08 março 2007

Aborto - Defendendo uma causa simpática (Parte 1 de 2)

É muito fácil defender uma causa que traz simpatia. É muito fácil dizer que é contra o aborto quando os envolvidos são adolescentes 'irresponsáveis' (nem importa se foi algum acidente ou foi irresponsabilidade msm, vamos crucificá-los!). É muito fácil fazer o discurdo de defesa da vida humana e aproveitar p/ passar sermão, dizer que as pessoas precisam arcar com as consequências de seus atos, blablabla.

Tudo isso gera simpatia. Enquanto o bonitão está lá dizendo tudo isso, todo mundo balança a cabeça positivamente, aprovando cada vírgula. Aí chega uma parte espinhosa: e em caso de estupro? P/ manter a simpatia, o cidadão diz ser a favor neste caso, pois a mulher não quis, foi obrigada, portanto não precisa arcar com consequência nenhuma. Ok, tudo muito simpático, mas o que me importa é a lógica. Ora, mas e a defesa da vida?

Aí, ouço muito por aí, sabem, dizem que no caso do aborto é diferente (odeio quando usam o argumento 'é diferente', pois normalmente quem diz isso nunca consegue mostrar, de forma lógica, qual é a diferença). Dizem que a criança poderia destruir a vida da mulher (destruir no sentido de que a vida dela mudará completamente, e de forma inesperada e indesejada), que a criança será indesejada, blablabla. E eu, que não entendo direito o mundo e por isso pergunto bastante, fico curioso: ora, mas e a menina de 17 anos que gostaria de cursar uma faculdade, conseguir uma bolsa de estudos no exterior, aproveitar sua juventude? A vida dela tbm não será destruída (no mesmo sentido anterior)? A criança não será indesejada? Enfim, tudo igualzinho. Ah, mas ser contra aborto até mesmo em caso de estupro é coisa de reacionário, não é simpático, as pessoas vão balanças a cabeça negativamente... (Na minha opinião, seria o mais lógico por parte de quem se diz a favor da vida, pois se a pessoa for a favor da vida somente quando a causa é simpática, então ela não é REALMENTE a favor da vida).

Claro que nesse ponto da conversa, eu vou ouvir um 'é diferente, André'. E aí um amigo meu, nesse ponto, me surpreendeu. Ele me deu um argumento que eu nunca havia escutado antes. Na verdade, logicamente não funcionou bem: ele mudou o foco da conversa. O foco, de GRAVIDEZ INDESEJADA (e possibilidade de aborto), passou a ser o sexo. Dizia ele que quando há sexo consensual e gravidez, é uma coisa, e quando há sexo forçado e gravidez, é outra (até então o foco era a gravidez, percebem?). Agora não importa mais a vida humana, o que importa é punir responsáveis.

(continua amanhã)

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Obs: apaguei a postagem anterior pq faltou um pedaço importante da minha idéia rs...

Já estou louca pra te ler amanhã rs!!! Gosto da maneira decidida com que escreve e expõe suas opiniões, é uma maneira audaciosa que admiro demais.
Quero tentar te dizer a diferença rs, mas corro o risco de vc me jogar pela janela (mais risos)

Uma adolescente de 17 que transa e não se previne a ponto de engravidar de certa forma desejou transar e escolheu assim, mesmo que imaturamente e mesmo sem saber que desejou -inconscientemente- a gravidez.
Uma mulher estuprada não escolheu transar, nem escolheu o parceiro. ISSO FOI IMPOSTO por força física, armas, ameaças etc.
Então, como se trata de uma imposição ao sexo e a uma possível gravidez, acho coerente sim o aborto.
Uma coisa é uma adolescente que conhece um rapaz, transa, engravida mas sem ser sob ameaça de morte... outra coisa é uma mulher estuprada e ameaçada de morte caso reaja a isso...

Concorda que nesses exemplos existe a diferença da IMPOSIÇÃO AO FATO?

Não me expulse daqui rs, pq adoro seus escritos!
beijos!