07 novembro 2006

Ditadura de Minorias - A questão do negro (parte 5)

Eu costumava discutir sobre esse tipo de assunto bastante, e era normal ouvir coisas como: "você não pode falar sobre isso, pois nunca sofreu preconceito" ou "você não sabe o que é ser negro, e não sabe o que é sofrer preconceito". Bom, sou obrigado a concordar. Nunca vou saber o que é ser negro. Mas geralmente meus interlocutores também não. E, mesmo se soubessem, aí seria o contrário, eles nunca saberiam o que é ser branco. O que quero dizer é que isso não é argumento numa discussão, ora. Geralmente, quem usa esse argumento já foi vencido com qualquer outro, e não tem mais como defender sua opinião, mas não consegue aceitar a derrota.

Em uma das discussões que tive com uma amiga, ouvi a seguinte pergunta: "Sabe o que é preconceito? Responda-me então, quantos negros trabalham com você. E mais, quantos amigos negros você tem?". Fiquei sem saber o que responder. Naquele dia cheguei a concordar com ela, em partes, mas fiquei de repensar, e fiquei realmente pensando sobre isso, tentando achar algum amigo negro para redimir minha "culpa". Não encontrei nenhum, e fiquei me sentindo a pior pessoa do mundo, já que o que eu defendia, eu mesmo provava que era demagogia.

Mais tarde, conversando com um amigo via Internet, reparei com surpresa na foto dele: ele era negro! Surpreendeu-me realmente. E me surpreendi lembrando de outros amigos que também eram negros. Concluí, então, que eu tinha sim amigos negros, mas só naquele momento me dava conta disso. Isso porque a cor da pele de quem está a meu redor nunca importara, somente passei a notá-la a partir do comentário preconceituoso da minha amiga "pró-negros". Fui obrigado a fazer uma segregação racial em minha mente, somente com o intuito de dizer para os outros: "vejam, eu tenho amigos negros, não sou preconceituoso".

Concluo esta lembrança com uma citação que li em um site, há algum tempo: Às vezes, falar muito de certos fantasmas só faz com que eles se tornem reais e mais fortes. Daquele dia em diante, eu vi meus amigos como "negros" ou "brancos" ou "orientais", quando antes eu via todos como "pessoas".

Meu humilde conselho aos negros é o mesmo que eu poderia dizer aos brancos, aos amarelos, aos índios, etc.: se quiserem respeito, saibam respeitar. Não adianta querer demonstrar superioridade, ou basear seus orgulhos ou suas requisições a governos na cor de sua pele. Vocês são tão capazes quanto qualquer outra pessoa. Eu, particularmente, me sentiria mal caso somente conseguisse entrar em uma universidade pela cor de minha pele. Eu jamais aceitaria tomar a vaga de alguém que obteve nota maior que a minha. Se fizesse isso, me sentiria um racista, obtendo vantagens sobre outra pessoa graças à cor da minha pele.

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