12 agosto 2006

Que mundo é esse, meu deus!?

Crianças: VIVAM!

A Lynda esteve neste humilde blog, me elogiou (obrigado hein!), e, portanto, fez com que eu a visitasse. Fui lá no blog dela tomar um cafezinho, ler uns posts, e entre o 'você por aqui?' e o 'mas já vai? nem mais um cafezinho?' li um texto interessantíssimo sobre as crianças de hoje em dia. Para continuar lendo este post, sugiro que você leia primeiro o que ela fala
clicando aqui. Ah, eu não achei o link direto para o post, então se vira por lá. O texto começa depois de um 'Mudando de assunto ...'.

Bom, o motivo para você ler primeiro aquele post é que eu vou complementá-lo. A Lynda fala sobre os efeitos: as crianças que são mini-adultos. Eu gostaria de comentar as causas.

Concordo plenamente a respeito da preguiça de muitos pais, mas uma vez li um texto muito interessante (pena que não lembro nem de quem, nem onde) que falava sobre o salto de geração. É mais ou menos assim: se uma geração é toda hippie, prega paz e amor e aquelas papagaiadas, a próxima vai ser mais centrada, mais consumista. E a próxima, por sua vez, vai voltar um pouco à paz e amor.

Nesse texto que eu li, inclusive, o exemplo dado era sobre os playboys dos anos 1970. Eram vários casos de bilionários que nunca trabalharam na vida, o dinheiro veio como herança. Eles passaram a vida inteira gastando dinheiro, as empresas eram auto-suficientes, não precisavam mais da palavra desses donos, que passavam o tempo colecionando coisas. Até aí tudo bem, cada um faz o que quer com o seu dinheiro. Mas o fenômeno interessante foi que os filhos desses vagais bilionários, que poderiam ser exatamente como os pais, não eram: eles queriam trabalhar, abrir empresas, ganhar dinheiro.

A geração que hoje está na casa dos 30 anos cresceu, foi criança e/ou adolescente sob o regime da ditadura militar. Os tempos eram mais difíceis, os valores e a sociedade eram mais firmes. Era bom? Não sei, não vivi essa época, mas creio que existiam pontos bons e pontos ruins, como tudo na vida. Como essa geração sofreu com a falta de liberdade, a atual, que são os filhos dessa primeira tem liberdade total, faz o que quer. Eu sou de uma geração intermediária, que sinceramente acho que foi melhor do que as duas, pois sou filho da geração de 1960 (nasci em 1983) e vivi sem a ditadura, apenas com o medo dela voltar.

Os anos 1990 foram engraçados. A ditadura havia acabado, não havia mais censura na imprensa, o que ela fez? Apavorou. P/ quem acha que na novela das 20h, hoje em dia, existe muita putaria, peço que procurem no YouTube vídeos de abertura de algumas novelas, tipo Pedra sobre Pedra. As mulheres apareciam peladas na abertuda da novela! E hoje criticam a Ana Paula Arósio mostrando o peito (ela mal tem peito, vá!).
Sou a favor da putaria na TV? Claro que não, acho que deveria haver um controle, mas a palavra censura faz os senhores que hoje mandam no país, os intelectuais tremerem; eles estão traumatizados pelo que viveram no passado.

O que aconteceu foi uma abertura muito grande depois que a liberdade chegou: aquela velha história de confundir liberdade com libertinagem, mas aí é outro papo. O negócio é que a sociedade foi se remoldando, e existiu uma auto-censura, já que as próprias pessoas começaram a ver que o que a novela das 20h estava mostrando era exagero. As crianças assistiam novela!! E passaram 10 anos, e a Globo faz parecido, mas dessa vez sofreu tantas críticas, inclusive da imprensa, que em outros tempos JAMAIS faria um apelo ao controle, que ela própria tenta se controlar. Mas não foi só a Globo não, antes que os anti-imperialistas, anti-mídia, anti tudo que são contra o 'monopólio de massas da Globo', blablabla, venham aqui me encher o saco. Quem não lembra da novela da Manchete, Pantanal? Ou da Xica da Silva, reprisada no SBT há pouco tempo atrás?

Resumindo, o que quero dizer é que esta geração de crianças-anãs (mini-mim de adultos), vai sofrer. Vai chegar ao mercado de trabalho e ver que o mundo não é feito de escolhas, é preciso merecer, e às vezes ter algumas desilusões. É a vida. Mas eu acredito que a próxima geração seja mais controlada ainda do que a da época militar. E aí reside um perigo: quanto tempo para surgirem com força os nacional-socialistas, cheios de preconceitos, de raiva com pessoas diferentes? Veja bem, eu disse 'surgirem com força', pois eles já existem, mas por enquanto estão à marginalidade, já que estamos ainda sob o medo da falta de liberdade e cultuamos a igualdade; estamos era do politicamente correto.

Mas as próximas gerações, que não lembrarão desse infortúnio que o país passou, será que conseguirão manter o discurso inflamado de ultra-direita afastado? Veremos...

Portanto, Lynda, estamos é vendo um fenômeno acontecendo, e, portanto acho que não é a simples preguiça. Obviamente que se não houvesse a preguiça, isso poderia não acontecer, ou ao menos acontecer bem mais levemente, e não de forma brusca como aconteceu hoje. O choque entre as gerações foi muito violento, até por causa do advento da Internet, que revolucionou as comunicações. Inclusive, os pais não se preocupam com falar pela Internet com estranhos pq isso é estranho à realidade deles: por mais que eles conheçam a Internet, trabalhem com ela, na época deles o perigo era o contato físico, todo o resto (mandar uma carta, por exemplo) não tinha problema. Tanto que muitos mandavam cartas para aqueles clubes de amizade, e os gibis publicavam nome, telefone e endereço. Hoje isso não mais acontece, pq AS PRÓPRIAS REVISTAS perceberam o perigo, e acabaram com isso.

Obs.: existe um ponto interessante nessas eleições: é a primeira vez que um candidato expressivo não é ligado à época da ditadura, que é o Alckmin. Eu, particularmente, acho isso um tremendo avanço, já que até então todos os candidatos viviam sob o estigma (ou mérito) da ditadura: ou fizeram parte dela (Maluf, Lula), ou lutaram contra (FHC, Lula). Pq Lula está nos dois? Pq ele já era um vira-casaca naquela época. Petistas de plantão, vão ler sobre a história do Brasil antes de me encherem o saco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei uma honra vc me citar no seu blog, sabia? Obrigada...concordei com vc em alguns pontos mas em outros não.
Continuo achando que os pais de hoje tem preguiça de educar seus filhos. Quer um exemplo ? O caso das novelas que vc citou. Quando eu era criança as novelas tinham cena de sexo, nudez e tal MAS OS PAIS ESCOLHIAM O QUE OS FILHOS VERIAM !!! Eu só fui ver novela depis de burra velha !!!! Dormia às 7 da noite, em ponto, até os 13 anos de idade !!! Antes disso raramente via algo, só via quando tinha pesadelo e minha mãe me deixava ficar na sala vendo tv com ela e meu pai.
Hoje não..os pais largam seus filhos na TV, INTERNET e tal...e acham que as emissoras é que precisam moldar os programas...
Vc viu essa história de impor um horário para os jovens voltarem pra casa? É uma espécie de toque de recolher...(a ditadura bate na porta e devagar vai avançando...)
Os pais, com preguiça de tomarem uma atitude para que seus filhos retornem para casa no horário desejado, querem empurrar a responsabilidade para a polícia, que sequer serve pra pegar bandido !!!
É isso que vejo hoje, pais que querem ter filhos por que são "bonitinhos", "por que querem colocar lacinhos de fita, arrumar quartinho pra eles, passear com eles", enfim, por que querem ter um brinquedinho vivo !!! E na hora que a responsabilidade bate na porta eles querem que outros a tomem !!!! Vc não vê essas jovens que tem filhos e largam pras mães cuidarem ??? Um absurdo !!!
Outro ponto é sobre as revistas...tenho várias (eu mesma mandava) mas eles não expunham os endereço, nem tel...só a cidade da pessoa que mandava a carta !!!
Tinha até a Capricho que fazia uma seção chamada "it's my life" onde as pessoas mandavam fotos e falavam um pouco sobre as suas vidas (o que talvez tenha derivado para os fotologs de hoje) onde só falavam o nome e a cidade onde a pessoa morava.
Beijos, vou visitar vc sempre,
Lynda