09 março 2007

Defendendo uma causa simpática - Epílogo (?)

Comentário:
Uma adolescente de 17 que transa e não se previne a ponto de engravidar de certa forma desejou transar e escolheu assim, mesmo que imaturamente e mesmo sem saber que desejou -inconscientemente- a gravidez.
Uma mulher estuprada não escolheu transar, nem escolheu o parceiro. ISSO FOI IMPOSTO por força física, armas, ameaças etc.
Então, como se trata de uma imposição ao sexo e a uma possível gravidez, acho coerente sim o aborto.
Uma coisa é uma adolescente que conhece um rapaz, transa, engravida mas sem ser sob ameaça de morte... outra coisa é uma mulher estuprada e ameaçada de morte caso reaja a isso...

Concorda que nesses exemplos existe a diferença da IMPOSIÇÃO AO FATO?

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Resposta a um ótimo comentário de Morgana

Ei, nunca vou jogar leitor qualquer pela janela. Imagina, se até os maus leitores, os que não tem nada a acrescentar e tentam de toda forma me atacar são bem-vindos (aumentam o número no contador de visitas), você acha que bons leitores, que participam, que entendem, que, no máximo, atacam a idéia (e não eu, o portador da idéia) seriam expulsos? :-)

Enfim, você fala sobre a adolescente de 17 anos que não se previne por desejar, ainda que inconscientemente, engravidar. Certo, concordo. Mas e aquela que se previne, mas a camisinha rompe? Ou a pílula falha?

Ok, mas nesse meu caso eu estou mudando o exemplo que você deu, certo? Vou pedir permissão p/ me intrometer um pouco numa área que admiro muito, mas não conheço tanto: a psicologia/psiquiatria. A mulher que é estuprada, evidentemente, o é mediante grave ameaça. Entretanto, da mesma forma que a adolescente pode desejar engravidar, mas esse desejo fica oculto, e conscientemente ela jamais quereria isso, será que, numa analogia, a mulher que é estuprada não sabe que corre esse risco ao andar sozinha por um lugar perigoso e, inconscientemente, não desejaria isso (e por isso não se protege, não busca outro caminho)?

Concordo que meu exemplo pode parecer grosseiro. Ora, quem iria querer ser estuprada. Mas, por outro lado, se o inconsciente é bastante poderoso a ponto de fazer uma menina de 17 anos se descuidar mesmo que conscientemente ela não queira engravidar, e sabe que isso pode destruir sua vida, pq ele não poderia ser poderoso o suficiente p/ 'facilitar' o estupro, sei lá, num momento em que a mulher se sinta rejeitada, sinta que ninguém olha p/ ela, se interessa por ela?

Mas, de qualquer forma, o assunto do aborto deve ter com foco na gravidez, e não em como ela ocorreu, se foi num motel, num carro, na rua, na chuva, na fazenda... Digo isso, entre outros motivos, pq o mote anti-aborto é a defesa da vida, e a vida do filho do estuprador é tão 'vida' quanto a do filho dos adolescentes pobres, e quanto a do filho dos adolescentes ricos, etc.

4 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo André!
Estou feliz com sua réplica, pq iria comentar sobre isso, mas não me senti à vontade para dizer de cara do desejo quanto ao estupro. É claro que há! E vc pescou direitinho quando coloquei "inconsciente"...
Sim, em termos de desejo inconsciente toda mulher que é estuprada tem esse desejo de ser estuprada. Mas como se trata de uma violência, vale dizer, a pior delas contra uma mulher, isso não entra em pauta em termos jurídicos; o que acho corretíssimo também. Pois senão, tudo viraria anarquia (risos).

Quanto ao aborto rs, acho que em situações comuns (gravidez comum diferente de gravidez por estupro), a decisão deve ser do casal, não somente da mãe e nem da Igreja rs...

beijos e lindíssima noite pra ti!

Anônimo disse...

Oi, André. não sei se vc lembra de mim, o Trovão rs. mas li no blog da Morgana que vc escreveu por aqui a respeito do que ela disse e vim te ler.
sabe o que penso? que 'Deus' não determina quem morre e quem nasce, mas para os filhos, os pais funcionam como Deuses.. ;o) infelizmente.
abração

André Ricardo disse...

Olá Trovão!

Obrigado pela visita! :-)

Então, concordo com vc em partes. Os pais não têm poder sobre a vida e morte dos filhos, apenas pela morte (se o bebê estiver p/ morrer, os pais não poderão fazer nada, já deuses poderiam).
Mas o poder de morte está ao alcance de qualquer um, independente de ser pai ou não! :-)

Att,

André Ricardo disse...

Morgana,

Decisão do casal, e não da igreja: então concordamos!! :-)

Beijos,