Escrevi o texto que segue há 7 anos. Ele falava sobre a minha vida de então, relembrando o passado. O nome do texto é "Há 10 anos". Quando tiver um tempo, vou escrever sua continuação.
E estou andando pela casa em que cresci.
E, no início, não quero nada, só pegar meu violão, e ir embora p/ minha casa.
Então acho alguns cadernos empoeirados. São cadernos do meu primário. De 1990 a 1993. E então lembranças começam a tomar meu pensamento, enquanto passo os olhos pelas folhas empoeiradas, preenchidas por letra infantil, com problemas matemáticos, ou recados.
Relembro dos amigos que nunca mais vi, do primeiro álbum de figurinhas completo, que perdi na mudança de casa, das comemorações, ou feiras de ciências com explicações agora simples, mas que eram complicadíssimas naquele momento.
Valores de mensalidades expressos em milhões de cruzeiros, depois milhares de cruzeiros reais.
Até chegar no recado sobre o luto pela morte do cantor Jessé, pai do aluno David, estudante da minha sala. Na verdade, David foi meu primeiro "melhor amigo". Mas após a morte de seu pai, mudou de escola, e nunca mais tive notícia. Suspeito que tenha sido a primeira grande decepção que tive, pelo menos, que lembro.
Então me vem o pensamento sobre o quanto seria bom reunir toda uma classe de mais de 10 anos atrás. Não consigo imaginar a gama de caminhos que cada um pôde escolher p/ seguir. Lembrei também do meu primeiro amor, que também foi meu primeiro fora. Um bilhetinho pedindo a menina (Thaís) em namoro, e a resposta que eu teria a resposta somente no dia seguinte. E a resposta foi "não". Graças a uma amiga da Thaís, que não gostava de mim. Acho graça de como as mulheres começam a fazer esse tipo de coligação tão cedo. Por onde será que anda a Thaís?
E me ocorre que estou com medo. Nunca notei como o tempo passa depressa. Sempre que se falava em "10 anos atrás", eu não tinha a dimensão correta desse tempo, pois não me lembrava da época. Quando tinha 18 anos, 10 anos antes eu teria 8, e não lembraria nada que acontecera naquela época. Agora não. Eu lembro das coisas que me aconteceram há 10 anos.
Tudo vêm à mente com muita facilidade, desde a reforma da casa, até a vinda do Rex, o cachorro que ainda está vivo, mas infelizmente, está velho, e não dura muito mais. Mais uma coisa que só agora vim perceber. Fazia uns 3 ou 4 anos que não via o Rex. Nunca me ocorreu que ele ficaria velho e morreria. Nas minhas lembranças não lembro de nenhum momento que pensei sobre isso, e brinquei "só mais 5 minutos" com ele. E agora não tenho tanto tempo assim, e ele não consegue mais brincar como antes. Não tem o mesmo fôlego p/ pular e correr. E é assim que estou me vendo, sentado na escada, olhando o Rex, e o prédio que agora esconde a bela vista que tinha das montanhas, e que tapa o sol que mantinha as árvores do meu quintal vivas, chorando feito uma criança que perdeu seu brinquedo. Mais um minuto próximo do fim. No caso, o brinquedo que perdi foi o tempo. Agora não dá mais p/ dormir com a janela do quarto aberta, p/ acordar cedinho, e sem o barulho da janela abrindo, poder observar as maritacas que comiam goiaba numa das goiabeiras do meu quintal. Ou correr com um pedaço de pão, que servia como isca p/ o meu cachorro! Agora o que restou foi uma sombra, uma árvore morta, e um velho cachorro, numa casa velha, que não parece mais a casa onde crianças corriam, e festas aconteciam.
E eu continuo lembrando dos amigos do bairro. Da Carolina, Camila e Cibele, as minhas primeiras amigas, que não vejo há mais de 10 anos. Nunca mais tive coragem de tocar aquela campainha. Nem sei se elas me reconheceriam. E continuo, e lembro das brincadeiras de esconde-esconde (que eram muito emocionantes, já que minha casa possuía vários esconderijos muito bons).
Agora me levanto, e sigo até o portão, e no caminho passo pelo corredor, que me dava medo. Agora passo por ele sem nem olhar p/ trás. Passo pelo jardim, que foi estrategicamente diminuído pelo meu pai, p/ caber mais um carro na garagem. E em algum lugar desse jardim está enterrado meu outro cachorro, que morreu há quase 10 anos, numa briga com o Rex. A natureza é feroz. Um dia, você é forte, e enfrenta qualquer coisa. O tempo passa, e o que você havia enfrentado está maior, e mais forte que você, e te vence. E olho p/ o muro que há 10 anos, eu tinha medo de subir, mas que mesmo assim, ia buscar o pipa que caiu no telhado. Entro no meu carro, e é meu subconsciente que se preocupa com a direção. O consciente está ocupado com lembranças. E pelo caminho para casa, passo pelo meu antigo colégio, que me traz mais lembranças, enquanto as lágrimas escorrem.
Dia 17 fez 4 anos que conheci uma menina que mudou o rumo da minha vida, mas não pôde continuar seguindo comigo. Ela seguiu o caminho dela, e agora eu sigo o meu. Incrível como parece ontem que eu a conheci, e tanta coisa mudou desde então.
E depois de alguns minutos, quando as lembranças se acalmam, eu consigo concluir que o que sou hoje, sou graças à esse passado que me entristece. Desde a teimosia, à facilidade de integração, que foram moldadas durante a adolescência, período que, ao que parece, está me trazendo mais confusões e dúvidas agora, do que em seu ápice.
E choro mais uma vez, escrevendo este texto, por ter lembrado de tudo novamente.
Cada livro que eu li, programa que eu assisti, brincadeira que joguei, agora me olham e cobram o resultado de terem passado pela minha vida. Tornei-me bom, ou mau? Ou simplesmente, tornei-me adulto - bem e mal juntos, compartilhando esta pessoa, que, como cada ser humano, é um universo indecifrável e sem tamanho?
E novamente me lembro que devo seguir e conquistar cada vez mais, mas não posso esquecer de viver esse tempo, pois daqui p/ diante, em qualquer tempo da minha vida, eu sempre vou lembrar do que aconteceu 10 anos atrás. E não posso correr o risco de chorar novamente daqui a 10 anos.
08 maio 2011
11 janeiro 2011
Repensar os animais - Paola Cavalieri
Pela primera vez, vou publicar um texto que não é meu. Eu gostaria muito que fosse. Segue.
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Nos anos mais recentes, os animais não-humanos têm estado no centro de um intenso debate filosófico. Mais concretamente, muitos autores criticaram a moral tradicional, defendendo que o modo como nós tratamos os membros de outras espécies é eticamente indefensável. Usualmente, usamos animais como meios para os nossos fins – na verdade, tratamo-los de maneiras que consideraríamos profundamente imorais se fossem destinadas aos seres humanos. Apesar dos animais serem “pacientes morais” – isto é, seres cujo tratamento pode estar sujeito a uma avaliação moral –, o seu estatuto é infinitamente inferior ao nosso. Será que esta duplicidade de padrões está garantida? E, se está, em que base assenta?
Apesar de não ser completamente ignorada pelos filósofos, a primeira justificação oferecida é forte e está bem espalhada a nível da sociedade, sobretudo devido à sua simplicidade. À questão a respeito do que nos separa dos outros animais, a resposta é: o facto de eles não serem humanos. Nesta perspectiva, aquilo que é significativamente diferente é a posse, ou falta, de um genótipo característico da espécie Homo Sapiens. Será que esta é uma boa resposta? Não. Aqueles que apelam ao facto de se pertencer a uma espécie trabalham dentro do quadro do paradigma do igualitarismo entre humanos. E é justamente a linha de raciocínio que sustenta a igualdade entre humanos que, ao rejeitar a relevância moral da pertença a uma raça ou a um sexo, implica também a rejeição da ideia de que a pertença a uma determinada espécie seja em si mesma instituinte de uma diferença significativa quanto ao estatuto moral de um ser. Se alguém afirma que as características biológicas como a raça e o sexo não têm relevância ética, como pode então atribuir relevância a uma outra característica biológica, como a pertença a uma espécie? As perspectivas morais que aceitam o “especismo” – a ideia que defende a atribuição aos membros da nossa própria espécie um estatuto moral especial - ao mesmo tempo que rejeitam o racismo e o sexismo são internamente inconsistentes.
O especismo absoluto dificilmente poderá ser plausível. Mas há maneiras mais sofisticadas de defender a nossa presente duplicidade de padrões às quais os defensores teóricos do status quo tendem a recorrer. Para a maioria dos filósofos, não é a pertença a uma determinada espécie, mas a racionalidade que tem uma relevância central. Podemos admitir, a bem do argumento, a presunção (questionável) de que a racionalidade é um privilégio humano para nos podermos concentrar na importância moral da racionalidade.
Um argumento muito conhecido, que remonta pelo menos a Kant, depende da ideia de que os seres racionais são a condição para a existência da moralidade. As normas éticas dirigem-se a um tipo concreto de seres – os agentes morais. Os agentes morais são os seres racionais cujo comportamento pode ser submetido à avaliação moral. Se os agentes morais não existissem, não poderia haver normas éticas. Consequentemente, a ética é essencialmente um assunto que diz respeito aos agentes morais. Não obstante a sua plausibilidade superficial, este argumento baseia-se num mal-entendido. A sua conclusão consegue-se pela passagem da ideia de que apenas os seres racionais podem ser moralmente responsáveis para a ideia de que apenas o que é feito a seres racionais tem importância moral (total). Mas o como, isto é, a possibilidade da moralidade, é uma coisa; o quê, isto é, o objectivo da moralidade, é outra. Reconhecer que os agentes morais tornam a moralidade possível não significa que eles sejam os únicos pacientes morais (totais). Podemos ver que na verdade não defendemos esta perspectiva se atendermos ao facto de não pensarmos que as crianças pequenas, ou os indivíduos intelectualmente diminuídos, por não poderem agir de acordo com normas éticas, não devem ter um estatuto moral especial.
Há uma segunda versão mais radicalmente exclusivista do apelo à racionalidade, e que atribui um valor instrumental a esta característica. A noção central é que a introdução de um ser ou de um grupo de seres na comunidade moral pode ser justificada através de um tipo de acordo. Dado que para cumprir o acordo é preciso ser-se racional, o acordo incluirá apenas seres racionais, que serão os únicos pacientes morais. À luz desta ideia, as normais morais são as normas que indivíduos racionais com interesses próprios aceitariam cumprir, mediante a condição dos outros procederem exactamente da mesma maneira. Se o argumento anterior sugere a posição contemporânea de John Rawls, também lhe reconhecemos a ideia das vantagens mútuas do contratualismo de origem Hobbesiana. Mas esta perspectiva tem consequências inaceitáveis, uma vez que os contratantes com interesses próprios não obtêm nenhuma vantagem ao aceitarem princípios que oferecem garantias a indivíduos incapazes de dar qualquer garantia em retribuição, pelo que os primeiros podem ignorar os interesses daqueles que não são capazes de retribuir. Mas, se a regra de ouro “trata os outros como quererias que os outros te tratassem a ti” é substituída por aquela que podemos chamar a regra de prata, “trata os outros como eles te tratariam”, a vantagem mútua tem o efeito devastador de afastar a imparcialidade ética. Mais uma vez, demonstramos que detemos isto quando não privamos de direitos os jovens ou os desamparados ou apenas os seres humanos futuros que não podem ter deveres para connosco.
Apesar de muitas outras defesas da doutrina da superioridade humana terem sido avançadas, o apelo à pertença a uma determinada espécie, o apelo à posse de racionalidade como uma pré-condição para a moralidade, e o apelo a esta mesma característica como um meio para o acordo entre sujeitos são certamente as mais básicas defesas desta perspectiva, em torno das quais todas as outras se situam. Se nenhuma delas consegue justificar a manutenção dos animais não-humanos na sua presente condição moral inferior, parece plausível inferir que a nossa atitude actual é profundamente errada. Mas que tipo de perspectiva deve ser adoptada em vez da actual? Para responder a esta questão, muitos dos críticos da moral tradicional tendem a apelar às suas posições normativas específicas. Contudo, isto não é necessário. Temos já à nossa disposição uma teoria que, se considerada imparcialmente, pode enfrentar todas críticas anteriores. É o conjunto de princípios e juízos que recentemente têm sido reunidos sob os auspícios da doutrina universal dos direitos humanos.
No centro da teoria dos direitos humanos está a protecção dos interesses vitais – no bem-estar, na liberdade e na vida – de alguns seres. De quais, exactamente? Apesar da resposta mais comum, e aparentemente tautológica, ser “dos seres humanos”, esta afirmação é, como já vimos, inaceitável pelo facto de que a discriminação com base na espécie é análoga às formas de discriminação que a mesma doutrina condena no sexismo e no racismo. Ao contrário dos autores dos manifestos políticos, os filósofos que analisam esta questão parecem estar cientes deste problema, e, quando chamados a pronunciar-se sobre isso, a referência à espécie é introduzida de forma apressada e indirecta. O que pode, então, explicar o porquê dos direitos humanos – de dizer o que é que, nos seres humanos, justifica a atribuição de uma igual protecção fundamental?
Entre as soluções avançadas, a mais defensável parece ser aquela que é apresentada pela linha de raciocínio que apareceu no início da década de 60, culminando na elaboração apresentada pelo filósofo americano Alan Gewirth. De acordo com esta linha de raciocínio, o critério para o acesso à protecção que os direitos humanos oferecem assenta apenas em ser-se um agente – um ser com intenções que se preocupa com os seus objectivos e que os quer atingir. Todos os seres com intenções caracterizam-se pela capacidade de desfrutar da liberdade e do bem-estar (e da vida, que é a pré-condição para estes dois bens), quer directamente, quer como pré-requisitos para a acção; e, para todos estes seres, o valor intrínseco do seu desfrute é o mesmo.
Para escolher um critério em vez da intencionalidade, qualquer outra característica – seja a racionalidade ou qualquer outra entre as capacidades cognitivas tradicionalmente vistas como “superiores” – seria arbitrária, uma vez que excluiria da consideração interesses que são relevantemente semelhantes até ao ponto em que são igualmente vitais para os seus portadores.
Uma vez apresentada, esta resposta – que tem, entre outros aspectos, o efeito importante de barrar o caminho a desacreditadas perspectivas perfeccionistas do mundo - parece óbvia. E, ainda assim, envolve uma consequência que não é igualmente óbvia: com base na própria doutrina que os estabelece, os direitos humanos não são apenas humanos. A aceitação implícita da ideia de que a pertença a uma determinada espécie não é moralmente relevante não só elimina da teoria qualquer referência estrutural à posse de um genótipo Homo Sapiens, mas a obrigação de garantir direitos fundamentais iguais a todos os seres humanos, incluindo os não-racionais, implica que o critério para a atribuição de tais direitos deve situar-se num nível cognitivo acessível a uma grande quantidade de animais não-humanos.
O que poderá significar alargar a atribuição de direitos fundamentais para além das fronteiras da nossa espécie? A propósito disto, deve notar-se que duas características fundamentais definem a classe particular de direitos morais a que chamamos direitos humanos. Por um lado, apesar das tentativas para incorporar na doutrina alguns direitos positivos, ou direitos à assistência, os direitos humanos continuam a ser fundamentalmente direitos negativos, ou direitos à não-interferência. Por outro lado, desde que os direitos humanos se apresentaram como uma resposta às formas de violência e discriminação institucionalizadas que marcaram a primeira metade do século XX, o modelo, quer da sua implementação, quer da sua violação, é baseado na organização e na acção do estado.
Reconsideremos portanto a situação presente em face destes aspectos. Biliões de animais que preenchem o requisito da intencionalidade são feridos, aprisionados e mortos na prossecução de objectivos humanos. Mas a inflicção destes ferimentos, o aprisionamento e a morte destes animais são apenas o oposto da protecção da interferência institucional que a teoria dos direitos humanos procura garantir. Consequentemente, uma implementação justa desta teoria requereria mudanças legais que implicariam que os animais em causa passassem da condição de objectos para a condição de sujeitos de direito, bem como uma proibição geral das práticas de exploração que são tornadas possíveis pelo seu presente estatuto.
Assim, parece que, longe de estarem no fim de uma pirâmide moral no topo da qual nos mantemos com segurança, (a maioria) dos não-humanos põe-nos perante a força de uma exigência ética justificada. Por muito deslocada que possa parecer da nossa realidade do dia-a-dia, esta conclusão talvez não surpreenda aqueles de nós que vêem o progresso moral como a história da substituição das visões hierárquicas por princípios a favor da igualdade.
Paola Cavalieri
Editora do Jornal de Filosofia “Etica & Animali” e Co-Editora do The Great Ape Project: Equality beyond Humanity
Tradução de Miguel Moutinho, do original “Rethinking Animals”, retirado de “The Philosopher´s Magazine” Ethics Portal, em www.philosophers.co.uk/ethics.php.
Fonte - CEDA – Centro de Ética e Direito dos Animais
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Nos anos mais recentes, os animais não-humanos têm estado no centro de um intenso debate filosófico. Mais concretamente, muitos autores criticaram a moral tradicional, defendendo que o modo como nós tratamos os membros de outras espécies é eticamente indefensável. Usualmente, usamos animais como meios para os nossos fins – na verdade, tratamo-los de maneiras que consideraríamos profundamente imorais se fossem destinadas aos seres humanos. Apesar dos animais serem “pacientes morais” – isto é, seres cujo tratamento pode estar sujeito a uma avaliação moral –, o seu estatuto é infinitamente inferior ao nosso. Será que esta duplicidade de padrões está garantida? E, se está, em que base assenta?
Apesar de não ser completamente ignorada pelos filósofos, a primeira justificação oferecida é forte e está bem espalhada a nível da sociedade, sobretudo devido à sua simplicidade. À questão a respeito do que nos separa dos outros animais, a resposta é: o facto de eles não serem humanos. Nesta perspectiva, aquilo que é significativamente diferente é a posse, ou falta, de um genótipo característico da espécie Homo Sapiens. Será que esta é uma boa resposta? Não. Aqueles que apelam ao facto de se pertencer a uma espécie trabalham dentro do quadro do paradigma do igualitarismo entre humanos. E é justamente a linha de raciocínio que sustenta a igualdade entre humanos que, ao rejeitar a relevância moral da pertença a uma raça ou a um sexo, implica também a rejeição da ideia de que a pertença a uma determinada espécie seja em si mesma instituinte de uma diferença significativa quanto ao estatuto moral de um ser. Se alguém afirma que as características biológicas como a raça e o sexo não têm relevância ética, como pode então atribuir relevância a uma outra característica biológica, como a pertença a uma espécie? As perspectivas morais que aceitam o “especismo” – a ideia que defende a atribuição aos membros da nossa própria espécie um estatuto moral especial - ao mesmo tempo que rejeitam o racismo e o sexismo são internamente inconsistentes.
O especismo absoluto dificilmente poderá ser plausível. Mas há maneiras mais sofisticadas de defender a nossa presente duplicidade de padrões às quais os defensores teóricos do status quo tendem a recorrer. Para a maioria dos filósofos, não é a pertença a uma determinada espécie, mas a racionalidade que tem uma relevância central. Podemos admitir, a bem do argumento, a presunção (questionável) de que a racionalidade é um privilégio humano para nos podermos concentrar na importância moral da racionalidade.
Um argumento muito conhecido, que remonta pelo menos a Kant, depende da ideia de que os seres racionais são a condição para a existência da moralidade. As normas éticas dirigem-se a um tipo concreto de seres – os agentes morais. Os agentes morais são os seres racionais cujo comportamento pode ser submetido à avaliação moral. Se os agentes morais não existissem, não poderia haver normas éticas. Consequentemente, a ética é essencialmente um assunto que diz respeito aos agentes morais. Não obstante a sua plausibilidade superficial, este argumento baseia-se num mal-entendido. A sua conclusão consegue-se pela passagem da ideia de que apenas os seres racionais podem ser moralmente responsáveis para a ideia de que apenas o que é feito a seres racionais tem importância moral (total). Mas o como, isto é, a possibilidade da moralidade, é uma coisa; o quê, isto é, o objectivo da moralidade, é outra. Reconhecer que os agentes morais tornam a moralidade possível não significa que eles sejam os únicos pacientes morais (totais). Podemos ver que na verdade não defendemos esta perspectiva se atendermos ao facto de não pensarmos que as crianças pequenas, ou os indivíduos intelectualmente diminuídos, por não poderem agir de acordo com normas éticas, não devem ter um estatuto moral especial.
Há uma segunda versão mais radicalmente exclusivista do apelo à racionalidade, e que atribui um valor instrumental a esta característica. A noção central é que a introdução de um ser ou de um grupo de seres na comunidade moral pode ser justificada através de um tipo de acordo. Dado que para cumprir o acordo é preciso ser-se racional, o acordo incluirá apenas seres racionais, que serão os únicos pacientes morais. À luz desta ideia, as normais morais são as normas que indivíduos racionais com interesses próprios aceitariam cumprir, mediante a condição dos outros procederem exactamente da mesma maneira. Se o argumento anterior sugere a posição contemporânea de John Rawls, também lhe reconhecemos a ideia das vantagens mútuas do contratualismo de origem Hobbesiana. Mas esta perspectiva tem consequências inaceitáveis, uma vez que os contratantes com interesses próprios não obtêm nenhuma vantagem ao aceitarem princípios que oferecem garantias a indivíduos incapazes de dar qualquer garantia em retribuição, pelo que os primeiros podem ignorar os interesses daqueles que não são capazes de retribuir. Mas, se a regra de ouro “trata os outros como quererias que os outros te tratassem a ti” é substituída por aquela que podemos chamar a regra de prata, “trata os outros como eles te tratariam”, a vantagem mútua tem o efeito devastador de afastar a imparcialidade ética. Mais uma vez, demonstramos que detemos isto quando não privamos de direitos os jovens ou os desamparados ou apenas os seres humanos futuros que não podem ter deveres para connosco.
Apesar de muitas outras defesas da doutrina da superioridade humana terem sido avançadas, o apelo à pertença a uma determinada espécie, o apelo à posse de racionalidade como uma pré-condição para a moralidade, e o apelo a esta mesma característica como um meio para o acordo entre sujeitos são certamente as mais básicas defesas desta perspectiva, em torno das quais todas as outras se situam. Se nenhuma delas consegue justificar a manutenção dos animais não-humanos na sua presente condição moral inferior, parece plausível inferir que a nossa atitude actual é profundamente errada. Mas que tipo de perspectiva deve ser adoptada em vez da actual? Para responder a esta questão, muitos dos críticos da moral tradicional tendem a apelar às suas posições normativas específicas. Contudo, isto não é necessário. Temos já à nossa disposição uma teoria que, se considerada imparcialmente, pode enfrentar todas críticas anteriores. É o conjunto de princípios e juízos que recentemente têm sido reunidos sob os auspícios da doutrina universal dos direitos humanos.
No centro da teoria dos direitos humanos está a protecção dos interesses vitais – no bem-estar, na liberdade e na vida – de alguns seres. De quais, exactamente? Apesar da resposta mais comum, e aparentemente tautológica, ser “dos seres humanos”, esta afirmação é, como já vimos, inaceitável pelo facto de que a discriminação com base na espécie é análoga às formas de discriminação que a mesma doutrina condena no sexismo e no racismo. Ao contrário dos autores dos manifestos políticos, os filósofos que analisam esta questão parecem estar cientes deste problema, e, quando chamados a pronunciar-se sobre isso, a referência à espécie é introduzida de forma apressada e indirecta. O que pode, então, explicar o porquê dos direitos humanos – de dizer o que é que, nos seres humanos, justifica a atribuição de uma igual protecção fundamental?
Entre as soluções avançadas, a mais defensável parece ser aquela que é apresentada pela linha de raciocínio que apareceu no início da década de 60, culminando na elaboração apresentada pelo filósofo americano Alan Gewirth. De acordo com esta linha de raciocínio, o critério para o acesso à protecção que os direitos humanos oferecem assenta apenas em ser-se um agente – um ser com intenções que se preocupa com os seus objectivos e que os quer atingir. Todos os seres com intenções caracterizam-se pela capacidade de desfrutar da liberdade e do bem-estar (e da vida, que é a pré-condição para estes dois bens), quer directamente, quer como pré-requisitos para a acção; e, para todos estes seres, o valor intrínseco do seu desfrute é o mesmo.
Para escolher um critério em vez da intencionalidade, qualquer outra característica – seja a racionalidade ou qualquer outra entre as capacidades cognitivas tradicionalmente vistas como “superiores” – seria arbitrária, uma vez que excluiria da consideração interesses que são relevantemente semelhantes até ao ponto em que são igualmente vitais para os seus portadores.
Uma vez apresentada, esta resposta – que tem, entre outros aspectos, o efeito importante de barrar o caminho a desacreditadas perspectivas perfeccionistas do mundo - parece óbvia. E, ainda assim, envolve uma consequência que não é igualmente óbvia: com base na própria doutrina que os estabelece, os direitos humanos não são apenas humanos. A aceitação implícita da ideia de que a pertença a uma determinada espécie não é moralmente relevante não só elimina da teoria qualquer referência estrutural à posse de um genótipo Homo Sapiens, mas a obrigação de garantir direitos fundamentais iguais a todos os seres humanos, incluindo os não-racionais, implica que o critério para a atribuição de tais direitos deve situar-se num nível cognitivo acessível a uma grande quantidade de animais não-humanos.
O que poderá significar alargar a atribuição de direitos fundamentais para além das fronteiras da nossa espécie? A propósito disto, deve notar-se que duas características fundamentais definem a classe particular de direitos morais a que chamamos direitos humanos. Por um lado, apesar das tentativas para incorporar na doutrina alguns direitos positivos, ou direitos à assistência, os direitos humanos continuam a ser fundamentalmente direitos negativos, ou direitos à não-interferência. Por outro lado, desde que os direitos humanos se apresentaram como uma resposta às formas de violência e discriminação institucionalizadas que marcaram a primeira metade do século XX, o modelo, quer da sua implementação, quer da sua violação, é baseado na organização e na acção do estado.
Reconsideremos portanto a situação presente em face destes aspectos. Biliões de animais que preenchem o requisito da intencionalidade são feridos, aprisionados e mortos na prossecução de objectivos humanos. Mas a inflicção destes ferimentos, o aprisionamento e a morte destes animais são apenas o oposto da protecção da interferência institucional que a teoria dos direitos humanos procura garantir. Consequentemente, uma implementação justa desta teoria requereria mudanças legais que implicariam que os animais em causa passassem da condição de objectos para a condição de sujeitos de direito, bem como uma proibição geral das práticas de exploração que são tornadas possíveis pelo seu presente estatuto.
Assim, parece que, longe de estarem no fim de uma pirâmide moral no topo da qual nos mantemos com segurança, (a maioria) dos não-humanos põe-nos perante a força de uma exigência ética justificada. Por muito deslocada que possa parecer da nossa realidade do dia-a-dia, esta conclusão talvez não surpreenda aqueles de nós que vêem o progresso moral como a história da substituição das visões hierárquicas por princípios a favor da igualdade.
Paola Cavalieri
Editora do Jornal de Filosofia “Etica & Animali” e Co-Editora do The Great Ape Project: Equality beyond Humanity
Tradução de Miguel Moutinho, do original “Rethinking Animals”, retirado de “The Philosopher´s Magazine” Ethics Portal, em www.philosophers.co.uk/ethics.php.
Fonte - CEDA – Centro de Ética e Direito dos Animais
10 dezembro 2010
Tratamento ético aos animais
Você come carne ou ovos? Se sim, sabe qual a origem deste alimento? O animal que você estará saboreando no almoço teve uma vida o mais próximo do natural possível? Ou viveu apenas 6 meses, confinado, torturado, com uma lâmpada na cara que fica acesa por 6 horas seguidas, depois apagada 6 horas seguidas, simulando um dia e uma noite na metade do tempo, de modo a forçar o animal a pôr ovos na metade do tempo?
No mundo todo, principalmente em países com pouco espaço, há pecuária realizada por meio do confinamento. Os bois e vacas são mantidos em pequenos currais, onde não podem andar, correr, manter laços com outros de sua espécie, comer pastagens naturais. São forçados a comer a mesma ração no tempo arbitrariamente determinado. São tratados como máquinas. Imaginem uma vida assim. Pensem nos escravos. Um absurdo que isso tenha existido no Brasil, não? Pois então, a vida deles era melhor do que a vida a que são submetidos muitos animais. Mas, no caso do Brasil, isso praticamente não existe. O gado bovino é criado quase exclusivamente de forma extensiva, ou seja, os animais são soltos, comem pastagem. Por isso, quero me dedicar mais às aves, que, no caso do Brasil, são os animais que sofrem mais (e, numa escala de sofrimento, os porcos vêm em segundo lugar).
Certamente todos vocês já viram um caminhão levando galinhas, não? Todas aquelas gaiolinhas amontoadas, com tão pouco espaço que as aves não conseguem sequer abrir as asas. Alguns animais ficam na parte de baixo, no fundo. Imaginem respirar naquele canto onde nem a luz do dia alcança. Agora imaginem que aquilo É A VIDA daqueles animais. Elas sairão do caminhão e continuarão naquela mesma gaiola o resto de suas vidas, sem poder ciscar, passear, esticar as asas. Alguns produtores arrancam o bico das aves, afinal, elas são apenas máquinas, certo?, onde se coloca a ração em um lado, e se recolhe o ovo no outro. Como já mencionei, há lugares em que, para se obter mais ovos, e, sabendo-se que o ciclo de produção de ovos das galinhas é baseado em dia/noite, enfia-se uma lâmpada na cara das galinhas, para que o ciclo dia/noite ocorra na metade do tempo. Claro que há “pequenos” efeitos colaterais: uma galinha criada solta vive até 6 anos. Uma galinha nessas condições vive 6 meses. Mas tudo bem, não é? A carne dela também será aproveitada. Ou será vendida, ou será transformada em ração para outras galinhas.
Bem, há coisas muito, MUITO piores do que eu descrevi aqui (como pintinhos sendo jogados vivos em máquinas de moer), mas aí já estaria beirando o sensacionalismo, já que, no Brasil, essas coisas piores seriam exceções. A regra, entretanto, é aquilo que descrevi: confinamento.
Pessoal, isso não vai acabar enquanto não houver um sistema alternativo. As pessoas não deixarão de consumir ovos ou carne, pois essas torturas acontecem longe de nossas vistas da cidade grande. A solução é asfixiar financeiramente essas empresas não-éticas. Deixar de comprar de quem produz às custas de sofrimento alheio! E como fazer isso? Como, no supermercado, saber qual ovo veio de uma galinha torturada e qual veio de uma galinha que viveu (e talvez ainda viva, já que uma galinha vive bastante tempo) livre? Este é o objetivo deste e-mail.
Existem certificadoras, empresas que verificam se o processo de produção é feito respeitando o animal e seu bem-estar, e dão selos a empresas que atendem estes e outros requisitos.
Neste link você pode ver sobre a certificação. Neste, dá pra ver como saber, pelos rótulos, qual empresa utiliza um sistema de produção ético (dêem preferência para alimentos orgânicos certificados!). Aqui, você confere dicas para ajudar a acabar com o confinamento de animais.
Neste site, se você se interessar, você pode ver vários outros tipos de absurdos que são cometidos com os animais. E aqui, você tem acesso a várias certificadoras, e você pode ver como funciona esse processo, que é regulado pelo governo.
Gente, eu não estou falando pra paramos de comer feijoada, ovo, churrasco, etc, etc. Isso é muito bom, e se, para termos essas coisas a única opção for torturar os animais, eu estou certo que a tortura jamais acabaria. Estou apenas dizendo o seguinte: há opção! Dá pra continuarmos comendo essas coisas, mas oferecendo uma vida plena, sem torturas, a esses animais.
Só pensem sobre isso. Talvez um produto orgânico custe 2 reais a mais, já que, de fato, custa um pouco mais não tratar os animais como máquinas (mas esse valor tende a diminuir quanto mais houver produção deste tipo de alimento). Mas será que não vale a pena pagar 2 reais a mais sabendo que o animal do qual você se alimentará não foi torturado? Eu acho que vale.
07 outubro 2010
Aborto até o nono mês???
Aproveitando que só se fala nisso (por maus motivos), vou dar uma palavrinha também. Vocês já devem ter visto em algum lugar uma moção da igreja contra a lei que legaliza o aborto, nos seguintes termos: "diga não à lei que legaliza o aborto até o nono mês". Ora, que absurdo, claro que eu sou contra uma lei que legaliza aborto até o nono mês! Quem seria a favor disso? Imaginem, o bebê poderia nascer amanhã e seria saudável, e viveria fora do útero materno tranquilamente, e aí a mulher decide abortar? É um absurdo!
Ok, ok. Estranhei. Eu sei que existem leis no Brasil que são ridículas, e tal. Mas a lei que é ridícula não existe no vácuo. Ela tem contexto. E, normalmente, o contexto explica a existência dessa lei. Por exemplo, hoje em dia as pessoas tendem a achar absurdo criminalizar o adultério. Mas, em uma época em que a religião era muito mais forte, e a honra blablabla, fazia sentido que o adultério fosse considerado crime. Hoje não.
Então como pode existir e prosperar um projeto de lei que vai totalmente contra o espírito do tempo? Hm... Curioso. Bom, o que um cidadão faz nessa situação? Suspende o juízo? Fala sobre futebol? Repassa uma corrente na internet? Tá bom, são opções. Mas eu fui atrás desse projeto de lei. E sabem o que eu descobri? Vejam só, a lei libera o aborto em:
1 - qualquer situação, até 3 meses de gestação (sou favorável)
2 - em caso de estupro, até 4,5 meses de gestação (sou contra)
3 - em caso de risco de vida à mãe
4 - em caso de doença grave
Achei até bem razoável. Mas espera aí. Onde está a liberação até o nono mês de gravidez? Você, leitor mais inteligente, já percebeu qual é a jogada. A lei é clara em relação ao tempo de gravidez (3 meses, 4 meses e meio) para gestações normais, mas não especifica tempo em casos de risco de vida, ou seja, em gestações especiais. Mas espera aí. JÁ É ASSIM HOJE! Aliás, em caso de estupro, esta lei é até mais restritiva, já que hoje não há um tempo máximo para este caso. A única mudança que a lei implementaria seria o aborto liberado em qualquer situação até os 3 meses. Ou seja, a lei NÃO é contrária ao sentimento social. E não estou dizendo que a sociedade seja favorável ao aborto, pq acho que não é, mas admite o debate nestes termos (aborto até 3 meses), sendo que jamais admitiria sequer o debate de um aborto de gestação normal até o nono mês.
Perceberam como é fácil, sem mentir (apenas omitindo), colocar a população contra uma coisa que esta população não conhece? Que vergonha, hein, igreja!! Que vergonha!!!
Ps.: sobre a Dilma, nem acho que o problema seja ela ser favorável ao aborto. Ora, cada um tem sua opinião, e se sua opinião, como a minha, for contra o pensamento da maioria das pessoas, vc que aceite pagar o preço, ué! O que não pode é ser favorável a uma coisa polêmica, contrária ao pensamento da maioria, e aí, na boca da urna, mudar de idéia! Aí não, né!
Ok, ok. Estranhei. Eu sei que existem leis no Brasil que são ridículas, e tal. Mas a lei que é ridícula não existe no vácuo. Ela tem contexto. E, normalmente, o contexto explica a existência dessa lei. Por exemplo, hoje em dia as pessoas tendem a achar absurdo criminalizar o adultério. Mas, em uma época em que a religião era muito mais forte, e a honra blablabla, fazia sentido que o adultério fosse considerado crime. Hoje não.
Então como pode existir e prosperar um projeto de lei que vai totalmente contra o espírito do tempo? Hm... Curioso. Bom, o que um cidadão faz nessa situação? Suspende o juízo? Fala sobre futebol? Repassa uma corrente na internet? Tá bom, são opções. Mas eu fui atrás desse projeto de lei. E sabem o que eu descobri? Vejam só, a lei libera o aborto em:
1 - qualquer situação, até 3 meses de gestação (sou favorável)
2 - em caso de estupro, até 4,5 meses de gestação (sou contra)
3 - em caso de risco de vida à mãe
4 - em caso de doença grave
Achei até bem razoável. Mas espera aí. Onde está a liberação até o nono mês de gravidez? Você, leitor mais inteligente, já percebeu qual é a jogada. A lei é clara em relação ao tempo de gravidez (3 meses, 4 meses e meio) para gestações normais, mas não especifica tempo em casos de risco de vida, ou seja, em gestações especiais. Mas espera aí. JÁ É ASSIM HOJE! Aliás, em caso de estupro, esta lei é até mais restritiva, já que hoje não há um tempo máximo para este caso. A única mudança que a lei implementaria seria o aborto liberado em qualquer situação até os 3 meses. Ou seja, a lei NÃO é contrária ao sentimento social. E não estou dizendo que a sociedade seja favorável ao aborto, pq acho que não é, mas admite o debate nestes termos (aborto até 3 meses), sendo que jamais admitiria sequer o debate de um aborto de gestação normal até o nono mês.
Perceberam como é fácil, sem mentir (apenas omitindo), colocar a população contra uma coisa que esta população não conhece? Que vergonha, hein, igreja!! Que vergonha!!!
Ps.: sobre a Dilma, nem acho que o problema seja ela ser favorável ao aborto. Ora, cada um tem sua opinião, e se sua opinião, como a minha, for contra o pensamento da maioria das pessoas, vc que aceite pagar o preço, ué! O que não pode é ser favorável a uma coisa polêmica, contrária ao pensamento da maioria, e aí, na boca da urna, mudar de idéia! Aí não, né!
30 setembro 2010
Urubuzando a Bienal
Rolou um debate sobre o uso de animais na arte, e eu fiquei assistindo quietinho, pois ainda não havia formado uma opinião a respeito. O debate deu-se a partir de um texto que uma ONG publicou sobre os urubus usados na Bienal. Segundo o texto, os urubus iriam ficar ouvindo música alta, iriam ficar expostos à luz, iriam sofrer isso e aquilo. Argumento vai, argumento vem, e agora eu tenho uma opinião! Não é lindo? Segue:
Eu fiquei, durante esses dias, lendo os textos de todos, e lendo também o que saía na internet sobre o assunto, e acho que agora já tenho uma opinião sobre o assunto. Mas, antes de mais nada, queria fazer uma correção: diferentemente do que estava no texto do abaixo-assinado, os 50 alto-falantes não tocam música nenhuma. O silêncio deles é parte da obra.
Vamos lá. A princípio, não vi problemas em se usar um animal na obra. Era de se supor que eles seriam bem tratados, e também que não seriam bichos selvagens que foram confinados exclusivamente para a exposição, até pq, se fosse o caso, aí a discussão nem seria sobre arte; seria sobre polícia, e acredito que os organizadores da Bienal não estão interessados em aparecer nas páginas policiais.
Mas, intuitivamente, alguma coisa estava errada, e foi nisso que fiquei pensando durante esses dias. E aqui segue o que eu pensei.
O texto postado neste grupo iniciou uma discussão sobre o TRATAMENTO (foco nesta palavra) dos animais na exposição. Aliás, o próprio texto foca esse aspecto, quando diz que é um absurdo não a exposição em si, mas as condições a que os animais estariam submetidos (os alto-falantes que estariam tocando música alta, o estresse de ficar o dia inteiro sob forte iluminação e sob os olhares e barulhos dos visitantes, etc), de forma que, aparentemente, o texto não condenaria a exposição dos urubus se eles estivessem sendo bem tratados, e foi isso que levou o grupo a discutir as vantagens biológicas do urubu ser dominado pelo homem (e poder ser exposto) versus as dificuldades que ele passaria na natureza, etc.
Na minha opinião, portanto, a discussão estava equivocada. Acho que ninguém discorda quanto a ser imperativo que animais domésticos ou domesticados sejam bem tratados. Além disso, a discussão quase partiu para 'aquilo é arte?', mas, ainda assim, acho que não se discutiu a essência do que estava acontecendo: 'é justo/lícito/correto/ÉTICO que se use animais vivos em uma obra artística?'.
Reitero um ponto, para que fique bem claro: estou 'descartando' a discussão sobre o tratamento dos animais pq acho que isso é um ponto de convergência. O bom tratamento dos animais é premissa, não está aberto a questionamentos, e o texto inicial, com toda a intenção de se mostrar contra o uso dos animais, acabou apelando para a mistificação de que os animais estariam sofrendo, provavelmente com a intenção de sensibilizar ainda mais o leitor, mas isso fez com que se escapasse a discussão principal, que é essa que estou propondo agora (e que propus a mim mesmo enquanto pensava sobre tudo o que vocês escreveram): 'é correto que se use animais vivos, ainda que bem tratados, na arte?'.
Para balizar minha opinião, utilizei a igual consideração de interesses, tema do Peter Singer. Questionei-me:
- Ser exposto numa obra de arte trará de forma objetiva e incontestável algum benefício para o animal?
Evidentemente a resposta é 'não', já que ele seria (deveria ser) bem tratado de qualquer forma. Pior ainda se estivermos falando de um animal selvagem, capturado apenas em nome da arte.
- Ter o animal exposto numa obra de arte trará de forma objetiva e incontestável algum benefício para os homens?
A resposta também é 'não', já que qualquer tipo determinado de arte é sempre contingente, nunca necessário (o que não significa que a arte em si não seja necessária; mas existem infinitos tipos de arte, e aquela específica que usa os urubus não é necessária).
Reparem que estas questões, se aplicadas ao uso de cobaias, ou ao uso de animais na alimentação, trarão respostas diferentes, já que há sim benefícios claros e inequívocos aos homens na criação de vacinas e medicamentos, e a alimentação nem precisa ser argumentada, certo?
Bem, por esses motivos acho que o uso de animais como 'obras de arte' deveria ser proibido. Aliás, acredito que os animais possuem o mesmo grau de inimputabilidade de uma criança, o que nos leva, no mínimo, a pensar se o tratamento dispensado a ambos não deveria ser o mesmo. Imaginem uma criança que mora na rua, que é espancada pelos pais, sendo exposta numa obra de arte (atenção: ela não estaria sendo exposta POR CAUSA dos maus tratos que sofre, mas seria um complemento da obra, seria parte da obra, e não A obra), e, questionado, o artista diria que ela está sendo muito bem tratada, recebe 3 refeições por dia, cuida da higiene, e está muito melhor na exposição do que estava antes, na rua ou apanhando dos pais.
Ah, já admito logo: sou especista, o que não significa que acho que podemos maltratar os animais à vontade. Há formas de utilizá-los para o bem da humanidade sem fazê-los sofrer, ou ao menos evitando ao máximo qualquer sofrimento desnecessário.
E, pra finalizar, minha opinião sobre aquela obra de arte específica: acho uma idiotice usar os urubus. Acho que ficaria mais significativo se, com os 50 alto-falantes mudos, o artista formasse a imagem de um urubu, por exemplo.
08 julho 2010
Os Dissidentes Cubanos
Ah, Cuba libertou 52 presos políticos? Que bom... Quantos ainda faltam?
Mas o mais engraçado é ver gente que até ontem dizia que Cuba os prendeu por serem agentes americanos, traidores, etc, e hoje diz que a libertação é uma demonstração de como Cuba é democrática...
Pera aí, mas se eles eram traidores, agentes infiltrados, então eles deveriam continuar presos, ora! Se foram soltos, é porque não eram traidores, nem agentes coisa nenhuma: eram presos políticos mesmo. Cometeram crimidéia.
Ai, ai, nem o governo de Cuba está colaborando com esses esquerdistas que defendem Cuba. Os coitados precisam ficar "mudando os fatos" a cada dia...
Mas o mais engraçado é ver gente que até ontem dizia que Cuba os prendeu por serem agentes americanos, traidores, etc, e hoje diz que a libertação é uma demonstração de como Cuba é democrática...
Pera aí, mas se eles eram traidores, agentes infiltrados, então eles deveriam continuar presos, ora! Se foram soltos, é porque não eram traidores, nem agentes coisa nenhuma: eram presos políticos mesmo. Cometeram crimidéia.
Ai, ai, nem o governo de Cuba está colaborando com esses esquerdistas que defendem Cuba. Os coitados precisam ficar "mudando os fatos" a cada dia...
19 março 2010
É pra rir de quem?
Vejam a imagem abaixo:
Essa imagem é a quinta neste post do Kibeloco:
http://kibeloco.com.br/kibeloco/2010/03/18/pracas-do-braziu-partes-246-a-255/
Daí vem o título deste post. É pra rir de quem? Na certa, um ignorante metido a engraçadinho viu e pensou que o cara que escreveu era um pobre... ignorante. Ocorre que brava é uma espécie de mandioca, e, de fato, ela é venenosa. Aquela placa pode ter salvo a vida de algumas pessoas mais humildes, que pensam duas vezes antes de rir de alguma coisa.
Por isso que, antes de corrigir alguém, é muito bom pensar 10 vezes. Será mesmo que a pessoa está errada?
Essa imagem é a quinta neste post do Kibeloco:
http://kibeloco.com.br/kibeloco/2010/03/18/pracas-do-braziu-partes-246-a-255/
Daí vem o título deste post. É pra rir de quem? Na certa, um ignorante metido a engraçadinho viu e pensou que o cara que escreveu era um pobre... ignorante. Ocorre que brava é uma espécie de mandioca, e, de fato, ela é venenosa. Aquela placa pode ter salvo a vida de algumas pessoas mais humildes, que pensam duas vezes antes de rir de alguma coisa.
Por isso que, antes de corrigir alguém, é muito bom pensar 10 vezes. Será mesmo que a pessoa está errada?
10 fevereiro 2010
O ateu e o suicídio
Deve ser muito legal ser um espírita, ou um hindu, ou um budista, ou de qualquer religião que acredita em reencarnação. Um mundo assim seria bem melhor.
Veja o caso de quem é cristão: se a vida dele é uma merda, ele não pode se matar, senão, depois de sabe-se lá quanto tempo até o cristo retornar, ele (o cristão) vai pro inferno. Muçulmano ainda pode ganhar 72 virgens, mas pra isso ele tem que se matar levando um monte de gente, então também não deve ser legal, acho.
Judeu eu não sei, mas se matar deve ser ruim também, pq eu lembro que no cerco de Massada, fizeram um esquema em que sortearam quem mataria quem até sobrar o último, que se matou, e isso tudo para que somente um sofresse as consequências do suicídio.
O espírita tecnicamente pode se matar sem problemas. Ele vai voltar numa escala mais baixa da evolução espiritual, é verdade, mas vai ter chance de refazer o caminho. Suicídio pra um espírita (logicamente falando, claro), é como desligar a máquina e colocar uma ficha de novo: você volta lááá atrás, mas volta.
Já o ateu, coitado, pior de todos! Pra esse, como não há perspectiva nem de um céu, nem de uma reencarnação, se matar é uma bobagem! Todas as fichas dele estão apostadas nessa única vida. E nem sentido ela tem! Mas se ele se matar, não vai ganhar NADA. Não vale a pena para o ateu se matar, simplesmente isso.
O cristão, mesmo indo para o inferno, pode fazer isso como um martírio. Como há uma vida após a morte, ainda pode haver alguma chance de deus ter alguma piedade dele e tirá-lo do inferno. Ou mesmo antes de ir para o inferno, durante o julgamento, deus pode concordar que deu uma vida de merda pro cidadão e fazer vista grossa pro suicídio dele. Isso deve valer também pros muçulmanos e pros judeus. O deus dos três é o mesmo, né...
Mas o ateu não tem chance. A vida dele está exclusivamente na carne, no físico (a dos religiosos também, visto que tudo que se encontra nos céus das religiões é prazer carnal: leite e mel, virgens para deflorar, sei lá, plástico-bolha?, mas isso é outra história).
Resumindo: quando o ateu tá na merda, vale mais a pena aproveitar a merda... ele não terá nem merda depois pra aproveitar.
Veja o caso de quem é cristão: se a vida dele é uma merda, ele não pode se matar, senão, depois de sabe-se lá quanto tempo até o cristo retornar, ele (o cristão) vai pro inferno. Muçulmano ainda pode ganhar 72 virgens, mas pra isso ele tem que se matar levando um monte de gente, então também não deve ser legal, acho.
Judeu eu não sei, mas se matar deve ser ruim também, pq eu lembro que no cerco de Massada, fizeram um esquema em que sortearam quem mataria quem até sobrar o último, que se matou, e isso tudo para que somente um sofresse as consequências do suicídio.
O espírita tecnicamente pode se matar sem problemas. Ele vai voltar numa escala mais baixa da evolução espiritual, é verdade, mas vai ter chance de refazer o caminho. Suicídio pra um espírita (logicamente falando, claro), é como desligar a máquina e colocar uma ficha de novo: você volta lááá atrás, mas volta.
Já o ateu, coitado, pior de todos! Pra esse, como não há perspectiva nem de um céu, nem de uma reencarnação, se matar é uma bobagem! Todas as fichas dele estão apostadas nessa única vida. E nem sentido ela tem! Mas se ele se matar, não vai ganhar NADA. Não vale a pena para o ateu se matar, simplesmente isso.
O cristão, mesmo indo para o inferno, pode fazer isso como um martírio. Como há uma vida após a morte, ainda pode haver alguma chance de deus ter alguma piedade dele e tirá-lo do inferno. Ou mesmo antes de ir para o inferno, durante o julgamento, deus pode concordar que deu uma vida de merda pro cidadão e fazer vista grossa pro suicídio dele. Isso deve valer também pros muçulmanos e pros judeus. O deus dos três é o mesmo, né...
Mas o ateu não tem chance. A vida dele está exclusivamente na carne, no físico (a dos religiosos também, visto que tudo que se encontra nos céus das religiões é prazer carnal: leite e mel, virgens para deflorar, sei lá, plástico-bolha?, mas isso é outra história).
Resumindo: quando o ateu tá na merda, vale mais a pena aproveitar a merda... ele não terá nem merda depois pra aproveitar.
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10 dezembro 2009
Votação quântica
Leiam isso:
"Na noite de ontem, o Parlamento unicameral hondurenho decidiu, por 111 votos contra 14, confirmar a decisão que tirou o presidente do cargo em 28 de junho, negando a possibilidade de que Zelaya retornasse para concluir seu mandato até 27 de janeiro.
"Com isso, o Congresso foi contra o cumprimento de um dos pontos principais do Acordo Tegucigalpa-San José, defendido pelos Estados Unidos e pela União Europeia como um caminho para sair da crise.
"O documento, assinado em 30 de outubro pelo governo de fato e representantes do presidente deposto, previa a restituição de Zelaya, por meio de votação no Parlamento, além da formação de um governo de unidade nacional e o estabelecimento de uma comissão de acompanhamento e investigação."
Pra quem não acompanha, ou acompanha pelo que falam por aí, é o seguinte: o tal documento não previa a RESTITUIÇÃO de Zelaya, e sim que seria o Congresso a decidir sobre isso. Quem quis isso, inclusive, foi Zelaya. Micheletti queria que fosse a Suprema Corte a decidir.
Ou seja, é mentira que a restituição estava no documento. Aliás, nem é preciso ser muito informado pra perceber isso, né? Só um pouco de lógica já demonstra a mentira. Vejam o que o próprio texto diz: "O documento (...) previa a restituição de Zelaya, por meio de votação no Parlamento". Como assim? Então a votação seria só de mentirinha? Seria uma votação com resultado já conhecido antes mesmo da votação? Seria uma espécie de votação quântica? Será que cada deputado recebeu um papelzinho dizendo em que ele deveria votar? será que a votação teria que ser pró-Zelaya por unanimidade, ou seria feito um sorteio para decidir quem vota em quê?
Que beleza de (certa) imprensa, hein... Que tal o slogan: "Informando a qualquer custo, mesmo contra toda a lógica"? Não vejo a hora de noticiarem a revisão da lei da gravidade...
"Na noite de ontem, o Parlamento unicameral hondurenho decidiu, por 111 votos contra 14, confirmar a decisão que tirou o presidente do cargo em 28 de junho, negando a possibilidade de que Zelaya retornasse para concluir seu mandato até 27 de janeiro.
"Com isso, o Congresso foi contra o cumprimento de um dos pontos principais do Acordo Tegucigalpa-San José, defendido pelos Estados Unidos e pela União Europeia como um caminho para sair da crise.
"O documento, assinado em 30 de outubro pelo governo de fato e representantes do presidente deposto, previa a restituição de Zelaya, por meio de votação no Parlamento, além da formação de um governo de unidade nacional e o estabelecimento de uma comissão de acompanhamento e investigação."
Pra quem não acompanha, ou acompanha pelo que falam por aí, é o seguinte: o tal documento não previa a RESTITUIÇÃO de Zelaya, e sim que seria o Congresso a decidir sobre isso. Quem quis isso, inclusive, foi Zelaya. Micheletti queria que fosse a Suprema Corte a decidir.
Ou seja, é mentira que a restituição estava no documento. Aliás, nem é preciso ser muito informado pra perceber isso, né? Só um pouco de lógica já demonstra a mentira. Vejam o que o próprio texto diz: "O documento (...) previa a restituição de Zelaya, por meio de votação no Parlamento". Como assim? Então a votação seria só de mentirinha? Seria uma votação com resultado já conhecido antes mesmo da votação? Seria uma espécie de votação quântica? Será que cada deputado recebeu um papelzinho dizendo em que ele deveria votar? será que a votação teria que ser pró-Zelaya por unanimidade, ou seria feito um sorteio para decidir quem vota em quê?
Que beleza de (certa) imprensa, hein... Que tal o slogan: "Informando a qualquer custo, mesmo contra toda a lógica"? Não vejo a hora de noticiarem a revisão da lei da gravidade...
03 dezembro 2009
A Igreja Católica é f...
Mais uma vez, lá vou eu, um arauto do ateísmo, defender a Igreja Católica... Vejam que beleza:
"Para toda consciência, torna-se necessária uma escolha: a quem quero seguir? A Deus, ou ao maligno? A verdade ou a mentira? Escolher Cristo não garante o êxito segundo os critérios do mundo, mas assegura a paz e a felicidade que só ele pode dar".
Quem falou isso foi o Papa Bento XVI. Reparem nessa parte: "Escolher Cristo não garante o êxito segundo os critérios do mundo". Claramente, ele fala sobre riqueza, sobre bens materiais, etc. Alguém aí imagina aquele pastor (que tá cada vez mais informal) do Fala que eu te Escuto, ou o próprio Edir "Avatar" Macedo, ou algum pastor evangélico falando algo do tipo?
Nããão. Aliás, é até comum ouvir nesses programas evangélicos coisas assim:
"Para toda consciência, torna-se necessária uma escolha: a quem quero seguir? A Deus, ou ao maligno? A verdade ou a mentira? Escolher Cristo garante o êxito, garante o sucesso, garante uma família linda e maravilhosa, garante que sua empresa crescerá, que seu salário aumentará, que seus rendimentos lucrarão muito... E o caminho para Cristo é o não sei o que lá dos 318 pastores. E o dízimo é o pedágio."
Algo assim...
"Para toda consciência, torna-se necessária uma escolha: a quem quero seguir? A Deus, ou ao maligno? A verdade ou a mentira? Escolher Cristo não garante o êxito segundo os critérios do mundo, mas assegura a paz e a felicidade que só ele pode dar".
Quem falou isso foi o Papa Bento XVI. Reparem nessa parte: "Escolher Cristo não garante o êxito segundo os critérios do mundo". Claramente, ele fala sobre riqueza, sobre bens materiais, etc. Alguém aí imagina aquele pastor (que tá cada vez mais informal) do Fala que eu te Escuto, ou o próprio Edir "Avatar" Macedo, ou algum pastor evangélico falando algo do tipo?
Nããão. Aliás, é até comum ouvir nesses programas evangélicos coisas assim:
"Para toda consciência, torna-se necessária uma escolha: a quem quero seguir? A Deus, ou ao maligno? A verdade ou a mentira? Escolher Cristo garante o êxito, garante o sucesso, garante uma família linda e maravilhosa, garante que sua empresa crescerá, que seu salário aumentará, que seus rendimentos lucrarão muito... E o caminho para Cristo é o não sei o que lá dos 318 pastores. E o dízimo é o pedágio."
Algo assim...
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