12 novembro 2007

Tropa de Elite - Parte 3

A esquerdização das universidades - parte 2
Vamos colocar da seguinte forma: a sociedade tem duas margens. Os que efetivamente não seguem o establishment , os bandidos, os que ferem as liberdades de outros cidadãos, e os que seguem, mas desejam mudá-lo, criar uma nova ordem. Esse segundo tipo são os teóricos. E onde eles estão? Pois é, nas universidades. Os jovens são sempre contra o establishment. Os velhos já se acostumaram ao sistema, os jovens ainda têm esse ímpeto que revoluciona. Por outro lado, os velhos têm a experiência, e os jovens não querem perder tempo pensando. Isso é bom, pois, no geral, são os jovens que trazem mudanças, e a maioria das mudanças são boas.

O problema é unir esse ímpeto juvenil com a idiotice de alguns teóricos. O ideal seria a experiência dos mais velhos conter o ímpeto juvenil, e o ímpeto juvenil movimentar a estagnação dos mais velhos, o que levaria tudo a um equilíbrio positivo. Mas não, o Brasil é traumatizado, a direita é má, vamos dar ouvidos a tudo que a esquerda diz, eles é que são bonzinhos, etc, e, depois da redemocratização, quem era de direita simplesmente não tinha condições de continuar lecionando. Em 1995, quando cheguei à quinta série, todos os meus professores de geografia e história já eram de esquerda, e contavam a história deturpada, exaltando os valores da revolução soviética, colocando tudo como uma luta de classes, como se a sociedade fosse dividida em preta e branca, sem tons de cinza.

Ora, sabemos, por Gramsci, como deve ser a revolução sem violência: pela educação. Reescrevendo a história. E hoje a primeira geração verdadeiramente pós-redemocratização chega à universidade. No geral, é uma geração apática, que aguarda um super herói (resultado da esquerdização, que prometia mundos e fundos em sistemas diferentes, essas coisas). As pessoas clamam por mudança, mesmo sem saber exatamente o que deve mudar, o que está errado, qual é o caminho certo, se há um caminho certo. Lula foi eleito prometendo mudar - não dizia o que. Assim é fácil.

Essa geração, que chega à universidade, não tem oponentes. Não tem um sistema que cerceia sua liberdade de expressão. Não tem como mostrar aos filhos foto brigando com a polícia, mostrando como é revolucionário. É uma juventude, no geral, frustrada, por ter acreditado tanto em professores que pregavam o caminho para a terra prometida. Eles precisam de um oprimido! Mas não há mais opressor, o que fazer? Criar um: o pobre. O oprimido, que antes era o que queria liberdade de expressão, agora é simplesmente o pobre. O pobre pode ser bandido, mas, nesse caso, é justiça social. As leis nunca valeram para a esquerda e seus oprimidos, e continuam não valendo, como vimos no episódio do assalto de Luciano Huck.

O filme Tropa de Elite simplesmente mostrou isso: jovens que precisam de um opressor para chamar de seu, e escolhem a polícia para ser esse opressor mau. Jovens que vêem a polícia como inimigos. Quando alguém pega um fuzil, atira contra policiais, e acabam matando alguém que não tem nada a ver, a culpa recai sobre a polícia, e fazem passeatas contra a violência. Nunca contra o traficante. A maioria das vezes contra a polícia. No máximo, quando é claramente evidente que a polícia não teve nada a ver (caso de João Hélio), a culpa recai sobre...a sociedade. Nunca sobre os que cometeram o crime, pois esses são os neo-oprimidos, os coitadinhos que não tiveram outra opção a não ser pegar uma arma e vender drogas, ou roubar quem não teve outra opção a não ser trabalhar e pagar impostos (pois sua moral não permitiu roubar nem vender drogas).

Na verdade, parece que é natural do brasileiro ser condescente com tudo, aceitar tudo, como se, no fim, cada um de nós sempre tem uma culpa a carregar. Como se eu fosse obrigado a sentir culpa por ser um privilegiado pelas coisas que eu possuo, como se isso não fosse graças a uma série de fatores que somente aconteceram graças exclusivamente a mim mesmo, e outros fatores, menores, que dependem até da sorte. Quando eu era mais novo, ouvia que a diferença de colonização entre nós e os americanos é que nos destinou ao terceiro mundo. Depois vim a saber que, em 1900, tanto na questão econônica quanto na militar, Brasil e EUA estavam em paridade. O que nos fez perder, e o que os fez vencer? Talvez a ética protestante e o espírito do capitalismo, e a culpa infinita da doutrina cristã ajudem a explicar muita coisa. Talvez...

Nenhum comentário: