25 agosto 2007

A maior tristeza - O último segundo

No último segundo da minha vida
Senti o gosto doce do sangue quente
Atravessando minha garganta, minha boca
Escorrendo por meu rosto

No último segundo da minha vida
Vi o olhar impiedoso da criança
Que eu fui, e serei novamente
Empunhando a espada contra meu peito

No último segundo da minha vida
Ouvi meu próprio grito
Saindo vermelho de minhas entranhas
E nada mais, além do som do vento

No último segundo da minha vida
Eu chorei minha última lágrima
Guardada por anos, p/ essa ocasião
Escorrendo, e tornando-se vermelha no meu sangue

No último segundo da minha vida
Eu lembrei de bons momentos do meu passado
O passado que estava morrendo
P/ dar vida àquela criança

No último segundo da minha vida
Eu sorri, pois entendi que minha vida não acabou
Olhei a criança, meu futuro, matando seu passado
E vi que o último segundo da minha vida
Era o primeiro de minha nova vida

24 agosto 2007

A maior tristeza - Início

"Se eu pudesse começar de novo
A milhões de milhas daqui
Eu me guardaria
Eu acharia um caminho."
Hurt

20 agosto 2007

Puta Sacanagem...

Mas essa eu não entendo mesmo. Pq o dono do Bahamas foi preso numa investigação referente à queda do avião da Tam? Daqui a pouco vão culpá-lo por isso. A acusação para a prisão, entretanto, foi o indefectível favorecimento e exploração de prostituição. Bom, o que tem isso a ver com a queda do avião da Tam, eu não sei. Disseram que o hotel dele ficava próximo à rota dos aviões. E que não fica, em Congonhas? Nem vou tentar entender a conexão.

Quero mesmo é tentar desvendar os mistérios desse tal favorecimento e exploração da prostituição. Em tempo: não estou falando de escravos sexuais, pessoas que são trancafiadas, tratadas como mercadoria, etc. Estou falando do Bahamas, pô! O lugar é basicamente uma balada e um hotel. Existem muitas outras baladas e hotéis. A clientela vai ao Bahamas por causa das prostitutas que prestam seus serviços por lá. Como em tantos outros lugares.

Até aqui, ok? Resumindo: o cara abre uma balada onde as prostitudas vão, por livre e espontânea vontade (aliás, elas TENTAM ir, pois aquilo tem até fila de prostitutas querendo trabalhar por lá), e um hotel. No hotel podem passar a noite tanto uma dupla de freiras quanto um ricaço com 200 mulheres numa orgia. Na verdade, o cara apenas cede um espaço para que seus clientes passem a noite. Se a mulher que acompanhar o cara é uma psicóloga que vai ouví-lo, ou uma prostituta que vai, bom, vc sabe..., o problema não é do cara. Aliás, o que eles (os clientes) vão fazer lá no hotel é problema deles, não do dono do hotel.

É aí que eu me perco. Ora, e daí que o cara cede o espaço e ocorre prostituição? Se um cara pegar uma prostituta na rua e levá-la para um motel, o dono do motel será preso? A dinâmica é a mesma. Aliás, nessa situação, das prostitutas ficarem nas ruas, o Estado não deveria ser responsável pelo crime de favorecimento de prostituição, e o motel pelo crime de exploração de prostituição?

Aí eu me perco de novo. Prostituição não é crime. Pq FAVORECIMENTO de prostituição é? Aí eu me perco DE NOVO... Se favorecimento de prostituição é crime, pq o Ministério do trabalho dá dicas de competência para prostitutas, como por exemplo (e atentem-se ao primeiro, com meu comentário):
- Demonstrar capacidade de comunicação em língua estrangeira (Turismo sexual não é crime?)
- Conquistar o cliente
- Demonstrar sensualidade
(No campo Recursos de Trabalho existe a indicação 'Álcool'. Tipo, o Ministério indica que as prostitutas devem usar o álcool em sua profissão. Não sei se é para embebedar o cliente, ou para elas próprias ficarem mais 'soltinhas'.)

Nossa, como é difícil entender esse país! Se o cara abre uma balada onde prostitutas vão e arrumam clientes por livre e espontânea vontade, é preso por favorecimento e exploração de prostituição. Mas o próprio Estado fornece lugares onde as prostitutas arrumam clientes e o nosso Ministério do Trabalho dá dicas de como uma prostituta deve agir, incluindo sugestões sobre turismo sexual. Tsc, tsc... Dr. Plausível, tem algo a dizer a respeito? Ajuda-me...

Mais 'sugestões' do Ministério do Trabalho sobre atividades de uma prostituta:
- Realizar fantasias eróticas
- Fazer compras para o garimpo
- Lavar roupas dos garimpeiros
- Fazer companhia ao turista
- Respeitar código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho
- Demonstrar capacidade de persuasão
- Demonstrar capacidade de expressão gestual
- Demonstrar capacidade de realizar fantasias eróticas

Descrição completa em:
http://www.mtecbo.gov.br/pdf/template_5198.pdf

Ah, acho que se eu tivesse frequentado e, digamos, contratado os serviços de alguma garota do Bahamas, entraria na justiça para reaver meu dinheiro, utilizando os mesmos argumentos do Ministério Público. Ora, e o cliente, também não é explorado, torturado, e praticamente OBRIGADO a gastar uma alta quantia depois de ver aquelas mulheres indecentes?? (Ironia, ironia...)

12 agosto 2007

Reinaldo Azevedo

Até gosto do Reinaldo Azevedo. Politicamente, o homem é inteligente. Mas de resto, é um religioso comum. Hoje, afirmou em seu blog MAIS UMA VEZ que o catolicismo tem caráter civilizador, que é graças a ele que hoje existe o reconhecimento aos direitos individuais. Ridículo. Os direitos individuais existem exatamente graças aos que se opuseram à igreja católica. Dependesse da vontade da própria igreja, todos seriam católicos e pronto. Como em outros tempos. E isso é natural. É o que define uma religião monoteísta: não aceitar sequer a possibilidade da existência dos deuses das outras religiões.

Reinaldo é tão lógico, e orgulha-se tanto disso, mas quando começa a falar de crenças esquece completamente desse detalhe. Ele fala, por exemplo, que entende os ataques israelenses, pois os palestinos sequer aceitam a existência do estado de Israel. Analogamente, isso também acontece com o cristianismo, ao não aceitar outras crenças. Entretanto, o catolicismo só não apela às armas pq não domina mais os estados.

O mais engraçado é que, ao falar das matanças e torturas promovidas pela igreja, recorre ao mesmo argumento usado por petistas: 'ah, mas os outros são piores'. Ele SEMPRE ataca o comunismo como exemplo de quem matou mais. Ora, e daí? O problema não foi o fato de terem torturado e matado. Afinal, mataram e torturaram mesmo que os outros... Que ridículo.

Este texto que escrevo é uma crítica em especial a um texto dele, que ele defende a manutenção de uma vida precária, como por exemplo a vida de Terry Schiavo. Ora, a pessoa é um vegetal, e ele quer defender o direito dos pais dela de, como ele mesmo diz, 'regarem seu gerânio'. Que ridículo! Como assim? O que importa não é a mulher estar presa a um sono eterno, a uma dependência de máquinas, se alimentando, defecando, urinando numa situação, no mínimo, não muito honorável. O que importa é o orgulho de pais que regam um gerânio! Será que eles mostram seu gerânio aos amigos?

Esse papo todo da igreja de defesa da vida é absurdo. Eles usam esse argumento como se quem é a favor do aborto e da eutanásia, por exemplo, fosse CONTRA a vida. É quase um argumento petista: desqualificar ao máximo o oponente ideológico ao invés de atacar os argumentos. E pior, desqualificar usando mentiras. Eu, que sou praticamente a favor do aborto e da eutanásia sou a favor, sim, da vida. Mas sou a favor de uma vida de qualidade. Viver amarrado a máquinas, sem consciência, com alguém para limpar minhas fezes não é viver. Sou a favor de que mulheres não sejam punidas com um filho não desejado. Não é assassinato, já que uma célula não é uma pessoa.

Concluindo, acho Reinaldo extremamente inteligente no âmbito político. Mas totalmente incoerente, já que suas posições libertárias e a lógica esbarram em suas crenças. Aliás, estou pra ver alguém libertário em todos os sentidos. O Alex Castro já virou esquerdista, não é mais liberal. É a favor de cotas para negros. Sei lá que mais. O Reinaldo é o contraponto do Alex. Gosto dos dois. E odeio os dois.

05 agosto 2007

Pseudo-ateísmo

Bom, faz tempo que não escrevo. Meu tempo anda bem escasso, culpa do meu trabalho. O pouco que sobra, dedico à faculdade, sobra essa que, aliás, é menor do que eu gostaria que fosse. Me sobra quase nada pra discussões, debates filosóficos. Mas nesse pouco, nas últimas semanas, encontrei um certo tipo de pessoa que, apesar de eu já ter visto algumas desse tipo, nunca achei que eram tantas.

Normalmente este blog briga muito com os crentes. É aquela coisa: não existe nada que sugira a existência de Jesus, mas os crentes juram que ele existiu; não existe nada que sugira a existência de qualquer deus, mas os crentes juram que ele existe; não há lógica nenhuma nos conceitos de deus (onipresença, onipotência, onisciência, bondade completa, livre arbítrio), mas os crentes juram que tudo isso faz sentido. Enfim, resumindo, eles lutam muito contra a lógica. Ou melhor, lutam muito p/ que seus conceitos caibam dentro da lógica, nem que p/ isso a lógica seja completamente deformada e distorcida.

Pois é, mas eis que em algumas discussões que tive, encontrei o que eu chamo de pseudo-ateus. Ser ateu, ao que parece, está na moda. Parece um certificado de superioridade. Como a ciência é o que manda no mundo de hoje, é até engraçado ver religiosos tentando embutir seus conceitos na lógica, e ter fé por simplesmente ter fé parece ser vergonhoso p/ muitos religiosos. Então aquele ser que se acha um cosmopolitano, um filho da ciência, um iluminado, ri daquele que dá as costas p/ lógica em nome de sua fé.

Só que existe um probleminha: NEGAR a existência de QUALQUER COISA é tão lógico quanto acreditar em algo sem ter evidências. Ambas as coisas dependem de fé. Vamos à semântica. Ter fé significa acreditar em algo sem a necessidade de provas. É isso. Ponto. Já tive discussões longas com religiosos que tentavam embutir sua crença em algo lógico e aí criavam novos conceitos para palavras antigas. Por exemplo, mudavam o sentido de onisciência, de onipotência, de fé. Mas os conceitos dessas coisas são bem definidos e não permitem interpretações. Fé é acreditar sem provas e ponto. Onipotência é ter o poder de fazer QUALQUER COISA e ponto. E assim por diante.

Mantendo o foco na semântica, o conceito de ateu é o seguinte: aquele que NEGA a existência de deus. É simples, não é? Bom, não p/ esses pseudo-ateus. A primeira vez que vi alguém que se diz ateu não negar a existência de deus, fiquei verdadeiramente espantado. Ora, como eu iria argumentar contra essa nova informação? Precisava pensar... Bom, na verdade, precisava pensar não na informação que me havia sido colocada, mas sim em que tipo de pessoa poderia achar que é ateu mas sem negar deus.

Fui, então, a mais discussões, e vi muuuito mais gente com esse mesmo pensamento. Chegaram a me dizer que os ateus não negavam deus, mas que o conceito de deus não fazia sentido ao ponto de que os ateus nem se preocupavam com isso. Ora, essa é a descrição perfeita de um AGNÓSTICO, não de um ateu! Ora, ora... Os ateus apropriaram-se da definição do agnosticismo! E não só isso, eles também apropriaram-se da arrogância dos crentes, no sentido de achar que sabem a verdade absoluta.

Quando eu os informava que estavam enganados nesse conceito, ou seja, que não eram ateus, e sim agnósticos, não queriam sabem de discussão. São os neo-ateus. Prefiro chamar de pseudo-ateus. Os emos estão para os punks assim como os pseudo-ateus estão para os ateus. Engraçadíssimo esse tipo de gente. E eu fiquei pensando nos motivos desse estranho movimento de apropriação de nomes e troca de conceitos.

Acho que só existe uma explicação razoável: afirmar que algo não existe não tem lógica, ou seja, o ateu, o verdadeiro ateu, também dá as costas para a lógica. Como o que está em voga é a ciência, é o que a lógica corrobora, essas pessoas não podem simplesmente sair por aí afirmando coisas que a lógica não aprova. Entretanto, o termo agnóstico não é famoso. Ateu é. E essas pessoas não sabem o que falam.

A maioria dos ateus que eu conheço, e muitos dos agnósticos, conhecem bem religião e filosofia. Os agnósticos que não conhecem bem religião são do tipo que realmente não estão nem aí. Eu sou do tipo que estou aí sim, mas sei que, no final, não poderei nem afirmar que deus existe, nem que não existe. Mas pendo para o ateísmo. Por isso, sou um agnóstico ateísta. Esses pseudo-ateus não sabem do que falam. Alguns falam superficialmente sobre a bíblia. A maioria, entretanto, nem isso arrisca. E juram que são ateus.

Pronto. Eu costumava apanhar (metaforicamente) de religiosos, por causa das minhas afirmações. Ora, eu dou minha cara à tapa. Bato, mas também apanho. Não contente, agora também vou apanhar dos outros crentes, os que têm fé que deus não existe. Só que esses já têm motivos p/ bater desde a descrição, afinal, eles juram que não são crentes, nem tem fé. Apesar da lógica.