29 setembro 2007

Pobres indiozinhos...

Nunca havia pedido comentários de leitores em NENHUM dos meus posts. Para este eu vou pedir. Por favor, me ajudem a entender isso...

Sou só eu, ou alguém mais acha que esse negócio de reserva indígena é igualzinho um zoológico, onde tratam um ser humano como um bicho a ser pesquisado, visto, admirado, etc, no mais próximo de seu habitát natural? Como se houvesse habitát natural para seres humanos...

Tipo, o cara é confinado numa aldeia no meio de uma floresta, privam-no de água quente, comida congelada, carros, roupas, remédios, cinema, Lost, Heroes, e algumas pessoas vem dizer que isso é pra, de alguma forma, reparar um erro do passado?? Como assim? Pq os portugueses vieram aqui e tomaram a porra toda, vamos selecionar alguns descendentes dos que sofreram no passado para continuarem sofrendo agora, sem o conforto e a qualidade de vida que a nossa sociedade moderna pode dar, é isso?

E pior: quem disse que foi ruim os portugueses terem tomado a porra toda? Ué, eles usaram a força, uma forma LEGÍTIMA de se tomar territórios. Caso alguém tenha esquecido, isso acontece desde sempre. Inclusive, se é pra ser bem purista, é preciso lembrar que os humanos vêm tomando territórios de outros grupos (tanto da mesma espécie quanto de outra) desde que saiu da África, e nem por isso alguém pensa em criar um clone de neandertais para devolvê-los a Europa, pensa? Ou, melhor ainda: alguém acha que o estado de Israel deveria deixar de existir, pq simplesmente os hebreus tomaram aquela porra toda, à força (mesmo expediente dos portugueses, portanto), dos cananeus e filisteus? Eu sei quem pensa assim. O presidente do Irã, aquele que todos chamam de louco.

Acho que esse papo de 'preservar' a cultura no rabo dos outros é fácil né! É fácil fazer o índio ir lá dormir numa oca enquanto se dorme numa caminha confortável com ar-condicionado no calor e aquecedor no frio, e ainda convencê-lo de que isso é pra o bem dele! Galera, hellooooo?, as culturas SEMPRE morrem em detrimento de uma mais moderna, mais nova, e NA QUAL EXISTA MAIORES FACILIDADES. Não foi assim com o cristianismo, tomando a porra toda do paganismo? Não foi assim com Roma tomando metade da Europa e, graças a isso, agora nós todos somos latinos e falamos línguas latinas?

Sei lá, é como eu disse no começo: pra mim, parece que estamos falando de bichos no zoológico. Vamos lá ver a cultura dos índios no seu habitát natural? Não parece um dos diálogos de Admirável Mundo Novo? Bom, é pq É um diálogo de Admirável Mundo Novo. Aquele povão bonito, europeu e sexualmente livre gostava de dar uma passadinha na América pra ver aqueles selvagens e sua cultura ignorante, cheia de deuses e crenças e sexualmente reprimido.

Por favor, DEIXEM comentários! Eu gostaria MESMO de entender NO QUE se está ajudando o índio deixando-o à margem da sociedade em nome de manter uma cultura que NEM O ÍNDIO quer, pois, se quisesse, mantê-la-ia sem a ajuda do abominável homem branco! Se é preciso uma força-tarefa para esse tipo de coisa, é pq a cultura, sozinha, não sobreviveria. Então, o que temos é uma cultura artificial. Me ajudem, vai...

26 setembro 2007

Capitalismo e Confiança - Parte 2 de 2

Leia o post anterior.

Continuando...
Pq não existe estado? Pq o estado é parte abstração, lembram-se? Por enquanto estamos falando APENAS da dominação real, propriamente dita. O estado vai passar a existir quando essa dominação deixar de ser real, baseada puramente em força física (do grupo ou individual), e passar a envolver crença. Tipo, um grupo, não necessariamente o mais forte, passa a ser o dominante. Ora, mas pq o grupo mais forte aceitaria isso? Pq ele tbm ACREDITA que há algo superior a ele.

Ou seja, a formação do estado DE FATO acontece quase que em paralelo à formação de uma noção de justiça. Somente depois que os indivíduos, mesmo os mais fortes, passam a ver o grupo, o coletivo, como superior, e, portanto, passam a respeitar o mais fraco por MEDO do mais forte (o mais forte, agora, é o coletivo, não um grupo ou um indivíduo específicos) é que começam a existir o estado e o judiciário de fato.

Mas pq a justiça é SÓ abstração e o estado não?
Bom, pq o estado tbm é força física, ora. Representado pelos PMs que vão (deveriam) te arrebentar se vc invadir uma reitoria que não é sua, ou pelo exército que vai (deveria) invadir as bolívias da vida (outros estados) que resolvem tomar o que é meu (nosso, do coletivo, do estado), a força física existe DE FATO. E a justiça? Não. Ela é só um prédio escrito STF, ou um velhinho com uma roupa bonita, ou coisa parecida. E as pessoas ACREDITAM que os velhinhos bem-vestidos são juízes, são detentores da justiça. Quer dizer, da JUSTIÇA. Claro que elas também acreditam nisso pq esses velhinhos comandam a força do estado. Resumindo: o estado é metade abstração, metade real. O judiciário é somente abstração. Além: o judiciário é EXTENSÃO da parte do estado que é abstração.

Ok, eu misturei duas coisas que podem existir uma sem a outra: formação do estado e capitalismo. Podem? EU, do baixo da minha sapiência, acho que não podem não. Sem no mínimo essas duas zonas de poder eu não acredito que possa existir capitalismo, pois este tem como base (voltando à vaca fria) a DESconfiança entre as pessoas. Nota: o estado-força e o judiciário são as zonas de poder, sendo que no Brasil e em muitos países esses dois entes são menores do que se fossem apenas dois, e existe um terceiro, que abocanha um pedacinho de cada um dos dois anteriores: o legislativo, que é o que diz COMO o judiciário vai COMANDAR o estado-força, que vai NEGOCIAR com o legislativo para que este DIGA ao judiciário para COMANDAR de tal forma o estado-força, e blablabla, e viram que o negócio é cíclico? Claro, cíclico em democracias.

E o que uma coisa (estado) tem a ver com outra (capitalismo)?
Ora, simples (tá, nem tanto): as pessoas fazem contratos. Não pq confiam umas nas outras, mas pq confiam num ente superior (o estado-conjunto, formado por tudo que representa a força e a justiça) que vai OBRIGAR ambas as partes a manterem a palavra dada, sob pena de sofrerem alguma punição física. Sem essa ameaça de punição, as pessoas seriam todas espertonas, e o capitalismo não pode existir onde todo mundo é esperto e quer passar a perna no próximo. E se a justiça é lenta, abre espaço para um monte de espertões, que vão fazer contratos e não vão cumprí-los, e aí o capitalismo tem c minúsculo.

O Brasil tem a primeira base: o estado. Falta agora a segunda parte. Só que caímos em um paradoxo que leva a uma outra discussão: no Brasil, a justiça é lenta pq todo mundo é espertão, ou todo mundo é espertão pq a justiça é lenta?

Lembrando que a justiça também não é absoluta, e é baseada em conceitos morais. Outra discussão.

Ah, posses e riqueza tbm são morais e baseadas em CRENÇA de que você possui as coisas. O estado natural de todo mundo é a mais completa miséria, ou seja, não é o capitalismo que faz as pessoas miseráveis, pelo contrário, é ele quem tira algumas pessoas da miséria. Outra discussão.

25 setembro 2007

Capitalismo e Confiança - Parte 1 de 2

"É uma obviedade, mas não deixa de ser assustador verificar que todo o sistema capitalista se baseia na confiança entre seres humanos, essa gente de pouca confiança."

Li essa frase no Barnabé, é de post antigo e refere-se a uma página que nem existe mais. Discordo veementemente. Na minha opinião, a anarquia, essa sim, é inteiramente baseada na confiança entre seres humanos, essa gente de pouca confiança. Justamente por isso a anarquia será implantada no dia 32 de fevereiro.

O capitalismo não é baseado em confiança. É exatamente o oposto: baseado em DESconfiança. A base do capitalismo é um estado que concentre a força da maioria da população, para que não existam grupos que, pela força, imponham suas vontades (o capitalismo nunca será Capitalismo naqueles lugares da África que tribos se matam pelo poder).

A segunda base do capitalismo, que, inclusive, depende da primeira, é um sistema judiciário ágil e que seja confiável. Não adianta o estado ser mais forte do que qualquer outro grupo ou indivíduo se o indivíduo pode ir lá e comprar um juiz! Também não adianta nada eu firmar um contrato com vc, e, se vc descumprí-lo, eu levo 20 anos para ser ressarcido. Vejam que engraçado: esse sistema judiciário precisa COMANDAR a força do estado. Ou seja, o estado não é superior ao indivíduo do ponto de vista da justiça e do cumprimento de deveres.

Engraçado pq? Pq, vejam, o que vem primeiro? A união das pessoas para formarem grupos cada vez mais fortes (tchans: um pré-estado!), ou um complexo sistema judiciário baseado em direitos individuais e coletivos, deveres idem? Obviamente, a união dos bichinhos, né? Até peixes se unem contra ameaças externas...

Mas existe um porém: o sistema judiciário é uma abstração. Ok, o estado também é, mas e daí, se ele tbm existe de fato? O sistema judiciário é SÓ abstração. Levado do mundo das idéias ao plano, digamos, físico, ele é uma pessoa, que pode ser comprada, que pode errar, que pode ter um amigo precisando de ajuda (ou seja, não dá pra levar a JUSTIÇA ao plano físico, já que sua representação seria um homem, falho e tolo como qualquer outro homem). Mas, quando o até então macaquinho amestrado que sabe usar polegar opositor e andar ereto põe uma toga, tchaaaaans, vira um JUIZ, a representação do que há de mais belo e virtuoso. Mas, como eu já disse, ele só é essa representação pq o estado (a força) o reconhece como tal. As pessoas ACREDITAM que DÁ pra trazer a JUSTIÇA ao plano físico. Mas tudo não passa disso: crença pura.

Então, vejamos: primeiramente, existem os conglomerados de forcinhas para fazer uma forçona. Aí essa forçona é, obviamente, um grupo ou um indivíduo (nesse caso não é necessariamente abstração, já que o grupo, ou o indivíduo, pode EFETIVAMENTE ser mais forte do que o resto, o que não acontece no caso da justiça). Até aqui, temos que, antes de haver o capitalismo, passar por alguma forma de dominação autoritária/totalitária. Ah, ainda não existe estado.

Continuo amanhã.

21 setembro 2007

Hacker nos olhos dos outros é refresco...

Engraçado ver o tempo passando... Esses dias eu vi um site hackeado. Zoaram o site do SBT, e deixaram uma mensagem de protesto contra a corrupção. Nada diferente da minha época, quando eu também deixava meu *nome* por aí: uma mensagem engraçadinha e irônica direcionada ao admin do site, a mensagem propriamente dita, e a despedida com nomes de colegas de "profissão".

O que me chamou a atenção foram duas outras coisas: o Português da galera melhorou MUITO. Agora praticamente não existem erros de grafia, e as coisas estão mais pra vírgulas faltando ou sobrando do que pra "menas", "pank", etc... E, o principal, agora as mulheres começam a praticar mais essa dúbia arte, que é encher o saco de quem trabalha pra botar algum conteúdo no ar.

Pois é, agora eu estou do lado dos mocinhos, mas não na publicação ou administração de site, e sim na criação. E nada mudou. Vendo logs, e observando o padrão das invasões (defaces seria o termo correto, mas não ligo), é fácil perceber que a imensa maioria dos auto-denominados hackers continuam sendo molequinhos(as) que querem aparecer (eu queria tbm ué!), que colocam nomes cheios de caracteres especiais (!@#$¨&*) e não passam de script kidies, ou seja, não CRIAM nada, apenas se aproveitam de alguma falha que outra pessoa descobriu e ficam apenas vasculhando a internet, virando madrugadas procurando sites vulneráveis.

Claro que esse terreno ainda é dominado por homens (meninos, vai), mas a quantidade de mulheres perdendo tempo fazendo essas bobagens até me impressionou. Na minha época (ô delícia escrever isso) as meninas eram mais criativas. Evil Angélica sim era o que eu queria pra minha vida. Até hoje ninguém sabe quem é ela, de que país é, o que a motivava. As melhores invasões eram dela. As mais engraçadas, as mais espirituosas. O que terá acontecido com ela? Deve ser gerente de projetos pelo mundo...

Nossa, quanto mais eu penso nessas coisas, penso na vida, no dia-a-dia das pessoas, eu tenho mais certeza que Elis estava certa, e somos todos como nossos pais (metaforicamente falando, né)...