10 dezembro 2010

Tratamento ético aos animais

Você come carne ou ovos? Se sim, sabe qual a origem deste alimento? O animal que você estará saboreando no almoço teve uma vida o mais próximo do natural possível? Ou viveu apenas 6 meses, confinado, torturado, com uma lâmpada na cara que fica acesa por 6 horas seguidas, depois apagada 6 horas seguidas, simulando um dia e uma noite na metade do tempo, de modo a forçar o animal a pôr ovos na metade do tempo?

No mundo todo, principalmente em países com pouco espaço, há pecuária realizada por meio do confinamento. Os bois e vacas são mantidos em pequenos currais, onde não podem andar, correr, manter laços com outros de sua espécie, comer pastagens naturais. São forçados a comer a mesma ração no tempo arbitrariamente determinado. São tratados como máquinas. Imaginem uma vida assim. Pensem nos escravos. Um absurdo que isso tenha existido no Brasil, não? Pois então, a vida deles era melhor do que a vida a que são submetidos muitos animais. Mas, no caso do Brasil, isso praticamente não existe. O gado bovino é criado quase exclusivamente de forma extensiva, ou seja, os animais são soltos, comem pastagem. Por isso, quero me dedicar mais às aves, que, no caso do Brasil, são os animais que sofrem mais (e, numa escala de sofrimento, os porcos vêm em segundo lugar).

Certamente todos vocês já viram um caminhão levando galinhas, não? Todas aquelas gaiolinhas amontoadas, com tão pouco espaço que as aves não conseguem sequer abrir as asas. Alguns animais ficam na parte de baixo, no fundo. Imaginem respirar naquele canto onde nem a luz do dia alcança. Agora imaginem que aquilo É A VIDA daqueles animais. Elas sairão do caminhão e continuarão naquela mesma gaiola o resto de suas vidas, sem poder ciscar, passear, esticar as asas. Alguns produtores arrancam o bico das aves, afinal, elas são apenas máquinas, certo?, onde se coloca a ração em um lado, e se recolhe o ovo no outro. Como já mencionei, há lugares em que, para se obter mais ovos, e, sabendo-se que o ciclo de produção de ovos das galinhas é baseado em dia/noite, enfia-se uma lâmpada na cara das galinhas, para que o ciclo dia/noite ocorra na metade do tempo. Claro que há “pequenos” efeitos colaterais: uma galinha criada solta vive até 6 anos. Uma galinha nessas condições vive 6 meses. Mas tudo bem, não é? A carne dela também será aproveitada. Ou será vendida, ou será transformada em ração para outras galinhas.

Bem, há coisas muito, MUITO piores do que eu descrevi aqui (como pintinhos sendo jogados vivos em máquinas de moer), mas aí já estaria beirando o sensacionalismo, já que, no Brasil, essas coisas piores seriam exceções. A regra, entretanto, é aquilo que descrevi: confinamento.

Pessoal, isso não vai acabar enquanto não houver um sistema alternativo. As pessoas não deixarão de consumir ovos ou carne, pois essas torturas acontecem longe de nossas vistas da cidade grande. A solução é asfixiar financeiramente essas empresas não-éticas. Deixar de comprar de quem produz às custas de sofrimento alheio! E como fazer isso? Como, no supermercado, saber qual ovo veio de uma galinha torturada e qual veio de uma galinha que viveu (e talvez ainda viva, já que uma galinha vive bastante tempo) livre? Este é o objetivo deste e-mail.

Existem certificadoras, empresas que verificam se o processo de produção é feito respeitando o animal e seu bem-estar, e dão selos a empresas que atendem estes e outros requisitos.

Neste link você pode ver sobre a certificação. Neste, dá pra ver como saber, pelos rótulos, qual empresa utiliza um sistema de produção ético (dêem preferência para alimentos orgânicos certificados!). Aqui, você confere dicas para ajudar a acabar com o confinamento de animais.

Neste site, se você se interessar, você pode ver vários outros tipos de absurdos que são cometidos com os animais. E aqui, você tem acesso a várias certificadoras, e você pode ver como funciona esse processo, que é regulado pelo governo.

Gente, eu não estou falando pra paramos de comer feijoada, ovo, churrasco, etc, etc. Isso é muito bom, e se, para termos essas coisas a única opção for torturar os animais, eu estou certo que a tortura jamais acabaria. Estou apenas dizendo o seguinte: há opção! Dá pra continuarmos comendo essas coisas, mas oferecendo uma vida plena, sem torturas, a esses animais.

Só pensem sobre isso. Talvez um produto orgânico custe 2 reais a mais, já que, de fato, custa um pouco mais não tratar os animais como máquinas (mas esse valor tende a diminuir quanto mais houver produção deste tipo de alimento). Mas será que não vale a pena pagar 2 reais a mais sabendo que o animal do qual você se alimentará não foi torturado? Eu acho que vale.

07 outubro 2010

Aborto até o nono mês???

Aproveitando que só se fala nisso (por maus motivos), vou dar uma palavrinha também. Vocês já devem ter visto em algum lugar uma moção da igreja contra a lei que legaliza o aborto, nos seguintes termos: "diga não à lei que legaliza o aborto até o nono mês". Ora, que absurdo, claro que eu sou contra uma lei que legaliza aborto até o nono mês! Quem seria a favor disso? Imaginem, o bebê poderia nascer amanhã e seria saudável, e viveria fora do útero materno tranquilamente, e aí a mulher decide abortar? É um absurdo!

Ok, ok. Estranhei. Eu sei que existem leis no Brasil que são ridículas, e tal. Mas a lei que é ridícula não existe no vácuo. Ela tem contexto. E, normalmente, o contexto explica a existência dessa lei. Por exemplo, hoje em dia as pessoas tendem a achar absurdo criminalizar o adultério. Mas, em uma época em que a religião era muito mais forte, e a honra blablabla, fazia sentido que o adultério fosse considerado crime. Hoje não.

Então como pode existir e prosperar um projeto de lei que vai totalmente contra o espírito do tempo? Hm... Curioso. Bom, o que um cidadão faz nessa situação? Suspende o juízo? Fala sobre futebol? Repassa uma corrente na internet? Tá bom, são opções. Mas eu fui atrás desse projeto de lei. E sabem o que eu descobri? Vejam só, a lei libera o aborto em:

1 - qualquer situação, até 3 meses de gestação (sou favorável)
2 - em caso de estupro, até 4,5 meses de gestação (sou contra)
3 - em caso de risco de vida à mãe
4 - em caso de doença grave

Achei até bem razoável. Mas espera aí. Onde está a liberação até o nono mês de gravidez? Você, leitor mais inteligente, já percebeu qual é a jogada. A lei é clara em relação ao tempo de gravidez (3 meses, 4 meses e meio) para gestações normais, mas não especifica tempo em casos de risco de vida, ou seja, em gestações especiais. Mas espera aí. JÁ É ASSIM HOJE! Aliás, em caso de estupro, esta lei é até mais restritiva, já que hoje não há um tempo máximo para este caso. A única mudança que a lei implementaria seria o aborto liberado em qualquer situação até os 3 meses. Ou seja, a lei NÃO é contrária ao sentimento social. E não estou dizendo que a sociedade seja favorável ao aborto, pq acho que não é, mas admite o debate nestes termos (aborto até 3 meses), sendo que jamais admitiria sequer o debate de um aborto de gestação normal até o nono mês.

Perceberam como é fácil, sem mentir (apenas omitindo), colocar a população contra uma coisa que esta população não conhece? Que vergonha, hein, igreja!! Que vergonha!!!

Ps.: sobre a Dilma, nem acho que o problema seja ela ser favorável ao aborto. Ora, cada um tem sua opinião, e se sua opinião, como a minha, for contra o pensamento da maioria das pessoas, vc que aceite pagar o preço, ué! O que não pode é ser favorável a uma coisa polêmica, contrária ao pensamento da maioria, e aí, na boca da urna, mudar de idéia! Aí não, né!

30 setembro 2010

Urubuzando a Bienal


Rolou um debate sobre o uso de animais na arte, e eu fiquei assistindo quietinho, pois ainda não havia formado uma opinião a respeito. O debate deu-se a partir de um texto que uma ONG publicou sobre os urubus usados na Bienal. Segundo o texto, os urubus iriam ficar ouvindo música alta, iriam ficar expostos à luz, iriam sofrer isso e aquilo. Argumento vai, argumento vem, e agora eu tenho uma opinião! Não é lindo? Segue:

Eu fiquei, durante esses dias, lendo os textos de todos, e lendo também o que saía na internet sobre o assunto, e acho que agora já tenho uma opinião sobre o assunto. Mas, antes de mais nada, queria fazer uma correção: diferentemente do que estava no texto do abaixo-assinado, os 50 alto-falantes não tocam música nenhuma. O silêncio deles é parte da obra.

Vamos lá. A princípio, não vi problemas em se usar um animal na obra. Era de se supor que eles seriam bem tratados, e também que não seriam bichos selvagens que foram confinados exclusivamente para a exposição, até pq, se fosse o caso, aí a discussão nem seria sobre arte; seria sobre polícia, e acredito que os organizadores da Bienal não estão interessados em aparecer nas páginas policiais.

Mas, intuitivamente, alguma coisa estava errada, e foi nisso que fiquei pensando durante esses dias. E aqui segue o que eu pensei.
O texto postado neste grupo iniciou uma discussão sobre o TRATAMENTO (foco nesta palavra) dos animais na exposição. Aliás, o próprio texto foca esse aspecto, quando diz que é um absurdo não a exposição em si, mas as condições a que os animais estariam submetidos (os alto-falantes que estariam tocando música alta, o estresse de ficar o dia inteiro sob forte iluminação e sob os olhares e barulhos dos visitantes, etc), de forma que, aparentemente, o texto não condenaria a exposição dos urubus se eles estivessem sendo bem tratados, e foi isso que levou o grupo a discutir as vantagens biológicas do urubu ser dominado pelo homem (e poder ser exposto) versus as dificuldades que ele passaria na natureza, etc.
Na minha opinião, portanto, a discussão estava equivocada. Acho que ninguém discorda quanto a ser imperativo que animais domésticos ou domesticados sejam bem tratados. Além disso, a discussão quase partiu para 'aquilo é arte?', mas, ainda assim, acho que não se discutiu a essência do que estava acontecendo: 'é justo/lícito/correto/ÉTICO que se use animais vivos em uma obra artística?'.

Reitero um ponto, para que fique bem claro: estou 'descartando' a discussão sobre o tratamento dos animais pq acho que isso é um ponto de convergência. O bom tratamento dos animais é premissa, não está aberto a questionamentos, e o texto inicial, com toda a intenção de se mostrar contra o uso dos animais, acabou apelando para a mistificação de que os animais estariam sofrendo, provavelmente com a intenção de sensibilizar ainda mais o leitor, mas isso fez com que se escapasse a discussão principal, que é essa que estou propondo agora (e que propus a mim mesmo enquanto pensava sobre tudo o que vocês escreveram): 'é correto que se use animais vivos, ainda que bem tratados, na arte?'.

Para balizar minha opinião, utilizei a igual consideração de interesses, tema do Peter Singer. Questionei-me:
- Ser exposto numa obra de arte trará de forma objetiva e incontestável algum benefício para o animal?
Evidentemente a resposta é 'não', já que ele seria (deveria ser) bem tratado de qualquer forma. Pior ainda se estivermos falando de um animal selvagem, capturado apenas em nome da arte.
- Ter o animal exposto numa obra de arte trará de forma objetiva e incontestável algum benefício para os homens?
A resposta também é 'não', já que qualquer tipo determinado de arte é sempre contingente, nunca necessário (o que não significa que a arte em si não seja necessária; mas existem infinitos tipos de arte, e aquela específica que usa os urubus não é necessária).

Reparem que estas questões, se aplicadas ao uso de cobaias, ou ao uso de animais na alimentação, trarão respostas diferentes, já que há sim benefícios claros e inequívocos aos homens na criação de vacinas e medicamentos, e a alimentação nem precisa ser argumentada, certo?

Bem, por esses motivos acho que o uso de animais como 'obras de arte' deveria ser proibido. Aliás, acredito que os animais possuem o mesmo grau de inimputabilidade de uma criança, o que nos leva, no mínimo, a pensar se o tratamento dispensado a ambos não deveria ser o mesmo. Imaginem uma criança que mora na rua, que é espancada pelos pais, sendo exposta numa obra de arte (atenção: ela não estaria sendo exposta POR CAUSA dos maus tratos que sofre, mas seria um complemento da obra, seria parte da obra, e não A obra), e, questionado, o artista diria que ela está sendo muito bem tratada, recebe 3 refeições por dia, cuida da higiene, e está muito melhor na exposição do que estava antes, na rua ou apanhando dos pais.

Ah, já admito logo: sou especista, o que não significa que acho que podemos maltratar os animais à vontade. Há formas de utilizá-los para o bem da humanidade sem fazê-los sofrer, ou ao menos evitando ao máximo qualquer sofrimento desnecessário.

E, pra finalizar, minha opinião sobre aquela obra de arte específica: acho uma idiotice usar os urubus. Acho que ficaria mais significativo se, com os 50 alto-falantes mudos, o artista formasse a imagem de um urubu, por exemplo.

08 julho 2010

Os Dissidentes Cubanos

Ah, Cuba libertou 52 presos políticos? Que bom... Quantos ainda faltam?

Mas o mais engraçado é ver gente que até ontem dizia que Cuba os prendeu por serem agentes americanos, traidores, etc, e hoje diz que a libertação é uma demonstração de como Cuba é democrática...

Pera aí, mas se eles eram traidores, agentes infiltrados, então eles deveriam continuar presos, ora! Se foram soltos, é porque não eram traidores, nem agentes coisa nenhuma: eram presos políticos mesmo. Cometeram crimidéia.

Ai, ai, nem o governo de Cuba está colaborando com esses esquerdistas que defendem Cuba. Os coitados precisam ficar "mudando os fatos" a cada dia...

19 março 2010

É pra rir de quem?

Vejam a imagem abaixo:




Essa imagem é a quinta neste post do Kibeloco:
http://kibeloco.com.br/kibeloco/2010/03/18/pracas-do-braziu-partes-246-a-255/

Daí vem o título deste post. É pra rir de quem? Na certa, um ignorante metido a engraçadinho viu e pensou que o cara que escreveu era um pobre... ignorante. Ocorre que brava é uma espécie de mandioca, e, de fato, ela é venenosa. Aquela placa pode ter salvo a vida de algumas pessoas mais humildes, que pensam duas vezes antes de rir de alguma coisa.

Por isso que, antes de corrigir alguém, é muito bom pensar 10 vezes. Será mesmo que a pessoa está errada?

10 fevereiro 2010

O ateu e o suicídio

Deve ser muito legal ser um espírita, ou um hindu, ou um budista, ou de qualquer religião que acredita em reencarnação. Um mundo assim seria bem melhor.

Veja o caso de quem é cristão: se a vida dele é uma merda, ele não pode se matar, senão, depois de sabe-se lá quanto tempo até o cristo retornar, ele (o cristão) vai pro inferno. Muçulmano ainda pode ganhar 72 virgens, mas pra isso ele tem que se matar levando um monte de gente, então também não deve ser legal, acho.

Judeu eu não sei, mas se matar deve ser ruim também, pq eu lembro que no cerco de Massada, fizeram um esquema em que sortearam quem mataria quem até sobrar o último, que se matou, e isso tudo para que somente um sofresse as consequências do suicídio.

O espírita tecnicamente pode se matar sem problemas. Ele vai voltar numa escala mais baixa da evolução espiritual, é verdade, mas vai ter chance de refazer o caminho. Suicídio pra um espírita (logicamente falando, claro), é como desligar a máquina e colocar uma ficha de novo: você volta lááá atrás, mas volta.

Já o ateu, coitado, pior de todos! Pra esse, como não há perspectiva nem de um céu, nem de uma reencarnação, se matar é uma bobagem! Todas as fichas dele estão apostadas nessa única vida. E nem sentido ela tem! Mas se ele se matar, não vai ganhar NADA. Não vale a pena para o ateu se matar, simplesmente isso.

O cristão, mesmo indo para o inferno, pode fazer isso como um martírio. Como há uma vida após a morte, ainda pode haver alguma chance de deus ter alguma piedade dele e tirá-lo do inferno. Ou mesmo antes de ir para o inferno, durante o julgamento, deus pode concordar que deu uma vida de merda pro cidadão e fazer vista grossa pro suicídio dele. Isso deve valer também pros muçulmanos e pros judeus. O deus dos três é o mesmo, né...

Mas o ateu não tem chance. A vida dele está exclusivamente na carne, no físico (a dos religiosos também, visto que tudo que se encontra nos céus das religiões é prazer carnal: leite e mel, virgens para deflorar, sei lá, plástico-bolha?, mas isso é outra história).

Resumindo: quando o ateu tá na merda, vale mais a pena aproveitar a merda... ele não terá nem merda depois pra aproveitar.