04 novembro 2006

Rebeca e a morte

Delegado
- O que a senhora lembra daquela noite?

Rebeca
- Estávamos na mesa, aguardando o pedido. Estava tudo bem, ele estava alegre, ríamos. O celular tocou, e ele atendeu. Deu uma risada, perguntou como seu interlocutor estava, se tudo estava nos conformes. Não sei do que falavam. De repente, sua expressão ficou vazia. Ele olhava para o nada. Suspirou, e uma lágrima caiu de seu olho direito. Lembro-me que era do olho direito. Não sei porque esse detalhe ficou gravado na minha memória. A lágrima caiu, e rolou até o canto do lábio. Ele baixou a cabeça. Estava em silêncio desde quando mudou a expressão. Tirou o telefone do ouvido, olhou para o aparelho. Levantou-se e correu para o toalete.

- Fiquei surpresa, sem entender, mas achei melhor deixá-lo e perguntar o que acabara de ocorrer em outra hora.

(Rebeca acende um cigarro)
- Um barulho forte, de vidro quebrando, e todas as pessoas no restaurante viraram-se para o toalete. Quando uma funcionária entrou, um grito. Corri. E vi sangue por todo o lado. Ele quebrou o espelho, pegou um pedaço do vidro e o cravou em seu pescoço... (suspiro). Tentei alcançar o celular. O filho da puta apagou as chamadas recebidas.

Delegado
- Filho da puta!


(continua...?)

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