25 dezembro 2006

O símbolo Pinochet

Pinochet morreu.
Finalmente, ouso dizer. Assim, acaba um símbolo que boçais pseudo-esquerdistas não viam a hora de desconstruir. Pergunto: para quê?

Pinochet morreu, e acabou com a chance de esquerdistas comemorarem uma condenação. Sim, pois o governo autoritário de Pinochet foi um governo de direita. Para os esquerdistas, o problema não é o autoritarismo, a ditadura. O problema não é a falta de liberdades civis. É o governo ser de direita. Ditadura de esquerda pode. Enquanto Pinochet é um porco safado, Fidel faz o que faz por ser necessário. Esquerdistas não querem democracia. Esquerdistas querem poder. Querem um Estado de esquerda.

O Estado não deve ser de esquerda, nem de direita. O Estado é democrático. O governo é que pode seguir uma ideologia. Ah, mas esses revolucionários teimam em misturar tudo em uma sopa sem meios termos.

Eu leio vários blogs por aí. Em um deles, cujo dono é um petista que não tem vergonha de dizer que Lula é de esquerda e bate no peito p/ falar mal dos EUA enquanto usa um serviço norte-americano, li um texto que criticava a idéia de que Pinochet foi autoritário e repressor, mas salvou a economia do Chile. Bom, até aí tudo bem, eu sou liberal, então uma ditadura p/ mim é uma merda de qualquer forma. O que me chamou a atenção foi a quem o autor dá o crédito pelo avanço da economia chilena: os espíritos de Allende e de Karl Marx.

Ah, esses esquerdistas e suas fábulas maravilhosas... O mundo de alguém de esquerda é tão simples que me dá vontade de ser feliz pra sempre. Vejam como é simples: existem os bons e os maus. Não tem meio termo. Ou é bom (Fidel, Guevara, Allende) ou é mau (Pinochet, Thatcher). Veja, o texto que li diz que Pinochet implantou o ideário neoliberal no Chile. Aí você, leitor, que não é burro e sabe o que é o neoliberalismo, e se não sabe vai procurar saber antes de acreditar no que foi disseminado por aí, como se fosse algo ruim, deve se perguntar: mas como um governo autoritário pode ser neoliberal? Pois é, eu também estou me perguntando isso.

Mas o fantástico não é só isso. O autor do texto diz que durante os 10 anos do neoliberalismo o Chile foi à falência. Então, eis que em uma manhã de sol, Pinochet resolveu seguir a cartilha socialista e recriou o salário mínimo, devolveu poder aos sindicatos (sindicatos estão para esses esquerdistas como igrejas estão para os católicos: são templos sagrados), enfim, várias medidas que, segundo o autor, Allende faria. O fato de que possivelmente Allende se tornaria um ditador como Fidel não vem ao caso. Ele era o Salvador da pátria (pegaram, pegaram??), e as coisas boas que Pinochet fez foram apenas idéias roubadas de Allende.

Após algumas bobagens e alguns números fora de contexto (esquerdistas odeiam contexto, pois isso tira o caráter booleano de todo o negócio. Lembrem-se que para esquerdistas o mundo não tem nuances: ou é preto ou é branco, ou é bom ou é mau). E o autor conclui, eufórico e provavelmente babando de tanta felicidade: "Então é isso. Keynes e Marx, e não Milton Friedman, salvaram o Chile."

O que posso tirar de tanta besteira? Que esquerdistas não pensam. Não é possível. Incrível como alguém acredita em coisas sem nexo, em contradições piores do que as da bíblia. Incrível como alguém pode recriminar uma ditadura, e aceitar uma outra, sendo que as duas são de gente de uniforme militar que come muito bem enquanto seu povo está na miséria (e mesmo se não estivesse, não justificaria!!).

Incrível como ainda ouço gente falando bem de Cuba, falando que seu povo tem saúde e educação. Ora, um cubano não tem poder nem p/ escolher sair do país, só tem acesso à informação regulada pelo governo, e isso é ter educação? Será que um cubano tem direito de ler as idéias de Friedman, de Max Stirner, de Marx e analisá-las? E isso é ter educação...

Concluo que para ser esquerdista é preciso não ter senso de lógica, e apenas fé. Ou seja, daí é fácil observar o motivo pelo qual Marx é contra religiões: o que ele próprio prega É uma religião! Sabem como é a concorrência, não é...

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