial saindo sem punição alguma.

Bom, claro que existem coisas que me deixam feliz. Ver que os invasores saíram de lá desmoralizados, com a opinião pública contra eles, sem força alguma. Isso tudo me motiva muito. Por esse tipo de coisa, ainda acredito no Brasil.

14 junho 2007

Lulinha (paz e amor) e a imprensa

O governo do nosso queridíssimo operário anda me rendendo bastante raiva. Ainda bem que eu raspo todo o meu cabelo regularmente, senão estaria perdendo mais e mais a cada fala daquele ridículo e de sua equipe. Não que eu já não esperasse coisas do tipo, mas, do alto daquela sapiência barbuda, coisas me surpreendem!

Falei há alguns posts sobre a Venezuela e a RCTV. Por aquelas bandas não há mais dúvidas de que o proto-ditador manda calar a boca se não concordar com o que você diz. Claro, aquele lugarejo vive da monocultura, as instituições praticamente não existem, o Estado de Direito passa longe...

Ok, há aqueles que me acham exagerado quando falo que caminhamos para o autoritarismo. Eu não sou o único a dizer isso. Tá, quantidade não prova verdade. Então, nesse caso, precisamos procurar evidências, certo? Bom, eu encontrei a minha, e, na minha opinião, a prova mais forte de que eu estou certo. Não, não é sobre aquela coisa ridícula de querer regular e punir a imprensa. Isso já é uma evidência forte. Não, não é aquela massa de manobra querendo bater no pessoal da Globo e da Veja nas passeatas "contra a corrupção, a favor de Lula". Não, não são os repórteres da Veja sendo "interrogados" sem advogados na PF.

Ontem, o grandíssimo discursou criticando a imprensa. Novas... Mas o conteúdo, dessa vez, foi mais grave. Resumindo, ele disse que a imprensa só noticia coisas ruins. É só assassinato, morte, roubo, e, assim sendo, ninguém quer ir viajar. Segue a fala do digníssimo:

"O que a gente vê de bonito na imprensa brasileira? Quais são as mensagens que nos provocam a viajar no final de semana? Não tem. Se fala de Pernambuco, é morte; se fala do Ceará, é morte, se fala da Bahia, é morte. Aí a pessoa diz: ‘Espera aí, não vou sair daqui não, vou ficar dentro de casa’. E ainda olha, vê se não tem uma fresta, para não vir bala perdida’".

Bom, nem vou comentar que o texto é de um um poeta, um filósofo. Vou falar sobre o conteúdo. Quando um chefe de Estado critica o que a imprensa noticia, isso é grave. Vejam, ele não quer saber de RESOLVER os problemas de segurança. De RESOLVER os assassinatos, os roubos, as mortes. Que tal baixar a maioridade penal? Que isso, companheiro, é só a imprensa se calar!

Existe um lugar onde a imprensa só noticia coisa boa. Falam até hoje sobre a Revolução. Pois é, esse lugar é Cuba. Um país livre, lindo, onde o cidadão cubano não pode nem ESCOLHER ir embora do país. Esse é o sonho do PT. De Lula. Ser visto como um Revolucionário. Como seu amigo Chavez. O problema, para ele, é que no Brasil as instituições são sólidas. Nosso Congresso, vejam, ao repudiar o ato de censura à imprensa na Venezuela, foi chamado de papagaio de Washington. O que é natural, afinal, o senhor Chávez está acostumado com um congressinho que não o contraria jamais.

Lula tem, portanto, que passar por uma fase que Chávez não precisou: ele precisa desmoralizar as instituições. Claro, a primeira precisa ser a imprensa, pois se ele começar por outra, será a imprensa a mostrar o fato. Desmoralizando a imprensa, não sobrará ninguém p/ divulgar o que está acontecendo no país.

Vejamos o que já foi feito nesse sentido:
1 - Comissão que irá classificar e punir as transmissões;
2 - TV Estatal (devidamente aparelhada, para, em caso de troca de partido no governo, a TV passe a falar mal, e assim mostrar sua pseudo-isenção);
3 - Críticas aparentemente singelas à imprensa, mas buscando desmoralizá-la.

E já começamos bem... As Meninas Superpoderosas já foi classificado como impróprio para crianças pq mostra as meninas se encontrando num shopping. E daí?, vc me pergunta. Bom, segundo o juiz, nem todos têm condições de ir a um shopping. Viu? O Socialismo não morreu!

Ah, e ontem, na mesma onda do presidente, o companheiro Zé Dirceu, mostrando total alinhamento com o Planalto (ou seria o inverso?), discursou a metalúrgicos dizendo que "nunca foi tão possível democratizar os meios de comunicação, introduzindo regulação e concorrência no setor" e que "um dos grandes erros do primeiro mandato de Lula foi subestimar o poder da mídia". Isso aí! Ao ataque! A mídia é INIMIGA! Pq? Pq mostra o que o PT tanto tenta esconder... Democratizar, para eles significa "eu falo, vocês obedecem". Stálin, aquele grande democrata, que o diga!

Bom, só sei que se tudo continuar desse jeito, eu vou ser um exilado político logo, logo...

12 junho 2007

oCUpação da USP

É mesmo uma piada. A cada dia que passa, os amontoados sujos estão lá, torcendo para o Choque entrar batendo e acabar logo com a agonia da espera. Esperar para ter uma foto com um fio de sangue, foto que será mostrada para os netos: "olhem o vovô revolucionário" - claro que, antes disso, servirá como mote para a esquerda burra bradar "a violência contra os pensadores"! Burra pq manipulada.

Já falei sobre manipulação. Falei que não entendo como alguém pode afirmar que a dona Genoveva é manipulada pq ESCOLHE ver o Jornal Nacional e a novela. Pois bem. Para a esquerda, o fato de a pessoa ESCOLHER ver a Globo ou ler a Veja é sinal de manipulação. Entretanto, usar violência, cometer crimes, ser ridículo, sendo que tudo isso acontece pq há um sindicato e vários partidos políticos por trás NÃO é ser manipulado. Ah, sim, Brasil, o país da lógica. Só mesmo aquela repórter da Folha p/ acreditar - quero acreditar que não foi má fé - que são só estudantes limpinhos, virgens e puros, e não militantes profissionais.

Mas que idiotice! Não vêem a hora de parar. Já acabou, galera! Saiam daí! Acabou, o choque não vai mais chegar com os cassetetes que serão sua glória. Por essa vocês não esperavam, não é mesmo?

Fico pensando, aqui comigo: puxa, eu tento sempre escrever textos corretamente, aplicando pontuação, mas veja, eu sou um engenheiro, não tenho essa obrigação de alcançar o estado da arte com meus textos. Mas puxa, uma pessoa que faz Letras na melhor universidade do país tem, no mínimo, beeeeem no mínimo, obrigação de falar português corretamente!
_____

No começo do século, grandes escritores brigavam nas ruas por causa da nossa língua. Ah, na boa, p/ mim, foda-se se é "percentagem" ou "porcentagem". Por outro lado, perdeu-se no Brasil a noção de que quem fala corretamente sabe se expressar muito melhor! Agora (de uns 10 anos p/ cá) existe uma corrente pedagógica que diz que o importante é a criança se expressar, não importa se essa forma de expressão contraria regras gramaticais, por exemplo! À merda com isso! Se a criança não sabe sequer seguir regras mínimas, como vai se expressar corretamente? Ora, se uma vírgula pode mudar completamente o sentido de uma frase, como que a criança não precisa saber disso?

Já disse por aí e repito: sou a favor de segregar sim! Os melhores! Que estes sejam enviados para escolas especiais, para melhorarem sempre! Quem sabe assim sai, finalmente, nosso primeiro Nobel! Sim, pq essa papagaiada de juntar todo mundo numa sala só e deixar o gênio (que é o ponto fora da curva) ser trazido de volta ao padrão (à curva) só faz com que percamos reconhecimento de nossa já dúbia capacidade intelectual. Nossa, brasileira. Ah, mas quem se importa, o jeitinho brasileiro domina mesmo, não é?

Explicações post-scriptum (e se estiver errado, foda-se):
Estou levemente alcoolizado neste momento, e esse texto foi um desabafo no melhor estilo Picasso das letras que eu poderia alcançar. Que EU, um engenheiro, poderia alcançar! Será que nossos alunos de Letras da melhor universidade do Brasil fariam melhor? Ou ficariam apenas nas teses a respeito da influência dos alucinógenos no desenvolvimento social do século XVI? Porra, quem se importa com isso? O que isso ajuda o Brasil?

Ah, seus idiotas amotinados aí na reitoria: quero que vocês apodreçam com seus poeminhas sobre a Revolução Francesa! O capitalismo venceu, seus imbecis! E não venceu pq é uma ideologia melhor, mas sim pq é NATURAL! Não é ideologia! Qualquer idiotice que necessite da força p/ ser implantada é uma bosta! Não vai dar certo! Morram aí na reitoria, esperando o Choque chegar com sua redenção! Chega até a ser poético. Os estudantes de 1968 iriam linchar vocês, seus ridículos que levam mamães para verem "como somos limpinhos"! APODREÇAM, SEUS LIXOS!

31 maio 2007

RCTV

Engraçado como as esquerdas são iguais em qualquer lugar. Meu último post foi justamente sobre a tal mídia manipuladora, aquele ser estranho que consegue audiência mostrando o que o povo NÃO quer ver. A esquerda é tão democrática que apenas é livre quem concorda com esses absurdos. Quem discorda é manipulado.

O Chavez fechou a RCTV. Milhares estão protestando contra esse abuso, e outros tantos estão em passeatas a favor. É fato que quem está contra é maioria nessas passeatas. E eis que me deparo com uma notícia na qual um mané estudante (equivalente à UNE) que apóia esse ato ditatorial levanta de novo a mesma coisa: "os estudantes bolivarianos e revolucionários estão esperando há muito tempo a oportunidade de ver a RCTV fora do ar, pois estamos cansados de tanta manipulação e mentira, impregnando a mente dos venezuelanos".

Pera aí, como que é? Os democráticos estavam esperando há tempos calar uma voz contrária às suas idéias ridículas? Pq? Pq estavam cansados de manipulação impregnando a mente dos venezuelanos? Como assim? Mesma coisa que o post do abaixo! Vejam a lógica desse povinho bunda: as pessoas ESCOLHEM ver essa tal RCTV, logo, a RCTV está manipulando as pessoas. Não, a pessoa jamais veria esse canal por livre vontade. É manipulação. A rede, em sua programação, envia sinais hipnóticos com a mensagem "nos assistam mais e mais".

Aí o senhor Bob Fernandes, um completo idiota, quando editor da Carta Capital, outro lixo, entrevistou o dono da atualmente única rede contrária ao ditador Chávez, e fez a questão: "Não há algo estranho em um país quando, em meio a uma grande crise, as faces da oposição não são as dos políticos e sim a dos donos dos meios de comunicação? Como, por exemplo, o senhor...".

Na minha opinião, há veneno nessa pergunta. Na minha visão, ela sugere que se não há políticos na oposição, e sim meios de comunicação, isso caracteriza manipulação das massas contra um governo tão perfeito que ninguém se opõe. Ora, como se um político pudesse ser contra Chávez! Será que esse político não amanheceria com três tiros nas costas e uma nota de suicídio?

Seguindo, na minha opinião essa pergunta tem uma resposta simples, que, claro, não era o objetivo de seu autor. Sim, há algo estranho em um país quando aquilo acontece. Isso mostra que o país está caminhando p/ uma ditadura, que não aceita oposição. Isso mostra que a liberdade é cada vez mais cerceada, até acabar.

Quero ver esses "jovens revolucionários" que apóiam esses ataques à liberdade, quando tiverem alguma discordância do governo, serem sumariamente calados. Provavelmente vão procurar novos revolucionários para montar guerrilhas, vão chamar o governo de reacionário (aí é que está o ponto: o governo não mudou nadinha!), e não vão sequer perceber que esse governo sempre foi assim, pois não têm capacidade de sequer fazer um paralelo entre situações.

É, a América Latina está indo para o buraco. Ainda resta democracia no Brasil. Não pq Lula seja melhor que Chávez, mas sim pq o Brasil é melhor que a Venezuela. Por enquanto. Vamos ver quanto tempo temos até a censura prévia ser reinstaurada, e as redes comecem a ser punidas quando discordarem do governo.

E já posso até antever aquele imbecil completo que está invadindo a reitoria da USP vibrando quando o governo fechar a Globo: "os estudantes brasileiros e revolucionários estão esperando há muito tempo a oportunidade de ver a Globo fora do ar, pois estamos cansados de tanta manipulação e mentira, impregnando a mente dos brasileiros".

E lá vamos nós, de novo, lutar por liberdade. Mas isso só daqui a uns 40 anos...

24 maio 2007

A mídia manipuladora - Parte 2 de 2

Aliás, esse assunto me alavanca um outro: EU NÃO ENTENDO QUEM DIZ QUE A GLOBO/VEJA/QUALQUER GRANDE MÍDIA MANIPULA AS PESSOAS! Como assim, manipula? Se as pessoas é que escolhem o que vão assistir, e, por livre e espontânea vontade apontam seus controles remotos para a TV e ESCOLHEM a Globo, COMO ela manipula alguém?

Na minha opinião é EXATAMENTE o contrário! Se o PÚBLICO não gostar de algo que a Globo veicule, vão deixar de assistir e ver Record, SBT, sei lá, e a GLOBO é quem vai ter que alterar sua programação para voltar a ter audiência! Ora, a manipulada é a Globo!

Recebi um e-mail falando que a Globo manipula o Big Brother com a intenção de aumentar o IBOPE, mostrando coisas que o povo não queria ver. Fiquei espantado, pq sei que existe gente que pensa isso! Aqueles ridículos da FFLCH, por exemplo.

Será que não é o caso de incorporar a Lógica ao currículo escolar PRIMÁRIO? Vamos a uma análise rápida: o IBOPE não é justamente o que mede a audiência? A audiência não vem justamente do povo ESCOLHER aquele canal? A ESCOLHA daquele canal não vem justamente da VONTADE da pessoa? Então, se o IBOPE aumenta, como alguém pode afirmar que o povo NÃO quer ver o que está sendo veiculado?

19 maio 2007

A mídia manipuladora - Parte 1 de 2

Vejam que contradição: ser diferente está na moda. Todo mundo quer ser diferente, não seguir regras, ser rebelde. Claro, até um limite geralmente beeeem seguro. Fico me perguntando: será que essas pessoas que repudiam o que é popular não percebem que o ato de querer ser diferente é popular?

Eu gosto de Shakira e da Fergie. Da Shakira, eu gosto há muitos anos, não só agora. Da Fergie, só agora. Antes nem sabia que ela existia. Mas eu sou um cara, digamos, alternativo, e aí estranham o fato de eu gostar de artistas da moda.

Geralmente quem estranha é o mesmo que grita contra as rádios da moda, os jabás, essas coisas. Eu não consigo entender isso! Qual é exatamente o problema de uma gravadora pagar para uma rádio tocar tal música? Tanto a gravadora quanto a rádio são entidades privadas. Não venham com o papinho de que isso é manipulação. Não é a rádio que obriga a pessoa a gostar da música.

Eu entendo que funciona assim: a gravadora paga para a rádio, a rádio toca para as pessoas, e SE as pessoas gostarem da música, irão comprar os CDs, etc. Se não gostarem, bom, a rádio pára de tocar a música. Onde aí está a manipulação? Só se for da rádio!

Aí sempre tem o cara que achava que era roqueiro e fala que a 89 se vendeu, blablabla. E daí? Será que é difícil entender que se trata de uma instituição privada que visa lucro? O que o rebeldezinho queria? Que a 89 NÃO tocasse o que o público quer ouvir? Aí sim ela seria boa. Pelo menos até fechar, por não ter como pagar as contas.

Uma empresa vive de prestar determinado serviço. O serviço de uma rádio do perfil da 89 é entreter, e eventualmente informar. Entreter QUEM? Qualquer pessoa? Não. Somente aqueles que gostam do tipo de música que a rádio toque. Quem gosta de sertanejo não vai ouvir a Kiss. Como qualquer empresa, as rádios querem mais lucro, ou seja, querem crescer. Ela vai conseguir crescer atendendo o 0,1% da população que gosta de heavy metal? Ou vai ser mais fácil se ela tocar o que 98% da população gosta?

Eu sei, é triste se você gosta de uma rádio e ela começa a tocar outro tipo de música, que você não suporta. Mas paciência, significa que você está ficando velho! A rádio certamente não mudou seu público alvo. Pelo contrário: se adaptou a ele. A 89 sempre foi voltada aos jovens. Os jovens da década de 90 gostavam de rock. Os jovens da década 2000 gostam de outra coisa. E a 89 os atendeu. Está corretíssima!

18 maio 2007

Sacrifício

Acho que não existe nada que eu admire tanto em um ser humano como a capacidade de se sacrificar por algo. Definitivamente não existe maior prova de amor. Mas o que realmente me é tocante, me leva às lágrimas, é quando uma pessoa sacrifica seu relacionamento quando ela própria ama o companheiro(a).

Essa música nova da Fergie (Big girls don't cry) fala exatamente sobre isso! A menina ama o rapaz, sabe que vai sentir saudade, mas precisa resolver um problema consigo mesma. Ela percebe o quanto a relação se desgastaria se continuassem insistindo. Eu adoro pessoas que sabem o que querem, e não insistem no que só traz dor.

É triste (e bonito) demais ver alguém deixar o comodismo e, mesmo sabendo que vai sofrer, levantar e mudar. Fico pensando no quanto eu mesmo já sofri no passado por ter esse medo de mudar. Quanto tempo eu perdi insistindo em algo que, claramente, não valia a pena. Não que eu não amasse o suficiente, mas às vezes, só amor não basta.

Por outro lado, penso na outra parte sofrendo. Na música da Fergie, o cara no avião indo embora p/ sua cidade natal. Sofrendo, sim, mas inteligente p/ entender que a única ação possível foi tomada, antes que fosse tarde demais. Acho que é até uma falta de respeito quando as pessoas não respeitam o sacrifício de alguém. Puxa, a pessoa sofre p/ mandar quem se ama ir embora! E aí a pessoa não vai! Fica insistindo, não percebe o tamanho do ato de amor que acabou de acontecer!

Hoje tô multimídia. Já falei da Fergie, agora vou falar de TV. Sempre pensei no Kevin, de Anos Incríveis. Quanta bobagem aquele moleque fazia! Quantas vezes ele DEVERIA ter chegado logo na Wendy (era isso, né?) e se declarado! Mas não! Ficava ela esperando a declaração, e ele rodeando, mas nunca indo ao ponto! Guardando p/ ele. Mas ele estava certo!

Haveria amor enquanto houvesse a POSSIBILIDADE de haver algo concreto entre os dois! Se houvesse DE FATO algo entre os dois, a chance desse amor acabar seria grande. E pior, nem a amizade sobreviveria. Eles aproveitaram a adolescência, viveram juntos, se amaram.

Da TV para os filmes, também não deixa de ser um sacrifício o que o David Aames fez, em Vanilla Sky, ao escolher voltar à vida, mesmo sabendo que todos os que conhecia estariam mortos, e sua vida seria difícil, bem mais difícil do que o sonho em que vivia. Ele amava tanto Sophia que ficou feliz sabendo que nunca mais a viu em vida, o que significava que ele não havia a assassinado. Na minha opinião, o diálogo mais triste de todos os tempos: ele, prestes a voltar à vida, e ela, um sonho dele, apenas.

Acho que as pessoas se enganam quando pensam que amam alguém. É difícil ver alguém que REALMENTE ama outra pessoa. Isso só pode acontecer se quem ama quiser o bem do amado. Quiser que o amado seja feliz, independente da situação. Na minha cabecinha, só isso é amor. Querer alguém p/ si não é amor, é obsessão. Querer a FELICIDADE de alguém, incondicionalmente, isso sim é amor.

De fato, eu realmente amo muitas pessoas, desinteressadamente. Não espero amor de volta. Apenas desejo e faço o meu melhor para a felicidade de quem eu amo!

"E nos encontraremos em outra vida, quando formos gatos". Em outra vida. Gatos!!!
____

Quero falar muito mais sobre isso! Não quero nunca deixar de falar sobre amor!

13 maio 2007

Humildade e arrogância (Parte 1 de 2)

Humildade

Todo mundo acha que ser humilde é algo bom. Não é. Humildade é a tentativa do fraco de ser virtuoso. Ah, é politicamente incorreto falar isso, claro, pq é politicamente incorreto lembrar o fraco que ele é fraco. Somos uma nação de fracos pq são poucos os que se sobressaem, os que conseguem vencer a inércia do falso virtuosismo. Quando uma pessoa melhora? Quando percebe que há espaço para melhorar. Quando percebe que é fraca, inútil. Se a pessoa acha que é virtuosa, não moverá uma palha para mudar algo.

Ok, a conversa está um tanto abstrata, então, vamos a algumas definições. A moral é o que diz se o sujeito é bom ou mau, correto ou incorreto, honesto, vil, ganancioso. Mais: a moral é o que define exatamente o que é ser cada um desses adjetivos. Por exemplo: o orgulhoso e o ambicioso sempre foram vistos (e em partes ainda são) como maus, pq a moral religiosa que dominou o mundo era clara quando dizia que orgulho e ambição eram ações do demônio, coisas assim. Ninguém usava esses adjetivos para elogiar, somente para prejudicar. Hoje em dia, é comum dizer que alguém é ambicioso ou orgulhoso sem o viés pejorativo.

Voltando à definição, notamos também que não só o adjetivo em si muda seu viés de acordo com a moral, como esta também indica a aplicação desse adjetivo em determinada pessoa de acordo com suas atitudes. Um pedófilo hoje é mal visto, mas na Grécia Helênica era normal e saudável. Um escravocrata hoje é mal visto, mas em 1800 era normal e politicamente saudável.

Com essa definição em mente, observemos a utilização do adjetivo 'humilde': eufemismo para pobreza, ou confusão com timidez e/ou incapacidade. Ser pobre é bom? Ok, no Brasil de hoje, até é. O pobre tem muitas vantagens, além de ser um estilo de vida, como podemos ver em programas de TV que aclamam o gueto, a periferia, as favelas. Não, morar numa favela já foi coisa lamentável, ruim, triste. Hoje é alegria. Voltarei a esse assunto mais tarde. Por enquanto podemos apenas nos ater à aplicação do termo 'humildade'. Não, não é bom ser pobre, passar fome, ser miserável. Esse pobre não é humilde: é pobre.

Existe também aquele pobre coitado que mal abre a boca, que apanha de tudo que é lado, que não sofre mais por falta de espaço, e, rendido dentro de si mesmo, é incapaz de se sobressair. Também é chamado, pela maioria, de humilde. Humilde por sequer tentar se impor. Por aceitar a submissão. E é esse o ponto.

Humildade é isso: aceitar a submissão. Justamente para que o submisso mantenha-se submisso, ele próprio cria um mito de que isso é virtude. Obedecer é virtuoso. Ser pobre é virtuoso. Não à toa somos a maior nação católica do planeta. O cristianismo tem como pilar a regra de que ricos são maus, somente pobres é que entram na vida eterna. Esses são os humildes. Reparem: não importa se o cidadão seja pobre mas tenha pensamentos reprimidos que escandalizariam Lúcifer em pessoa. O que importa é PARECER humilde, não SER humilde.

Reparem que interessante: populações religiosas hoje clamam contra a ditadura das aparências, chamam os jovens a SEREM, não PARECEREM. Não viverem de posses e de poder, e sim de abnegação e pudor. Com que finalidade? PARECEREM castos e puros, quando na verdade não são. São reprimidos que se sentem mal por sentir atração física por outra pessoa.

Ok, mas e a essência da palavra 'humildade'? Muito bem, realmente a essência dessa palavra parece virtuosa. Humilde é o sujeito que NÃO se vangloria por ser melhor que os outros. Mas há uma premissa EXPLÍCITA nessa definição: o sujeito PRECISA ser melhor que os outros. Ser melhor que quem? Depende da base de comparação. Se o Bill Gates e eu estivermos juntos e ele disser que tem 50 bilhões, ele está deixando de ser humilde? Ora, mas ele não trabalhou, teve idéias, gerenciou, administrou, viveu pela empresa que hoje lhe dá essa cifra? A pessoa sentir alegria por ser recompensada pelo seu trabalho é, por si só, matar uma virtude? Não, acho que não.

Então humildade é outra coisa. Vejamos: e se o Bill está feliz, espalhando a todos que tem 50 bilhões, aí aparece o sultão de Brunei e fala que tem 100 bilhões? O sultão não está sendo humilde? Bom, ele acabou com a alegria do Bill. Mas e daí? Se a alegria do Bill é baseada nisso, então o sultão não tem culpa por estragá-la.

Acredito que humildade (no sentido essencial da palavra, não no uso que as pessoas fazem dela) seja o ato de não sentir essa alegria em um momento em que não faz sentido sentí-la. Se alguém está passando fome ao lado de Bill, ele não tem a menor obrigação de ajudar essa pessoa, e tem todo o direito de continuar sentindo-se feliz pelos seus 50 bilhões, ENTRETANTO explicitar essa alegria naquele momento é desnecessário. Mas seguindo essa idéia, o sultão também deixou de ser humilde, pois não havia necessidade de falar ao Bill que ele tem 50 bilhões a mais e acabar com sua alegria.

Humildade, portanto, resume-se a:
1 - Ser melhor que sua base de comparação.
2 - Deixar todos ao redor (que são os que vão dizer quem é virtuoso) saberem que você é melhor que sua base de comparação.
3 - Deixar que a base de comparação pense que é melhor que você.

Nota-se que ser humilde é, na verdade, enganar o coitado, fazendo com que ele ache que é melhor que você, e de uma forma que todos ao redor tenham dó do coitado que se acha melhor. Assim, você será aplaudido por não acabar com a alegria do coitado por ser melhor que ele.

Ops, mas que virtude é essa que consiste em alimentar o vício alheio?