30 março 2007

Coerência, lógica e paixão (1 de 3?)

Pois é, vejam vocês... Há tanto tempo sem postar nada, minha audiência com números próximos do ridículo caindo ainda mais, e isso pq estou com tempo livre!

Bom, estou em duas discussões no orkut, uma sobre aborto e outra que eu ainda não sei direito sobre o que é, e pretendo fazer algumas considerações para que vcs, leitores, não entrem em uma discussão sem saber argumentar. Enfim, quero ensinar pelo exemplo.

Antes de começar, quero lembrar que essas discussões são extremamente passionais (falar sobre deus, por exemplo, que p/ maioria das pessoas é algo indiscutível), e quando ficamos passionais demais, esquecemos a razão. E é exatamente isso que não pode acontecer, já que o foco deve ser CLARO e OBJETIVO. Ah, falarei mais adiante, mas já adianto: nunca entrem numa discussão com uma opinião formada. Se você tem sua opinião formada, vai ficar magoado se alguém discordar, e jamais vai conseguir ver que está errado (se estiver). Mantenha sua cabeça aberta. Odeio 'opiniões formadas'. Viva Raul!

1 - A discussão do aborto
Bom, o lance todo dessa discussão é que meu interlocutor não tem lá muita familiaridade com a lógica. Mas isso nem é um problema grande, visto que a imensa maioria das pessoas é assim. Já participei de dezenas de discussões que levaram dias, e acho que dá p/ contar nos dedos as pessoas que seguiram a lógica ao argumentar.

Antes que pensem (como já me sugeriram) que eu considero lógico somente o que eu concordo, já aviso que é um tremendo absurdo. Já vi (poucas vezes, mas vi) pessoas religiosas, comunistas defendendo sua posição com extrema eloquência e...lógica. Claro que tudo depende de premissas, e no fim considero que eles estavam errados por causa das premissas. Por exemplo: a igreja, em sua argumentação contra o aborto, é muito lógica. Não dá p/ apontar um erro de silogismo no que diz a igreja. O problema dela é outro: a premissa inicial (a existência de deus) é que é duvidosa.

Na hora de discutir uma posição, que haja coerência. Eu já falei sobre isso em um dos meus textos sobre o aborto (Defendendo uma causa Simpática), e reitero: se quiser defender uma causa, defenda-a mesmo quando a situação não for agradável. Se você acha, por exemplo, que o direito à vida é inalienável mesmo quando ainda não existe vida, então defenda esse mesmo direito também em caso de estupro, senão você não estará sendo coerente!

Coerência... A maioria das pessoas acha que é, mas sua argumentação não passa pelo crivo das regras da lógica, e ficam nervosas quando você aponta seu erro. Nessa minha discussão no orkut sobre o aborto, eu fiquei impressionado com a situação: eu não cheguei a dar UM argumento sequer. Eu apenas pegava o argumento do meu interlocutor e aplicava a outra situação, p/ mostrar aonde aquele argumento poderia chegar. Ele ficava indignado, mas com o PRÓPRIO argumento, não com o MEU (pq eu não tinha dado argumento nenhum!).

É preciso ficar atento ao que se fala, e sempre procurar dar um argumento hermético, abrangente, e que não permita interpretações dúbias. E, acima de tudo, que siga os preceitos básicos da lógica na argumentação: as regras de silogismo.

Amanhã falo sobre a minha discussão que eu não sei sobre o que é.

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