10 dezembro 2009

Votação quântica

Leiam isso:

"Na noite de ontem, o Parlamento unicameral hondurenho decidiu, por 111 votos contra 14, confirmar a decisão que tirou o presidente do cargo em 28 de junho, negando a possibilidade de que Zelaya retornasse para concluir seu mandato até 27 de janeiro.

"Com isso, o Congresso foi contra o cumprimento de um dos pontos principais do Acordo Tegucigalpa-San José, defendido pelos Estados Unidos e pela União Europeia como um caminho para sair da crise.

"O documento, assinado em 30 de outubro pelo governo de fato e representantes do presidente deposto, previa a restituição de Zelaya, por meio de votação no Parlamento, além da formação de um governo de unidade nacional e o estabelecimento de uma comissão de acompanhamento e investigação."


Pra quem não acompanha, ou acompanha pelo que falam por aí, é o seguinte: o tal documento não previa a RESTITUIÇÃO de Zelaya, e sim que seria o Congresso a decidir sobre isso. Quem quis isso, inclusive, foi Zelaya. Micheletti queria que fosse a Suprema Corte a decidir.

Ou seja, é mentira que a restituição estava no documento. Aliás, nem é preciso ser muito informado pra perceber isso, né? Só um pouco de lógica já demonstra a mentira. Vejam o que o próprio texto diz: "O documento (...) previa a restituição de Zelaya, por meio de votação no Parlamento". Como assim? Então a votação seria só de mentirinha? Seria uma votação com resultado já conhecido antes mesmo da votação? Seria uma espécie de votação quântica? Será que cada deputado recebeu um papelzinho dizendo em que ele deveria votar? será que a votação teria que ser pró-Zelaya por unanimidade, ou seria feito um sorteio para decidir quem vota em quê?

Que beleza de (certa) imprensa, hein... Que tal o slogan: "Informando a qualquer custo, mesmo contra toda a lógica"? Não vejo a hora de noticiarem a revisão da lei da gravidade...

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